segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Difícil (como eu esperava), mas muito justo


Sporting 1 - 3 Benfica

Não entrei na onda do excesso de confiança nas vésperas deste jogo, todos nós sabemos que toda a carga negativa que o Sporting carrega neste momento, não iria importar no desenrolar do jogo, e até podia servir para picar os Lagartos, e adormecer os nossos jogadores...
As derrotas do Sporting com equipas 'fracas', onde o Sporting é obrigado a assumir as despesas dos jogos, são completamente diferentes deste jogos, onde o favorito era claramente o Benfica, e o Sporting mesmo jogando em casa, ia jogar no contra-ataque... Foi assim que o Sporting venceu o Braga (com a ajuda do Proença como é óbvio!!!)...
O Benfica até entrou melhor, o Sporting marcou num lance fortuito, o Benfica continuou a desaproveitar muitas oportunidades (demasiadas), até que o Cardozo encontrou o segredo para furar as redes... nesse momento (no golo do empate) fiquei seguro que o Benfica iria vencer!!!
Hoje não vou fazer grandes analises individuais, mas tenho que destacar mais um grande jogo do Jardel, e mais uma boa partida, sem comprometer do André Gomes, que mesmo não contando com o Witsel (que era para estar no plantel neste momento...), é a 4ª opção para a posição, depois do Pablo, do Carlos e do Enzo...!!! Finalmente o Nico entrou bem num jogo, mas sendo um pouquinho cínico (mauzinho!!!), tenho que dizer: '... mas, contra estes, também eu!!!'
Continuamos na frente, mas todos os jogos são finais... no próximo sábado com o Marítimo, temos mais um jogo muito difícil, com jogadores rápidos na frente, que vão jogar no nosso erro... Admito que a minha ansiedade pré-jogo foi ainda mais elevada do que o habitual, num País normal, uma equipa que ambicione ser Campeã, só tem que ser melhor que os adversários, mas em Portugal não é assim. O Benfica neste momento deveria estar com 8 pontos de vantagem em relação aos Corruptos, mas nas contas que contam, estamos empatados!!! Esta coisa que ser obrigado a ganhar todos os jogos (e mesmo assim não sei!!!), para ser Campeão, não é bom para o coração!!!


PS1: Os meus Parabéns à Benfica TV pelo aniversário, e que rica prenda tivemos...
PS2: A minha solidariedade com as Casas do Benfica da Charneca da Caparica, e de Almada que foram vandalizadas na noite de ontem...

