quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Auto-mutilação !!!


Barcelona 0 - 0 Benfica

O desperdício de oportunidades em catadupa tem sido uma das marcas do Benfica deste ano - mais do que o habitual!!! Hoje no Camp Nou, voltámos ao mesmo fado...
O Barça também podia ter marcado, mas o Benfica até podia ter goleado - acredito que se o Benfica tivesse marcado, o Messi tinha entrado mais cedo, e as coisas podiam mudar... -, também é óbvio que o Barça fez muitas poupanças, mas o Benfica também teve muitos jogadores indisponíveis por lesão - ou precaução para o derby!!!
Alguns Benfiquistas defendem que desportivamente a Liga Europa é mais aliciante. Pessoalmente discordo. Além do problema da quebra brutal nas receitas, desportivamente o principal objectivo do Benfica é o Campeonato. E a Euroliga é extremamente desgastante, o calendário é muito mais apertado, os jogos são às Quintas-feiras... resumindo, com a Taça da Liga e a Taça de Portugal, além da Euroliga, vamos ter que tomar decisões complicadas - rotação radical de jogadores -, além disso uma rápida análise às equipas da Euroliga e chegamos à conclusão, que desportivamente também não é assim tão fácil como pode parecer - a não ser que as outras equipas, também abdiquem da Liga Europa, concentrando-se nas competições internas...!!!

PS1: Eu sei que o foco da critica, além dos falhanços - escandalosos -, vai ser a opção do Barça por jogar com muitos miúdos da cantera. Mas curiosamente do lado do Benfica, também jogámos com uma equipa na sua maioria sub-23 !!! Mas tenho a certeza que isso não será realçado...

PS2: Depois de ver o penalty que deu a vitória ao Celtic a 8 minutos do final - e a consequente eliminação do Benfica da Champions -, depois de me recordar como o Benfica foi eliminado pelo Chelsea da Champions o ano passado, depois de me recordar do penalty escandaloso não assinaldo no Celtic Park sobre o Rodrigo, na mesma área onde o Samaras de atirou para a piscina, depois de me recordar da arbitragem vergonhosa no Benfica-Celtic... só tenho vontade de mandar os filhos-da-puta dos frutados internacionais à bardamerda: apitadeiros e dirigentes, todos!!!
B0-0B

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O 'derby'

"Hoje o Benfica sabe em Camp Nou se continua na Champions ou se vai para a Liga Europa. Na segunda-feira será a vez de jogar em Alvalade para o campeonato.
Dois encontros com magia. O primeiro perante a equipa que, no mundo, joga um futebol que está para além do futebol. O segundo com os seus inalienáveis atributos históricos de um confronto de rivalidade empolgante e onde a sua eterna imprevisibilidade é a única certeza.
Na passada temporada, o Sporting acabou com as então ténues esperanças de o Benfica poder ser campeão. Venceu justamente por 1-0, pese embora um escandaloso penalty não assinalado no primeiro minuto. No fim, os jogadores deram uma volta ao relvado agradecendo aos apoiantes nas bancadas e rejubilando com a vitória no campeonato... perdão, naquele jogo. Uma imagem que não esqueci pelo carácter tão efusivo quanto deprimente para um grande clube como é o Sporting.
Por vezes fala-se do perigo da belenensização do SCP. Ideia injusta. Para os leões porque, apesar das crises, o clube é uma sempre importante instituição de âmbito nacional. E, já agora, também para o Belenenses que não merece ser a abusiva bitola da desgraça.
O que me surpreende, porém, é haver sportinguistas com voz pública que se estão a habituar à suprema satisfação de, numa época, poderem vencer o Benfica, mesmo que tudo o resto seja miserável. Li, estupefacto, um deles dizer que «apenas um vitória no derby com o Benfica salvará a época»! Tal qual reage o jogador ou adeptos de um qualquer clube menor (mesmo sem juba) que vive obcecado com essa façanha curricular e festiva de, um dia, derrotar o clube da Luz."

