segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Madamileno e o regime

"Madaleno mil. Madamileno. Sentado no seu trono de farroupilha solta pilhérias e flatos à vontadinha perante a adoração do seu séquito de lambe-botas. Ao apagar as mil velas tremeluzentes, estavam lá todos, desde o Copiador-Descarado-de-Livros-Alheios ao Banqueiro-Apatetado e ao Merceeiro-de-Tiques-Estranhos que nunca faltam a estes estúpidos salsifrés empunhando felizes as suas esferográficas sempre ao serviço de tão aberrante figurão. Depois o Madamileno faz um dos seus discursos meio ininteligíveis meio néscios, e perora contra  emblema do velho regime que não existe mais. O Madamileno não tem mil anos, mas quase. É antigo como um psiché vitoriano e nunca ninguém lhe conheceu, ao tempo desse tal regime que se finou, uma palavra de afronta, um gesto de desafio, uma paródia corajosa contra aqueles que perseguiam, prendiam, torturavam.
Nunca de tal foi capaz tão desabrido personagem. Nada de nada de nada se regista no seu currículo. Foi um, como tantos outros: submisso, escondido, fingindo ignorância e distracção. Nada do que se passou de vergonhoso, de indecente, mereceu o seu interesse. Talvez as flausinas o mantivessem demasiado ocupado, quem sabe? Mas também talvez fosse apenas a visível poltroneria de que é feito. Calou, amouchou, escondeu-se. Depois veio um tempo novo e a liberdade serviu-lhe para abusar da grosseria.
Quem o ouve diria que foi um campeão da Democracia, um arauto dos direitos de cada um. É apenas farronca. O Madamileno sempre foi um manso. Só ganhou coragem quando os mercenários se postaram a seu lado, protegendo-lhe as costas, agredindo qualquer um que cometa a desfeita de o enfrentar. É um títere do regime. Do seu próprio regime..."

Afonso de Melo, in O Benfica

Objectivamente (terceiros...!!!)

"A visita guiada ao museu do Sporting da dupla de presidentes, Godinho Lopes/ António Salvador, foi uma maquiavélica manobra que fica muito mal à aristocrática classe leonina!
Tanto se gabam da grandeza de carácter dos adeptos do Sporting que não se percebe esta arrogante imposição, à martelada, da história do Clube, perante um atónito Salvador que mais não conseguiu fazer do que reagir com civismo a um acto de grande enxovalho.
No lugar dele não sei se conseguiria reagir com tanta elegância!
Quando na parte final da visita Godinho Lopes chamou os jornalistas para fazerem perguntas, Salvador ainda tentou disfarçar a coisa com um grande elogio à história do clube verde e branco. Mas não soube ou não teve habilidade suficiente para se esquivar à humilhação. Disse que o Sporting tinha uma grande história mas que em termos desportivos o Braga estava melhor nos últimos anos. E, logo ali à frente de todos, Godinho reagiu como se tratasse de um debate ao vivo e disse-lhe que o Desporto não é só Futebol...
Pena é que o presidente do Braga não lhe tenha refrescado a memória com a história do Belenenses, por exemplo, que também é infinitamente superior à dos Bracarenses e, no entanto... está na II Divisão!
É claro que não está em causa quem tem mais taças no Museu! O que está em causa é a mesquinhez de certas pessoas que sentem necessidade de se afirmarem assim, IMPONDO a sua valia à força!
Apesar de entender que Salvador nem sempre tem sido simpático com alguns adversários (ele é mais azul e branco), desta vez tem razão quando diz que os resultados do Futebol do SC Braga (e não desportivos como disse por lapso) têm sido bem mais positivos que os do Sporting.
O resto são cantigas para embalar meninos!"

João Diogo, in O Benfica

Ponto a ponto

"1. Depois de excelente exibição de quarta-feira, para a Liga dos Campeões, uma vitória conquistada com muita luta no difícil (e com péssimo relvado) campo do Rio Ave. Vai ter que ser assim, jornada a jornada, ponto a ponto, até ao fim.

2. Normalmente, os jogos são à noite, há muita gente, vamos com pressa para chegar ao nosso lugar ou, depois, para regressar a casa e não tomamos atenção ao que nos rodeia. Mas eu convido os benfiquistas e irem de dia ao nosso Estádio e a darem uma volta, não tanto pela Praça Centenário mas principalmente pela zona contígua à II Circular e Avenida Lusíada, começando pelo acesso frente ao Colombo, por baixo da II Circular, com uns bonitos e imponentes murais. Depois, subindo para o Estádio, vê-se como a parte de jardinagem está bem tratada, dando um bonito aspecto àquela zona menos frequentada aos dias da semana. Vale a pena dar por lá uma volta. E os meus parabéns aos responsáveis por esse trabalho... que infelizmente passa normalmente despercebido.