O Fergunson da Luz

"Já fui tão crítico de Jesus que nem Jesus me levará a mal que o elogie, sublinhando, apenas, o que há algum tempo aqui deixei escrito sem qualquer ironia: se eu fosse o presidente do Benfica renovaria o contrato de Jesus por dez anos. E depressa, não vá o Benfica querê-lo, um dia destes, e não o querer Jesus.
Não me lembro, francamente, quem o disse mas alguém disse recentemente (e se calhar nem foi de todo original) que Jesus poderia muito bem vir a ser o Alex Ferguson do Benfica.
Arriscando ter acertado ligeiramente ao lado, porque sinceramente não sei em qual das freguesias da Amadora nasceu Jesus, também um dia lhe chamei o Mourinho da Brandoa, com respeito e sem ofensa, porque apesar dos diferentes planos, Jesus mostrou há muito coisas de Mourinho - na forma de liderar a equipa, nalguma agressividade para o exterior, no estilo a trabalhar jogadores...
A primeira comparação com Alex Ferguson veio da pastilha elástica que o treinador do Benfica, à semelhança de Ferguson, costuma mastigar em pleno jogo.
E agora, quando alguém diz que Jesus poderia vir a tornar-se o Ferguson da Luz, não estará propriamente a comparar carreiras, estará obviamente a referir-se ao que me refiro: bem vistas as coisas, talvez não fosse má ideia o Benfica renovar o contrato de Jesus por dez anos!
Jesus põe ou não põe o Benfica a jogar à bola? Põe!
Jesus melhora ou não melhora as qualidades dos jogadores? Melhora!
Jesus transforma ou não um bom médio num óptimo defesa? Transforma!
Jesus tem ou não tem aprendido a ser treinador de um grande clube como o Benfica? Tem!
Jesus é ou não um treinador ambicioso? É!
Jesus conhece ou não conhece bem o futebol português? Conhece!
Jesus está ou não está cada vez mais identificado com a cultura da Luz? Está!
Jesus revela ou não uma tremenda paixão pelo futebol? Revela!
Jesus vive ou não vive intensamente para o trabalho? Vive!
Jesus luta ou não luta pelo espectáculo? Luta!
Jesus está ou não está na galeria dos treinadores positivos? Está!
Jesus faz ou não faz bem ao futebol? Faz!
Reafirmo: já fui tão crítico dos comportamentos de Jesus - longe de mim ser crítico das capacidades e qualidades técnico-tácticas do treinador do Benfica - que talvez surpreenda o próprio Jesus com esta opinião.
Jesus parece ter moderado (e de que maneira) uma certa arrogância; parece ter melhorado (e muito) a comunicação; parece ter ficado um pouco mais humilde; parece ter compreendido melhor a dimensão das coisas num clube tão grande como o Benfica, e sobretudo parece ter percebido como a ciência do futebol não faz do futebol uma ciência.
Jesus está mais aberto; mais tolerante; mais participativo; partilha mais e já evita muito mais aquele ar de quem tem a mania que sabe tudo. Já sabe melhor que mesmo sabendo não precisa de dar o ar que sabe.
Se é que entendem.
Apesar de tudo isso, Jesus não perde a identidade. Nem deve, como é evidente. E muito menos deve alguma vez sentir-se refém dos erros que possa ter cometido nos dois anos que levou de Benfica e nos quais pouco ganhou.
Deve Jesus continuar no Benfica por não se saber se depois de Jesus será o caos?
Não, claro que não!
Talvez haja quem defenda Jesus por receio da sucessão.
Não é o caso.
Jesus mastiga pastilha elástica mas isso não é um problema.
Gosta, à sua maneira, de cuidar da imagem e isso só lhe fica bem.
Terá uma franqueza nem sempre bem compreendida mas isso também Mourinho.
Os erros? Parece vir aprendendo pelo menos com alguns, isso é claro.
Este ano, e de repente, Jesus perdeu Javi Garcia, Witsel e, não lhe faltava mais nada, o imprudente Luisão. 
O futebol já nos mostrou como em muitas situações semelhantes, treinador e equipa são incapazes de resistir. Pois Jesus fez muito mais do que resistir.
Reequilibrou a equipa e deu-lhe substância. E mesmo sem núcleo duro motivou-a, devolveu-lhe a confiança e refez-lhe a voz de comando.
Melgarejo cresce; Lima integra-se; Matic surpreende; Enzo Perez revela-se; Salvio confirma-se; Jardel reage; André Almeida e André Gomes surgem e Ola John já brilha.
Se o mérito não é do treinador é de quem?
Nestes últimos tempos, no Benfica, é verdade que se foram perdendo alguns anéis, mas sempre foram ficando os dedos.
E os dedos, como sempre, são o mais importante!"
(...)"

João Bonzinho, in A Bola

Um dérbi como os outros

"Longe vão os tempos em que os Benficas-Sportingues e os Sportingues-Benficas se disputavam à luz do dia, alimentando (pelo menos) duas tardes de domingo por ano. Umas vezes com chuva, outra vezes com sol, alternância que também acontecia com os resultados (felizmente com mais sol do que chuva), e os correspondentes sorrisos ou esgares de tristeza com que enfrentávamos a manhã da segunda-feira seguinte.
Razões que escapavam à lógica do Desporto e do espectáculo, empurram hoje os grandes 'clássicos' do Campeonato português para dias de semana e horários absurdos. Não é assim em Inglaterra, Itália ou Alemanha (onde também há televisão, mas continua a jogar-se aos sábados e domingos à tarde). É assim por cá, o que se lamenta.
Porém, à excepção da calendarização obtusa, nada mudou na essência competitiva do grande dérbi lisboeta. De um lado o Sporting , do outro o Benfica. E, independentemente da conjuntura classificativa, sempre uma total incerteza quanto ao desfecho final.
Não ignoramos o momento por que passa o nosso eterno rival, mas não podemos deixar-nos enganar pelas aparências. Ninguém duvide que o Sporting, mesmo perdendo com Rio Aves, Videotons, Genks e Moreirenses, vai apresentar-se nesta segunda-feira com a alma fortalecida pela cor das camisolas que terá por diante. Afastado das provas europeias, da luta pelo título, e da Taça de Portugal, o objectivo dos 'leões' será (como sempre foi, mas desta vez em exclusividade) complicar a vida ao Benfica, retirando-o da liderança. Podemos, pois, estar certos, de antemão, que iremos assistir à melhor exibição da época sportinguista, e só um Benfica ao seu melhor nível será capaz de evitar um resultado menos positivo. Sabemos que somos mais fortes, mas teremos de o demonstrar em campo.
A história está cheia de resultados surpreendentes neste tipo de confrontos. Alguns bem dolorosos. Outros bastante saborosos. Com ambição, confiança, mas sobretudo, com concentração e garra, seremos capazes de evitar uma desagradável surpresa."