Bagão Félix, in A Bola

Carta a Jesus

"Meu caro senhor Jorge Jesus:
Antes de lhe falar do que quero, vou contar-lhe o que aconteceu no fim. Da janela do hotel via cidade que parecia fantasma, tinha gente na rua sim, mas a arrastar-se, mortiça. Disfarcei-me de Bogart, com chapéu até ao nariz e casacão de colarinho levantado e saí. Passei a noite cervejando, abraçado aos vencidos, que choravam. Ninguém me reconheceu. Num balcão de Copacabana ouvi a rádio dizer que no estádio tinham morrido dez pessoas de ataque cardíaco e já havia outros tantos suicídios. Senti-me culpado. Não, não foi aí, foi em Montevideu, vendo que diretores ficaram com medalhas de ouro e a nós deram de cobre que tive aquele desabafo:
- Se jogasse de novo a final fazia golo contra! (Não seria capaz, foi revolta a uivar por mim, a uivar por isso e porque com o dinheiro do prémio consegui comprar só um Ford de 1931, dias depois roubaram-mo, nunca mais apareceu...)
Sim, sou o Obdúlio Varela, o Herói do Maracanazzo. Herói, falam, porque, nessa final do Mundial de 50, quando a avalanche nos caía em cima era eu que acalmava o jogo, levava a equipa aos ombros; pondo em todos nós dois corações e quatro pulmões. Por causa disso alguém escreveu que não tinha as chuteiras atadas com cardaços, tinha-as atadas com as minhas veias. E tinha. No estádio ardinas vendiam jornal com foto da equipa do Brasil e duas palavras apenas: Campeões do Mundo! - e, eu, comprando-o, avisei:
- É para pisarmos no diário e mijar nele (Mijei mesmo, nem todos pisaram...).
À saída do túnel, o ambiente era um arrepio pegado: 205 mil pessoas gritando: Brasil! Brasil! Brasil! - e um dos nossos cartolas, estremecido, murmurou:
- Se perdermos por quatro é bom.
Irritado, eu mandei calá-lo e bradei:
- Não tenham medo! Olhem só para a relva, deixem de ver as bancadas, não mordem. É na relva que vamos ganhar.
Assim lhes limpei o pó ao medo (e ao resto) - e o Uruguai ganhou mesmo.

PS: Vendo-o, agora, a caminho de Barcelona, eu, mesmo morto, quis lembrar-lhe esta história. Imagina porquê..."

António Simões, in A Bola

As receitas televisivas

"Na entrevista concedida ao director Vítor Serpa n'BOLA TV, o director executivo da Associação  de Ligas Europeias de Futebol Profissional (EPEL), Emanuel Medeiros, fez duas afirmações com as quais estou completamente de acordo e que já aqui defendi por mais de uma vez:
1. «a negociação colectiva dos direitos televisivos é essencial para a maximização das receitas».
2. «a negociação individualizada dá origem a uma extrema polarização das receitas, como sucede em Portugal e Espanha».
Tudo isto me parece óbvio e não carece de laboriosos considerandos para o demonstrar. Basta observar o que se verifica à nossa volta. Mas o dirigente europeu vai mais longe e acrescenta que «a maximização das receitas» traz também consigo «uma redistribuição mais equitativa das mesmas entre os clubes».
Ora, aqui é que as coisas não são assim tão simples. E como não são nada simples é, por isso, que os critérios de repartição do bolo são muito diferentes de país para país. São muitos os factores que podem (ou não) entrar em equação e diferente o peso específico que cada um deles pode ter na definição da fatia. Seja como for, a verdade é que os clubes de topo (com mais títulos e maior base social de apoio) continuam, justamente, a receber cachets substancialmente mais altos do que os outros. Não só. Nos países em que a venda foi centralizada (ou por imposição dos Governos ou por concertação amigável) passaram mesmo a receber mais do que recebiam antes, e esta é a grande vantagem a reter. No caso de Portugal, o primeiro problema é saber se o país tem dimensão económica para sustentar 16 clubes! Que está a montante de toda a discussão. E, para mim, é claro que não tem."

Manuel Martins de Sá, in A Bola