sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Unidade

"O Benfica vai a votos. A competição, hoje, é outra. Decidir pela continuidade ou experimentar uma outra solução é o desafio que se coloca aos associados benfiquistas. A compita eleitoral é útil, desde logo. A discussão livre de ideias constitui a mais democrática das expressões. O nosso Clube teve e tem, inclusive no tempo do fascismo, uma cultura da liberdade. Predicado que deve, em larga medida, à sua génese, à sua matriz popular.
A campanha eleitoral (pelo menos até ao momento em que escrevo esta prosa) foi digna. Podem contestar-se argumentos, mas não se pode alegar falta de urbanidade. Ainda que o desfecho eleitoral se me afigure previsível, honra-me pertencer a uma família como esta. Tem alguns membros desavindos? E seria possível outra situação num agregado tão numeroso, que provoca tanta inveja e angústia aos nossos principais opositores?
O Benfica vai a votos. Amanhã, os votos têm que ser substituídos por golos. Golos e triunfos. Triunfos e troféus. Com um Benfica unido, a despeito dos resquícios da refrega das urnas. O Benfica precisa de respeito pelos seus líderes institucionais, os vencidos têm que saber felicitar os vencedores. Mais importante que tudo é o Benfica, só o Benfica. A sua unidade a sua coesão, a sua pujança.
A partir de amanhã é inaceitável a existência de oposição ao Benfica no seio do... Benfica. Um desafio ao unanimismo? Não se trata disso. Podem subsistir divergências no domínio da gestão do Clube, mas só podem existir convergências no domínio do que verdadeira e apaixonadamente encima o nosso desígnio colectivo. Um Benfica em regime permanente de ganho, um Benfica vencedor."

João Malheiro, in O Benfica

Amanhã

"Os sócios do Sport Lisboa e Benfica escolhem hoje quem querem à frente dos destinos do Clube para os próximos quatro anos. Fazem-no livremente, como sempre foi apanágio desta instituição - mesmo em tempos antigos, quando, no País, ainda não existiam tais possibilidades de escolha.
A minha opção eleitoral já ficou aqui definida, de forma muito clara, na passada semana. Neste dia, por respeito para com o processo democrático, não me parece adequado usar esta tribuna para emitir opiniões sobre qualquer uma das candidaturas, e muito menos para procurar influenciar o voto dos benfiquistas - que, como disse, sempre foi, e voltará a ser, totalmente livre.
O que creio ser oportuno, isso sim, é manifestar o desejo de que qualquer que seja o presidente escolhido pela maioria, ele passe a ser, amanhã de manhã, o de todos os benfiquistas - independentemente do sentido de voto de cada um a eleição de hoje. Afinal de contas, pese embora as diferentes opiniões que possamos ter sobre uma ou outra lista, sobre um ou outro dos candidatos, somos todos do Benfica, e todos desejamos que o nosso Clube ganhe, a começar pelo difícil jogo deste sábado, em Barcelos.
Quem vier a perder esta eleição, terá pois o dever democrático de respeitar a livre escolha da maioria, pegar no cachecol e na bandeira, e sentar-se na bancada a puxar pela equipa. Amanhã, já não haverá derrotados, mas apenas benfiquistas, liderados por aqueles que a maioria tiver escolhido para o efeito. Não haverá desencantos, mas sim esperança num futuro carregado de triunfos. Existindo união entre todos, esses triunfos serão bem mais fáceis de alcançar.
Temos, do outro lado da Segunda Circular, o exemplo das consequências até onde pequenas guerrilhas internas podem levar. Não é certamente esse o destino que ambicionamos. Nem será certamente esse o destino que teremos.
As eleições são hoje, e terminam hoje. Amanhã, haverá apenas um Benfica: o dos seus 250 mil sócios, e dos mais de 6 milhões de adeptos espalhados pelo mundo lusófono."

