sábado, 29 de dezembro de 2012

Activos com valor sentimental

"A imprensa madridista não se cansa de alertar a 'afición' merengue para a probabilidade de Iker Casillas abandonar o Santiago Bernabéu. Como se não bastasse a tensão entre Mourinho e Casillas, veio agora a 'Marca' jurar a pés juntos que há mais de dois meses que Casillas não troca uma palavra com Silvino, o treinador dos guarda-redes.
Para o ex-director-desportivo argentino Jorge Valdano, que Mourinho não demorou a despachar quando chegou ao Madrid, o caso Casillas é fácil de explicar: o treinador português limitou-se a produzir, em benefício próprio, uma “exibição de poder com peso profundo” quando sentou Casillas no banco em Málaga. Com tantas achas na mesma fogueira, resta apenas adivinhar se o presidente do Real Madrid vai esperar pelo fim da temporada para substituir o treinador ou se, num assomo de mau humor, nem vai dar a José Mourinho a possibilidade de ganhar a Liga dos Campeões.
E como Mourinho, certamente, adoraria atirar o troféu de sonho à cara da multidão de detractores que não lhe dão descanso desde que o Barcelona começou a dilatar de modo absurdo a vantagem no topo da Liga espanhola.
Confiemos em que Mourinho sabia o que estava a fazer quando se resolveu meter com Casillas, um jogador-referência nascido e criado no clube e com uma ligação muito especial com os adeptos como acontece, por todo o mundo, com jogadores que são referências dos seus clubes.
No Sporting, por exemplo, Daniel Carriço é um desses casos. Trata-se de um produto da formação do clube que chega ao final do seu contrato no próximo Verão podendo considerar-se um jogador livre para assinar por quem quiser por incúria dos dirigentes do Sporting que não souberam acautelar os interesses do clube em tempo próprio.
Na sua edição de quinta-feira, o 'JN' dava conta do interesse do Benfica em Carriço a custo zero e, naturalmente, a notícia indispôs os adeptos do Sporting que não gostam da ideia de ver o rival levar-lhes um 'activo' de valor sentimental. Francamente, penso que não há lugar para preocupações, amigos sportinguistas. Carriço, tal como Centurión e Fariña também dados como certos no Benfica, ainda nos vão proporcionar grandes surpresas. Ou pequenas, como preferirem.

ERRAR É HUMANO
A mensagem subliminar da fruta
A agência de comunicação que trabalhava com Godinho Lopes pôs-se a milhas em prol, provavelmente, do seu bom nome profissional. É compreensível que a Cunha Vaz & Associados não se queira ver associada à imagem do presidente do Sporting em genicoso “toureiro pronto para todas as faenas” ou quando se faz fotografar como Jesus Cristo em cena pascal rodeado de apóstolos atléticos e vigorosos. 
Depreende-se que a agência de comunicação que trabalhava com o Sporting foi alheia aos últimos desvarios presidenciais. Não terá sido Cunha Vaz a inspirar Godinho Lopes no seu afã tauromáquico nem terá sido Cunha Vez o inimputável Leonardo da Vinci da “Última Ceia” com que o jornal do clube fez manchete na sua edição do Natal. Antes que os sintomas em roda-livre se agravem, a agência de comunicação desertou e ninguém lhe poderá levar a mal, conclui-se.
Ficaram, no entanto, duas questões prementes no ar: quem será a bestial luminária que consegue sentar o presidente com os apóstolos sem que ninguém de senso lhe ponha um travão? A segunda questão é esta: como é possível que a APAF, sem pronta a defender os árbitros, não se tenha insurgido contra os inenarráveis arranjos com fruta em cima da mesa pascal? Ninguém leva a sério 'este' Sporting, conclui-se também.

POSITIVO & NEGATIVO
+ Aimar de volta - O n.º 10 do Benfica está recuperado e, se não houver recaídas, poderá ser o grande reforço de Inverno para a equipa de Jorge Jesus. Pablo Aimar esteve de baixa prolongada. Regressará em alta?
+ David em cheio - David Luiz vai-se afirmando como uma referência do Chelsea. Na goleada frente ao Aston Villa, o ex-benfiquista até jogou a médio e marcou um golo espectacular na transformação de um livre directo.
- Meireles culpado - Demoraram mas apareceram as imagens de Raul Meireles cuspindo na cara do árbitro no clássico Galatasaray-Fenerbahçe. E muito tem de agradecer o internacional português a benevolência da justiça turca.

PÉROLA
“Espero que o campeão seja o FC Porto.” Marcos Rojo, jogador do Sporting
Nas redes sociais, o argentino Rojo ganhou o prémio de jogador mais completo de 2012 a actuar em Portugal. Foi-lhe atribuído por unanimidade não fosse ele o primeiro futebolista a atingir um estatuto único: joga no Sporting, marca golos (na própria baliza) pelo Benfica e torce pelo FC Porto. É obra."

A história triunfal do "Hércules do Cartaxo"


"Nicolau e Trindade, Trindade e Nicolau, os nomes entraram a par na história do Desporto português: o Benfica-Sporting das estradas e dos caminhos. José Maria Nicolau foi a figura mais emblemática que passou pelos selins e rodas pedaleiras com uma camisola vermelha vestida.

