sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Quem tem medo do monstro azul-grená?

"Quatro a zero em golos; quatro bolas nos postes: em Setembro de 1957 o Benfica despedaçou o Barcelona, no Restelo. Até aí perdera todos os jogos com os catalães: dolorosamente.

FC Barcelona: só o nome assusta, mete medo. Mas não é de hoje. O medo vem de longe, muito longe. De 1957, por exemplo. Em Setembro de 1957 o Barcelona estava em Lisboa. E já era um adversário terrível. É verdade que o Real Madrid era campeão da Europa pela segunda vez. E vencedor da Taça Latina: acabara de bater o Benfica na final de Chamartín (1-0). Mas o Barcelona tinha mais títulos de campeão de Espanha.E no anterior Maio desmembrara o Real em Les Corts, por 6-1 para a Taça do Rei. O Benfica era campeão nacional. Tudo gente fina.
Há 17 anos que Benfica e Barcelona não se encontravam: fora em Barcelona, em 1940, vitória catalã, por 4-2. E antes disso resultados assustadores: 2-5, 1-5, 2-5, 0-5... Eu bem vos disse: assustador.
Não se esqueçam que nesse tempo em que os jogos oficiais eram escassos ou inexistentes, e resumidos a meia-dúzia de previligiados, os «amigáveis» ganhavam aura de grandes embates. Extraordinárias compitas.
Nomes? Ramallets, o grande «keeper» que viria a defrontar o Benfica na final da Taça dos Campeões; o «zurdo» Segarra, já soldado de muitas batalhas; o famoso Gensana, ainda no início da sua carreira brilhante; e ainda os grandes Basora, Villverde, Tejada e Luisito Suarez que não tardaria a rumar ao Inter.
O jogo foi quase em campo neutro, no Estádio do Restelo, cheio como um ovo.
O Benfica não se assustou. Não teve medo. Foi fiel à sua aura de grande da Europa. Não tardaria a estrear-se na Taça dos Campeões Europeus, em Sevilha. Não faltaria muito para juntar duas delas à Taça Latina nas vitrinas da Luz.
Coluna, Palmeiro, Cavém, José Águas: vocês julgam que gente desta tinha medo? Não. O medo não fazia parte do sangue que lhes corria nas veias. Barcelona? Cinco goleadas seguidas? Mais um motivo para puxar para cima as golas do orgulho e ir em frente. É em frente que fica a glória.

Arrasado o Barcelona do futebol directo
Pois é, quem diria? Nesse tempo o Barcelona era famoso pelo seu futebol directo, objectivo, de poucos passes e muitas cavalgadas. Atrás do tempo tempo vem...
Ao contrário do Benfica, um brasileiro: Otto Glória. Parece cada vez mais incontestável que foi ele que virou o rumo do Futebol português, impondo no Benfica a mais férrea profissionalização. Também ele não sabia o que era o medo.
De Coluna eram conhecidos os remates potentes e colocados desferidos de longa distância. E assim foi. Ramallets esforçou-se, mas não teve hipótese. Coluna repetiria a proeza em Berna, quatro anos mais tarde. Ramallets voltou a não ter hipóteses. Um a zero: o monstro azul-grená abanou. Talvez fosse a sua vez de sentir medo.
Tinha razões para isso. Em cima do intervalo, José Águas fugiu à defesa do Barça: dois a zero! Voltaria, também ele, a marcar e a derrotar o Barcelona, em Berna. O Benfica dominava e jogo a seu bel-prazer. Cavém marcou pouco depois do recomeço: três a zero. E Águas também: quatro zero. Um golo monumental de colectivismo e precisão técnica.
E agora Barcelona? Ainda há muito para jogar e a derrota ameaça ser abracadabrante. Afinal este 'jogo das goleadas' o Benfica também sabe jogar. Mas, se os 'encarnados' são ameaçadores também são perdulários. Encantam-se com a fluidez do seu Futebol e com os movimentos bem desenhados da sua linha de ataque. Por uma e outra e outra vez o quinto golo espreita a baliza de Estrems, que substituira Ramallets, com olhar rútilo e guloso. Por uma e outra e outra vez a fortuna abraça o guarda-redes catalão com os sues braços de mãe extremosa. Coluna chuta forte à barra. Calado imita o moçambicano: também à barra. José Águas marca um «penalty»: à barra; Calado corre à recarga: ao poste. Ah! Os «palos»! Ainda se haveriam de queixar os de Barcelona em Berna... O Benfica passa ao lado da que poderia ter sido a maior goleada da história dos jogos entre os dois clubes.
E agora? Quem tem medo de quem?
Kubala e Evaristo, estrelas grandes do Barça, ficaram em Espanha, a contas com operações. Não perderiam por esperar. A final de Berna vinha já aí."

