sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Vitória...


Benfica 4 - 1 Olivais

Boa primeira parte (4-1 ao intervalo!!!). Segunda parte 'controlada', com muito desperdício (dos dois lados!!!)...

A quem convém o silêncio?

"Uma frase ficou para a História de Portugal e da hipocrisia, que muitas vezes de confundem  Foi proferida pelo infame Salazar depois do assassinato do general Humberto Delgado. Dizia ele na sua voz alquebrada de seminarista: 'A nós convinha que falasse; a outros haveria de convir mais o silêncio que só a morte poderia, com segurança, guardar...' Ah! Assustadora realidade! A quem convém o silêncio? Perguntem por aí. Mas perguntem alto. A quem convém que se calem as trampolinices, as barbaridades, as trafulhices? Quem deseja que o silêncio caia sobre visitas nocturnas de um árbitro a casa de um dirigente? Quem está verdadeiramente interessado em que gestos canalhas se percam no esquecimento?
Quem quer ocultar de uma vez por todas no limbo do oblívio os espancamentos a jornalistas, as ameaças anónimas, as litigâncias de má-fé, as viagens ao Brasil, os cheques, os envelopes, as prostitutas, os jantares armadilhados? Há por aí cada vez mais gente a exigir que tudo se enterre fundo nas areias movediças de um tempo que passou, como se fôssemos todos cegos e surdos e mudos, e, sobretudo, desonestos como eles. Gente que fala e gente que escreve. Canetas de aluguer condenadas à esterqueira de consciências macabras. E agora até se anunciam canais de televisão em cuja antena a verdade passará a ser outra e não mais a verdade suja que todos nós conhecemos. A quem convém tanto silêncio? A quem beneficiam as vozes que se calam? Quem são os infames hipócritas que mendigam a lavagem das palavras e dos gestos? Eu sei a quem convém o silêncio! Como todos os silêncios, convêm aos criminosos!"

Afonso de Melo, in O Benfica

Jogar bem e bonito

"Este fim-de-semana a seco de futebol é péssimo para um Benfica que vinha jogando bem. Tanto pior quanto se trata de fim-de-semana com Taça de Portugal, e onde o adversário que jogará virá de escalão inferior. Jogar já para não apertar a agenda futura era muito melhor. Tenho sérias dúvidas nos resultados de paragens competitivas tão longas. Como exemplo os primeiros jogos pós Natal e Ano Novo são sempre de dificuldade acrescida.
Na próxima quarta-feira, se fosse treinador, poupava jogadores para o jogo de Alvalade. Com a Liga Europa assegurada falta ainda saber o desfecho do jogo de Glasgow. Jorge Jesus sabe que é no Campeonato que reside a ambição maior.
Mesmo com adversários a quem dá muito trabalho ter sorte, há condições para lutar pelo título.
Este FC Porto é mais colectivo, e joga muito melhor, que o outro, de um 'tolinho' a marrar contra defesas sem passar a bola a ninguém, mas este Benfica cria oportunidades de golo em série e dá prazer ver jogar futebol.
Esta equipa pode não ganhar, mas sabe jogar. Contra o Olhanense podiam ter sido seis, mas prefiro ver falhar golos do que não os ver criar.
Com um terço de Campeonato jogado, oito vitórias. Lembro que só senão foram dez, porque Soares Dias anulou um golo limpo na primeira jornada, e Xistra inventou dois penalties em Coimbra /era uma altura da época em que ainda os via). Seguimos em frente na esperança (pouca= que não seja sempre assim e na certeza de que vamos continuar a jogar bem e bonito.
Uma última palavra para Vítor Pereira, técnico portista que fustigado por perguntas de mau gosto sobre vencimentos e rankings de dinheiro, deu bela bofetada, com nível e categoria, para quem julga que na vida só o dinheiro conta ou só o dinheiro motiva. Numa sociedade com tantos a passar tão mal, só pode ser de mau gosto inventar atrito no ranking de privilegiados."

Sílvio Cervan, in A Bola

Trabalhos e dias

"Nesta última semana, lembrei-me por várias vezes do título “Os Trabalhos e os Dias” que o poeta grego Hesíodo (Séc. VIII a.C.) atribuiu a uma das suas obras mais marcantes. Antes de a jornada começar, Jorge Jesus, de forma certeira e incisiva, alertava para a sorte que o FCP costuma ter em Braga. Vítor Pereira respondia que a sorte dava trabalho e Carlos Xistra demonstrou na prática que, de facto, mais do que dias de sorte, há dias em que é preciso trabalhar muito para que se possa responsabilizar a aleatória sorte da condicionada incompetência.
A sorte do FCP foi não ter, nesse dia, apanhado com o mesmo árbitro que o Benfica teve de enfrentar recentemente, na quarta jornada, em Coimbra. Se o árbitro tivesse sido o mesmo, provavelmente, teria assinalado uma grande penalidade óbvia contra o FCP. Tinham o mesmo nome, foram nomeados pela mesma pessoa, foram dois jogos para a mesma competição, com critérios idênticos, mas, definitivamente, não foram apitados pelo mesmo Xistra. Conseguir uma sorte destas dá muito trabalho e, como ficou à vista de todos, este tipo de trabalho do Carlos Xistra depende dos dias. Há dias em que Xistra trabalha para a sorte dos adversários do Benfica e há dias em que Xistra trabalha para o azar dos adversários do FCP.
Deste modo, percebemos que ter, aparentemente, o mesmo árbitro, na mesma competição e em dias diferentes, resulta em sortes distintas, consoante os clubes em contenda. De facto, uma sorte destas não se consegue sem trabalho, muito trabalho, um trabalho feito de dias (lá volto eu a Hesíodo), de longos dias. Há até quem garanta que é um trabalho feito de largos dias que têm cem anos..."

Pedro F. Ferreira, in O Benfica