3. Um antigo elemento de uma claque benfiquista, tornado infelizmente conhecido pelo acidente que vitimou um adepto sportinguista numa final da Taça de Portugal (acidente que não desculpa a utilização de um 'very light') foi novamente detido pela polícia aquando do jogo com o Spartak. Lamento mais uma vez a sua actuação, que só mancha o nome do Clube e da respectiva claque e espero que o referido elemento já tenha sido definitivamente afastado. E chamo a atenção para um facto que, no meio de tudo isto, passou despercebido: aquando desse jogo, a polícia deteve, por distúrbios, 31 adeptos russos e apenas esse adepto português. Mas, infelizmente, quem leu os jornais ficou com a sensação de que foram os nossos que pior se portaram. O que não impede que se lamente, mais uma vez, a utilização de petardos que vão implicar mais multas para o Clube. Quando é que as claques se capacitam que estão lá para apoiar - e nesse aspecto são inexcedíveis -, dispensando-se o resto?

4. Curioso este Sporting - Sp. Braga. Pela oportuna (eu faria o mesmo) visita ao museu do clube da casa proporcionada ao presidente minhoto, para mostrar que este, apesar de forte no Futebol, está muito longe de ser o terceiro 'grande' (o seu muito apreciado presidente até acabou com as equipas de Atletismo que eram imagens de marca do Clube). E curioso também pela sorte que o Sporting teve no jogo - sorte nas jogadas de perigo e sorte nas decisões do árbitro. E andam eles sempre a queixar-se..."

Arons de Carvalho, in O Benfica

Luisão, Artur e Matic

"1. (...)

2. Mas, esta semana, falemos dos homens que merecem registo. Um deles é Zlatan Ibrahimovic. Marcou os quatro golos com que a sua Suécia derrotou, em casa, a Inglaterra. O jogo era, como quase todos os outros desta semana, amigável. Mas, o seu último golo é, sem qualquer dúvida, um dos grandes golos deste século e será referenciado no ranking do futebol mundial. O seu fabuloso pontapé de bicicleta, de longa distância, e que surpreendeu Joe Hart, é uma verdadeira 'obra arte'. Para ser visto e revisto. Guardado e recordado. E, para ele, decerto, um reforço da sua já elevada auto-estima. Que o tem acompanhado e condicionado na sua vida de profissional de futebol.

3. Foi uma defesa impossível. Mas, afinal, não necessária. O lance foi anulado, já que a bola havia ultrapassado, no momento do cruzamento, a linha de fundo. Por mim, nesse instante adepto de sofá, saltei e dei graças a Artur. Mas, a defesa  de Artur Moraes, guarda-redes do Benfica, no jogo frente ao Rio Ave, foi uma defesa de outro mundo. Sabemos que todos nós, seres humanos, sentimos a necessidade de nos apreciarmos. E a auto-estima, na linha de Luis Rojas Marcos, é um elemento determinante do nosso equilíbrio emocional, da nossa integridade como cidadãos e do nosso sentido de segurança. Artur Moraes tem crescido, e muito, no Benfica. É legítimo que sonho, desde já, com uma convocatória para a Selecção brasileira de futebol. Estou certo que continuará a ser um dos baluartes de um Benfica que ambiciona chegar longe em todas as competições em que participa nesta época.

4. Moreira de Cónegos significou a passagem do Benfica aos oitavos de final da Taça de Portugal, mas, acima de tudo, significou o regresso, à competição, de Luisão. E regressou com convicção e galhardia. A mesma com que voltou a envergar a braçadeira de capitão. Acrescendo, aqui, o orgulho evidente. Mas, também, vimos confiança. A mesma que sentimos que cresce, jogo a jogo, em Matic. E, neste jogador, vimos garra. Sentimos atitude. E sentido de equipa. O que nos tranquiliza.

5. Em Moreira de Cónegos voltou a falar a luz. Parece que o Benfica provoca, de vez em quando, apagões. Não temos notícia de incidências semelhantes em outros jogos ou situações. O Benfica, em vez de ser um factor de tranquilidade para as frágeis tesourarias dos clubes que visita, parece ser um elemento de desassossego para as linhas eléctricas que abastecem os estádios que o acolhe. Não será caso para pedir inquéritos. Nem para fazer julgamentos precipitados ou apressados. É caso para se dizer que são fases eléctricas de infelicidade. Mas que não perturbam nem os atletas, nem os árbitros envolvidos. Que variam. O que permanece é o apagão em três jogos do Benfica. Mas, na Luz, e com muita luz e fé, teremos que ultrapassar o Celtic. É bom não esquecermos que foi uma das poucas equipas que, nesta época, derrotou o Barcelona em que Messi continua a fazer das suas. Como, ontem, o Saragoça percebeu.

6. (...)"

Fernando Seara, in A Bola