Afonso de Melo, in O Benfica

Voltar ao Jamor

"Gostei muito da atitude prévia de Jorge Jesus e as declarações sobre o jogo da Taça de Portugal, sempre que ouço falar em poupar os titulares cheira-me a esturro.
Quero voltar ao Jamor e ganhar a Taça, é demasiado longínqua aquela vitória de Fyssas e companhia sobre o Porto Campeão Europeu de Mourinho.
A Taça de Portugal é para mim quase t~ºao importante como o campeonato. O Jamor é o travo final que nos fica no fim de uma época, é a lembrança que levamos para os 3 intermináveis meses de férias futebolísticas.
Quero muito ganhar a taça e gosto muito de ganhar a Taça de Portugal.
Freamunde era pois a primeira etapa para se chegar onde queremos.
Ontem cumprimos aquilo que se esperava, ganhamos sem grandes sustos. Houve até tempo para lançar o jovem André Gomes e ver sair dos pés dele o golo final.
Gostei também de Paulo Lopes, o experiente guarda-redes esteve à altura e evitou complicações com três grandes defesas.
Na terra do Capão e da canja de Capão, não foi canja mas foi serena a vitória encarnada.
Há motivos para acreditar que podemos voltar ao Jamor. Por agora marcamos presença no próximo sorteio.
Terça-feira na Rússia será bem mais duro e difícil. Moscovo é um alçapão de dificuldades muito grandes, pois o Spartak é muito melhor que aquilo que os resultados mostram.
Os moscovitas foram a equipa que esteve mais perto de causar dano sério ao Barcelona, e não ganharam ao Celtic de Glasgow por manifesta infelicidade. Os dois jogos com os russos são decisivos. Veremos daquilo que somos capazes, mas ao contrário da nossa selecção preferia um apuramento sem muitas calculadoras.
Esta vocação da selecção lusa para complicar apuramentos tira qualquer um do sério."

Sílvio Cervan, in A Bola

Soltas e breves

"1 - Um bando de árbitros (Carlos Xistra, Artur Soares Dias, Olegário Benquerença, Pedro Proença, João Capela, Rui Silva e Hugo Miguel) apresentou queixa contra Rui Gomes da Silva, vice-presidente do Benfica. O motivo é o mesmo de sempre: lidam mal com a verdade. Lidam mal com a verdade desportiva e lidam ainda pior quando são confrontados com os atentados que perpetram à mesma. As consequências para o Benfica não são novas, aliás, será mais do mesmo. Veremos a habitual vingançazinha mesquinha e corporativa. Veremos o prejuízo aparentemente premeditado disfarçado de erro humano. Portanto, nada de novo, já sofremos atentados desde há três décadas. A nossa resposta só pode ser uma: continuar a denunciar esta gente, continuar a lutar e recusar sempre o jugo e a canga que nos querem impor.
2 - O Benfica assinou contrato com o meio-fundista Hélio Gomes, ex-atleta do Sporting. Em seguida, o Sporting queixou-se publicamente de que o Benfica terá quebrado um pacto de não agressão que impediria transferências directas entre os clubes. Como consequência, o Sporting assumiu-se pronto para "retirar todas as consequências" do sucedido. Segundo me dizem, há a esperança entre os atletas do Sporting de que entre essas consequências esteja a regularização dos seus ordenados. Eu, como adepto do Benfica, já ficaria satisfeito se as consequências se limitassem ao pagamento dos prejuízos provocados pelos adeptos sportinguistas, aquando da última visita ao Estádio da Luz.
3 - O campeonato está parado. Estamos em meados de Outubro, o campeonato começou em meados de Agosto e nisto deveriam já ter-se cumprido dois meses de competição. Puro engano, feitas as contas, entre paragens para tudo e mais alguma coisa, o campeonato já teve praticamente um mês de pousio. E assim se atropelam as competições em Portugal."

Pedro F. Ferreira, in O Benfica

Objectivo: Jamor


Freamunde 0 - 4 Benfica

Espero que este jogo tenha sido o início da caminhada para o Jamor... Bom jogo-treino, com alguns jogadores menos utilizados a aproveitarem os minutos para se mostrarem...
Quando a ano passado vi o André Gomes jogar pela primeira vez nos Juniores do Benfica - vindo do Boavista -, fiquei com poucas dúvidas sobre a sua qualidade - pouco tempo depois já era Capitão!!! -, hoje como marcou um golo na sua estreia num jogo oficial, ganhou notoriedade entre os Benfiquistas... para mim não precisava de marcar o golo, mas estas coisas ajudam sempre... temos aqui o próximo 'box-to-box' do Benfica e da Selecção, espero que fique por muitos anos...