Luís Fialho, in O Benfica

"Transferências"...

"1. Não tivemos jogo no último fim-de-semana mas, claro, notícias sobre o Benfica não faltam. Aproximando-se o (incompreensível) período de transferências de Janeiro, não há dia em que não entrem ou saiam jogadores no Benfica e nos outros clubes. Já nem vale a pena ligar. Até já lemos que grandes clubes europeus estão 'interessados' em Wolfswinkel (fazendo lembrar o interesse, renovado ano a ano, do Real Madrid pelo antigo central Beto!...), como se alguém acreditasse. os empresários (não digo todos...) lá vão tentando valorizar os seus jogadores, inventando e divulgando esses interesses. Depois, há também aqueles que vêm para os jornais pressionar, como foi o caso, agora, do empresário do nosso Cardozo, cujo contracto termina dentro de ano e meio. Um excelente jogador, sem dúvida, mas que não é nenhum Messi ou Ronaldo. O seu empresário faria bem melhor se tentasse fazer um bom contracto para o seu jogador no gabinete, afinal o local onde esses assuntos se tratam, e não na praça pública...

2. Já o referi no último número. A nossa claque, No Name Boys, tem-se portado muito mal para com o Clube, obrigando-o a elevadas despesas com multas. Mas, repito, é justo referir-se que não tem estado em tristes episódios de violência. Ainda agora foram as claques do FC Porto e do SC Braga a envolver-se novamente em desordens, das quais até resultou (indirectamente) a morte de um adepto minhoto.

3. Muitos têm sido os comentários acerca do mau momento - desportivo e financeiro - do Sporting mas continuam a não ser referidos os nomes dos principais culpados. Segundo os jornais, o Sporting estará a gastar mais apenas em ordenados de jogadores do que tem de receitas. E terá agora que vender os seus jogadores mais caros. Mas quem foi que inflacionou o plantel? A (então) muito elogiada dupla, Luís Duque-Carlos Freitas, certamente com o beneplácio do presidente, Godinho Lopes. A mesma dupla que formou um plantel de luxo há uns anos (com João Pinto e outros pagos principescamente), foi campeã, mas lançou o Sporting numa crise financeira da qual não mais se livrou.

4. Realizou-se no passado sábado, na Catedral da Cerveja, mais um almoço anual de confraternização dos antigos atletas do Atletismo do Benfica. Foi já o 35.º, desde 1978 sem qualquer falha! Ano a ano, infelizmente, vão faltando alguns dos mais antigos. Mas, desta vez, falhou um atleta muito especial: Guilherme Espírito Santo."

Arons de Carvalho, in O Benfica

Desbravar a Europa

"Esta coisa de escrever antes da ultimação de um cartaz com a importância do Barcelona-Benfica é uma maldade, é uma crueldade. A nossa equipa ganhou? Empatou ou perdeu? Na altura em que este registo está a ser lido, o resultado já é conhecido. Foi melhor? Foi pior? Pior é mesmo abalançar-me a uma prosa, horas antes do embate, com aquela sensação de fervência incontida, própria de quem vibra com os afazeres competitivos do seu emblema de afeição.
À história pertence, pertencerá sempre (e de pouco importa, nesse particular, o desenlace de anteontem) aquele Benfica-Barcelona, ainda sem o contributo do genial Eusébio e do desconcertante Simões, que conduziu o nosso Clube ao primeiro triunfo na antiga versão da Liga dos Campeões. A Europa da redonda ficou estupefacta. Como era possível a turma catalã, com relevante dimensão internacional e dispondo do concurso de jogadores da estirpe de Kubala, Kocsis, Czibor, Evaristo ou Suarez, ter baqueado perante um conjunto quase anónimo de um tal Portugal não menos desconhecido e até obscuro por razões extrafutebol?
Onze bravos, mais a brava da fortuna, guindaram o Benfica, nesse 31 de Maio de 1961, à condição de campeão da Europa. Os horizontes europeus haviam sido abertos no melhor consulado técnico anterior por Otto Glória, mas foi o eterno Bélla Guttmann quem lhes deu substância imprevista, já que poucos ousavam, que não no domínio do sonho, assistir ao triunfo benfiquista na então Taça de Clubes Campeões Europeus, logo no dealbar da década de 60.
Pelo Velho Continente, nomes como Coluna, Águas, Germano, José Augusto ou Cavém passaram a ser citados amiúde. Hoje, os artistas são outros. Como ficou o Barcelona-Benfica, há horas atrás? Todos sabem. Eu, nesta altura, não sei. Mas sei, qualquer que tenha sido o desfecho, que um dia houve quem fizesse galopar a taxa de felicidade vermelha."

João Malheiro, in O Benfica