sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Sinal verde

"O jogo de Vila do Conde foi, como antevi, muito difícil, quase dramático. Um Benfica cansado do jogo europeu, um relvado que levantava todo, muitos jogadores magoados e castigados, mas sobretudo um Rio Ave de muita qualidade fizeram da nossa vitória uma conquista preciosa.
Nos últimos minutos temi que corresse mal. Mérito para uma das melhores equipas deste campeonato.
Se podíamos, na perspectiva do optimista, ter ganho por dois ou três, não é irrealista o treinador do Rio Ave quando disse também que podia ter empatado.
Dir-se-á que houve ajuda divina na forma como Jesus contornou o Espírito Santo.
Como Leonor Pinhão escreveu ontem, também para mim é mais importante o jogo de Moreira de Cónegos, que o  jogo contra o Celtic de Glasgow. Ganhar aos verdes do Rio Ave, aos verdes de Moreira de Cónegos e aos verdes de Glasgow é ter sinal verde nas provas que disputamos. Não ganhar é abrir um péssimo sinal vermelho.
Voltando a Vila do Conde, fiquei com a certeza de que a baliza do Benfica está garantida, hoje com a exibição de Artur e amanhã com a exibição de Oblak.
Bem-vindo seja Luisão, muito dano europeu nos causou a sua falta. Justo lembrar que Jardel esteve, com raras excepções, em plano positivo. Mas um plantel tão fustigado por castigos e lesões (Enzo Pérez, Carlos Martins, Pablo Aimar, Maxi Pereira, Ezequiel Garay) o regresso da voz de comando é sempre motivo de alegria.
Logo à noite não pode haver um mínimo de descuido, como poderá testemunhar o Sporting, se quisermos recuperar o título nacional que nos foge há mais tempo. É muito longínqua aquela vitória, precisamos que nos relembrem como é bom ganhar a Taça de Portugal.
E só será excelente jantar no S. Gião (recomendo) se o Benfica ganhar o jogo."

Sílvio Cervan, in A Bola

Alexandre Herculano

"Vemos, ouvimos, lemos e, mesmo assim, duvidamos da realidade. Desde a pretérita sexta-feira, temos assistido no futebol português a mais uma destas estranhas procissões de acontecimentos bizarros. Assim, já depois de nomeados os árbitros para a jornada do passado fim-de-semana, soubemos que o presidente do Sporting foi à Rua Alexandre Herculano, para ser recebido pelo Presidente da Comissão de Arbitragem, o inefável Pereira. Dois dias depois, Pedro Proença, aquele estranho árbitro que erra em Portugal na exacta medida em que acerta fora de portas, mostrou como os vícios privados são mais públicos do que as públicas virtudes e despachou uma apitadela ao minuto 78 do jogo entre o Sporting e o Braga que deu 3 pontos aos que haviam peregrinado à capelinha sita na Rua Alexandre Herculano.
Objectivamente, não posso garantir qual era a tonalidade do som que Proença quis dar ao apito. Mas aquilo soou a som dourado, com agudos de degradação e graves de servilismo. Um som igual ao que se ouviu no dia 06 de Novembro de 2011, num Braga-Benfica, produzido pelo mesmo artista e pelo mesmo apito. Dois dias depois da dita apitadela, a direcção do Sporting, em comunicado, queixa-se da… arbitragem em geral, mas não dos pontos que lhe foram oferecidos pela mesma em particular. Resta-nos olhar para este tipo de comunicados como apenas mais um remendo nesta farsa protagonizada por senhores de um pequeno mundo, mirrado e mediocrizado à medida dos prostíbulos onde se desfazem regras e encomendam apitadelas. Tudo isto sob o olhar de alguém que ocupa cadeira na rua com o nome do escritor Alexandre Herculano, o mesmo que um dia sentenciou: “A hipocrisia, suprema perversão moral, é o charco podre e dormente que impregna a atmosfera de miasmas mortíferos e que salteia o homem no meio de paisagens ridentes: é o réptil que se arrasta por entre as flores e morde a vítima descuidada.” "

Pedro F. Ferreira, in O Benfica