Luís Fialho, in O Benfica

Benfica: o povo é quem mais ordena

"Hoje, a nação benfiquista vai a votos. Dois candidatos, Luís Filipe Vieira, que concorre a um quarto mandato e Rui Rangel, o challenger que há três anos apoiou Bruno Carvalho, vão saber, logo mais, quem recolhe a preferência dos seus consócios.
Apesar da evitável crispação patente nos últimos dias, a campanha eleitoral foi proveitosa. Ficou a saber-se, com clareza cristalina, por parte de Vieira, da intenção de colocar ponto final na ligação do Benfica à Olivedesportos (solução que, aliás, Rangel nunca renegou...), consta igualmente das promessas do presidente recandidato uma adequação de quotas e bilhetes à realidade da crise que o país atravessa e ficou a perceber-se a natureza das contas encarnadas, matéria normalmente árida que, desta feita, ocupou horário nobre das candidaturas.
O Benfica, ao contrário do que sucedeu em 2006, quando ninguém se apresentou para afrontar Vieira nas urnas, acabou por manter a vitalidade democrática que faz parte do seu ADN e nem mesmo o novo preceito estatutário dos 25 anos de sócio efectivo como condição para ser presidenciável (continuo a dizer que, embora o princípio esteja correcto, 14 anos chegariam perfeitamente para evitar os arrivistas) impediu fosse o que fosse.
Hoje, como é estatutário, haverá uma discriminação positiva dos sócios com mais anos de ligação ao clube. Num clube com a grandeza do Benfica este deve ser um princípio a preservar, sob pena da conjuntura poder vir a influenciar a estrutura.
Provavelmente antes da meia-noite (voto electrónico...) saber-se-á quem sucede a Vieira, se o próprio Luís Filipe Vieira, se Rui Rangel. A seguir, bom seria se as intenções de processos judiciais entre ambos ficassem fechadas na gaveta do bom senso..."

José Manuel Delgado, in A Bola

Democracia

"A herança benfiquista obriga-nos a preservar a identidade, o que é verdadeiramente estruturante e imutável. Assim, há valores que foram amarelecendo nas folhas da História centenária, outros que se renovaram, outros de que não nos podemos esquecer, mas há um que é primordial: o Benfica é um clube democrático.
Com decisões certas, erradas, inócuas e iníquas a História do Benfica foi-se construindo de acordo com a vontade da maioria dos sócios. Não de uma minoria ruidosa ou de uma maioria silenciosa, mas sim de uma maioria activa que, em momentos eleitorais, soube estar presente para designar o rumo a dar ao Clube. Agradados ou não com os resultados das suas escolhas, os sócios souberam sempre demonstrar que o bom nome do Benfica não poderia ser maculado. É a este encontro com a História que somos, novamente, chamados no dia 26. É essencial que todos os benfiquistas percebam que os resultados eleitorais são a voz do Benfica. E esta não pode ficar à mercê de egos, teimosias, presunções ou vinganças pessoais, ódios mesquinhos ou qualquer outra farpa na nossa gloriosa História. Esta capacidade de perceber o Clube para além do umbigo de cada um foi essencial em momentos marcantes da nossa História, desde a fundação. Esta mesma capacidade tem de ser vivida no dia 26, manifestando-se numa participação massiva e marcada por um saudável respeito por parte de todos os sócios intervenientes. A História escreve-se, respeitando-a.
Deste modo, é essencial que as diferentes sensibilidades em sufrágio percebam que, independentemente do caminho escolhido pelos benfiquistas, no próximo jogo do nosso Benfica estaremos todos, em simultâneo e a uma voz, a sofrer pelo valor mais alto que nos une: o benfiquismo."

Pedro F. Ferreira, in O Benfica

Festejar vitória do Barcelona...

"Mais grave do que as três horas de atraso que o Benfica trouxe da Rússia eram os três pontos de atraso. Confesso que me senti revoltado comigo mesmo. Dei por mim a festejar um golo do Barcelona (clube de que não simpatizo) contra o bravo Celtic (clube de que tanto gosto) no último minuto de descontos. Tive vergonha de mim mesmo e de festejar aquele golo, mas festejei. A verdade é que sem aquele golo o Benfica estava meio eliminado, e assim, depende de si, e de vencer os jogos em casa para se qualificar para os oitavos de final da Liga dos Campeões. Se não ganhar em casa ao Spartak de Moscovo e Celtic de Glasgow o Benfica não merece ser apurado.
Não percebo porque jogando a meio da semana na longínqua Rússia temos de jogar em Barcelos já no sábado e não domingo como faria sentido. No último ano, foi depois da deslocação a São Petersburgo que tivemos aquele apagão em Guimarães e foi depois de um jogo europeu que fomos apagados em Coimbra. Depois dos jogos europeus todas as equipas se ressentem, mas o Benfica tem tido nesse capítulo demasiadas quebras. Na última época em Barcelos, sem Cardozo e sem Luisão, o Benfica deixou 2 pontos. Esperemos acabar amanhã com esta má sina e vencer como precisamos, para continuar na frente do campeonato. O jogo de Barcelos é de importância capital.
Os adeptos benfiquistas contam os dias para o regresso do Luisão. Sentimos isso em Moscovo. Veremos, no fim dos dois meses, os danos causados pelo castigo, mas presumo que interna e externamente serão grandes. Se internamente os responsáveis e treinadores sempre dizem que há alternativas, nós adeptos sabemos que os melhores são muito dificilmente substituídos. Por isso Matic fará muita falta no próximo jogo europeu e Luisão fará falta amanhã. Mesmo assim o caminho é ganhar... ganhar."

Sílvio Cervan, in A Bola