Nicolau não é uma estampa de atleta. É uma Hércules tosco: muito forte mas sem recorte escultural. Não é um espadáudo: tem antes um tronco cilíndrico, um cilindro de enorme diâmetro... Talvez pelo hábito da máquina - nos instantes de absoluto desprendimento é um nada corcunda... Um quase nada: a consequência natural da curvatura sobre o guiador. Nota dominante: um olhar firme, sereno, forte... e franco. Fala com facilidade, naturalmente. O campeão do Cartaxo é uma companhia agradável, e um homem querido na sua terra: é o Nicolau p'rá'qui, é o Nicolau p'rá'colá...
Esta era a figura mais emblemática que passou pelos selins e pelas rodas pedaleiras com uma camisola vermelha vestida: José Maria Nicolau, o émulo eterno de Trindade, de quem Carlos Silveira, o velho repórter da insquecível Stadium, traçava o retracto que publicamos em epígrafe.
Nicolau e Trindade, Trindade e Nicolau, os nomes entraram a par na história do Desporto português, parece terem-se ternado indissociáveis num sprint de gémeos que os entreteve até ao fim das vidas.
Nicolau nasceu no Cartaxo, lá pelos idos de 1919, viria a morrer em 1969, a 26 de Agosto para sermos mais exactos. Tinha uma oficina perto de um lugar chamado Retiro das Curvas e, segundo as crónicas da época, uma alegre casinha tão modesta quanto ele, como cantaria a Milú no Costa do Castelo. Não acreditam, ora leiam: «O herói do Ciclismo nacional habita uma casinha pequena, de porta e janela, muito caiada, com uma sala de visitas que é um brinquedo - e um confidente: muito realçadas, numa exposição onde a mão envaidecida de esposa amiga dispôs em estética risonha, quase todas as Taças e 67 das medalhas ganhas (...)».
Uma carreira de vitórias que se iniciou num célebre Lisboa-Cartaxo disputado a 1 de Setembro de 1929. Chegou em 5.º, mas logo aí se viu que estava fadado para ser um grande. Numa equipa benfiquista na qual se distinguem nomes como Gil Moreira, Julião Pinheiro, António Barata, Carlos Domingos Leal, Manuel Dias Afonso e Artur Dias Mais, Nicolau destacava-se pelo enorme poder físico que exibia e que lhe garantiu a primeira grande vitória, precisamente na Volta a Portugal, que teria em 1931 a sua II Edição. A festa durou semanas. E os seus conterrâneos do Cartaxo foram buscá-lo a Setil levando-o em cortejo até à porta de casa, confirmado também como rapidamente se tornara um caso raríssimo de popularidade.

Casal de bácoros no quintalinho...
São os seus anos de ouro. Entre 1931 e 1934 vence tudo o que havia para ganhar nas provas velocipédicas portuguesas: o Porto-Vigo; o Porto-Lisboa; o Campeonato de Portugal; as 12 Voltas à Gafa; o Lisboa-Bombarral-Lisboa; o Campeonato de Fundo, encerrando com nova vitória na Volta a Portugal. 1935 marca o ano do seu declínio. Assolado por mazelas, que já o tinham impedido, no ano anterior, de participar no 'raid' Lisboa-Paris, desiste a meio da Volta e a marca dos anos deixava em si o seu vinco impiedoso  O Hércules perdia a força.
Homem de vida tranquila, registavam-se-lhe os hábitos serenos. Assim como os descrevia Carlos Silveira: «Às 7.00 horas levanta-se. Toma café com muito leite e vai trabalhar até ao meio-dia. Almoça geralmente uma fornida bacalhoada com batatas e volta à lide até às 19.00 horas... Às 23.00 horas, pouco mais, pouco menos, está deitado. Na época dos treinos, dia sem dia não, faz os seus 50 quilómetros. (...) Gosta de vir a Lisboa. Chega a fazer o trajecto de ida e volta no mesmo dia... e sempre de bicicleta. Nicolau é homem caseiro. Não é modesto a fingir: mas gosta do seu quintalinho, onde há pombos brancos, coelhos, um casal bácoros... e alecrim. Há dias comprou uma motocicleta, lançando o pânico entre os seus adeptos. 'Ciclista de moto é homem ao mar'. Afinal vendeu-a logo. E estejam os admiradores sossegados: não pretende comprar outra».
Corriam desse modo os dias de glória de José Maria Nicolau. Que nunca realizou, no entanto, o sonho da Volta a França. Onde encontraria o seu ídolo, o francês Leduc, e as grandes estrelas de então, Falk Hansen, Scherens, Guerra, Pelissier... Sem sonho mas com lembrança. Que aqui fica. Mais uma..."

Afonso de Melo, in O Benfica

Injusto


Benfica B 0 - 1 Freamunde

Jogo de sentido único: Benfica a atacar, e o adversário - fraco, mas com a corda na garganta... - com um aproveitamento de praticamente 100% !!! Mesmo sem jogar bem o Benfica não merecia ser derrotado. Jogou-se melhor na 1.ª parte, do que na 2.ª. Continua a notar-se as ausências de alguns jogadores, desta vez reforçada com alguns jogadores nas suas Selecções, e outros convocados para a equipa A...