segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Cardozo até ao fim

"Um dos aspectos em que a gestão do Futebol benfiquista mais tem melhorado é, como se diz aqui ao lado, o da manutenção de uma identidade no plantel e na equipa. O mesmo treinador (com virtudes e defeitos, mas seguramente melhor, ou mesmo muito melhor, do que qualquer outro no campeonato português), e uma espinha dorsal mais ou menos constante (Maxi, Luisão, Javi, Aimar e Cardozo), têm permitido melhorar substancialmente a qualidade de jogo apresentada. Só factores externos, e bem conhecidos de todos, impediram a consequente tradução nos títulos que merecíamos.
Exemplo desta política é a forma como os dirigentes encarnados têm resistido a vender Óscar Cardozo, de longe o melhor ponta-de-lança a actuar em Portugal, e máximo goleador do Clube neste Século.
Assobios de sócios porventura menos conhecedores, especulações dos jornais, e até algumas propostas milionárias, não abanaram a convicção (certeira) de que, sem o paraguaio, um buraco se abriria de imediato na equipa. E tapar buracos naquela zona do terreno tem sempre um preço muito elevado. Ou custa muitos milhões, ou custa muitos empates e derrotas, com as perdas de títulos (e consequentes quebras de receitas) que tal significa.
É claro que há um valor para tudo. Estou em crer que uma proposta de 20 milhões seria suficiente para que Tacuara fosse marcar golos para outro lado. Mas, ficando sem ele por menos do que isso, estaríamos a correr um risco desnecessário, pois não seria nada fácil encontrar nos mercados a que temos acesso, alguém capaz de marcar mais de vinte golos por época. Como aqui disse muitas vezes a propósito de Luisão (e também Maxi), há jogadores cujo valor de mercado - quer pelo factor idade, quer por questões relacionadas com o mediatismo, ou com a influência de agentes -, se torna inferior ao peso e importância que têm para e equipa. Aos 29 anos, e 155 golos depois, Cardozo começa a ser um desses casos.
Até ver, parece que se manterá entre nós. E essa é, sem dúvida, uma das melhores notícias do defeso."

Luís Fialho, in O Benfica

Mariquices

"Não sou adepto do Benfica e, como sportinguista, não tenho gratas memórias de Luisão. Mas nessa não simpatia, que não significa antipatia ou animosidade, devo reconhecer que é um excelente atleta. Sarrafeiro, manhoso, e também um defesa seguro e que impõe respeito.
Agora, vejo imagens em que o envolvem com um árbitro alemão e não posso deixar de sorrir ao ver que Luisão apanhou pela frente um manhoso muito melhor do que ele. Nunca vi nada igual. O árbitro assinala uma falta, Luisão e outro jogador do Benfica discutem a bondade da apitadela, e até é possível que o defesa se tenha encostado a ele.
O alemão, ignorando a tradição bélica prussiana, atira-se para o chão inanimado, ou fingindo-se inanimado, o jogo pára, entram assistentes, os jogadores das duas equipas não sabem se hão-de rir se levar a coisa a sério, e a história termina minutos depois com o tipo a levantar-se, a marchar para as cabines, e o jogo anulado. Acho que Luisão, a esta hora, ainda deve estar a perguntar-se onde é que foi parido um sabidão maior do que ele. Só podia ser alemão. Do país que manda na Europa. E agora corre o risco de o homem amuar por ter posto meio estádio a rir por causa da mariquice da cena e escrever um relatório onde o jogador pode correr o risco de ser irradiado. Risco sério, diria eu.
Qualquer lusitano, nestes dias de crise, deve reverenciar os árbitros alemães. São os donos da bola e do jogo que se disputa em todos os relvados governamentais, o que quer dizer que, no petisco europeu, têm a faca e o queijo nas mãos. Ora Luisão ameaçou armar--se em grego e o árbitro desmaiou depressa. E daqui retira-se uma conclusão em jeito de metáfora: sejam árbitros de futebol, sejam da troika, quando trimestralmente vêm fiscalizar o comportamento do País face à penhora que nos está imposta, a tentativa de encosto cai mal em pano germânico.
Vítor Gaspar faz muito bem compondo aquela postura educada que não encosta em demasia, não protesta, apenas cumprimenta e de longe. É que se o hábito pega, partindo da fita do árbitro do encontro particular, não vai ser difícil ver peritos caídos pelo chão do Terreiro do Paço, inanimados, porque apitaram com defeito em qualquer das contas do orçamento de Estado que têm sobre vigilância. E se mandam terminar o jogo é uma chatice. Lá marcharemos todos para a fila da sopa do Sidónio."

O desmaião do alemão

Vi e revi. Vídeo desfocado em momentos semicruciais, mas dá para ver o que se passou, sem margem para dúvidas. Caminhando o árbitro alemão com dois jogadores do Benfica e com o amarelo na mão para punir, surgiu-lhe inopinadamente Luisão. Este, no cumprimento das suas funções de capitão, afastou com o ombro direito um colega e postou-se frente ao árbitro. Chocaram. Este simples facto extravasa as funções do capitão, que deveria ter sido expulso. Não o foi porque o árbitro desmaiou, de pernas e abraços abertos como, talvez, nos palcos de mau teatro. Digo "talvez" porque sucede também em situações de AVC e desconheço o boletim clínico do alemão. Aconteceu isto em jogo de futebol (desporto enérgico) e com regras (que impedem que se toque no árbitro). Luisão deveria ter sido expulso, por infração disciplinar, e deveria continuar a ser considerado o que é, um atleta correto. E o árbitro deveria curar-se, da tensão alta ou da baixice. O presidente do Fortuna de Dusseldorf disse: "Nunca vi nada assim." Estranho, tinha ele 27 anos, Mundial de 82, Alemanha-França, e o guardião Schumacher partiu três dentes e feriu duas vértebras ao francês Battiston. O encosto foi considerado - e bem - não intencional. Mas isso é futebol e um presidente pode não perceber de futebol. Ele também quer de volta os 200 mil euros que pagou ao Benfica pelo jogo. Isso é melhor pagar, ele é alemão e a extorquir eles são hábeis. Melhores, só a dar lições."

Fim da trégua

"Durante duas semanas, os portugueses tiveram à disposição um curso acelerado de formação desportiva. Contudo, nota-se que os Jogos Olímpicos terão decorrido depressa de mais e que ainda serão muito poucos os habilitados a distinguir um caiaque de uma canoa, quando ainda ontem um jornal de referência se dirigia aos medalhados como os “rapazes do remo”.
Simbolicamente, a trégua olímpica decretada às nações do Mundo para interromperem a beligerância durante o período dos Jogos aplica-se ao meio desportivo nacional como aquele defeso sagrado em que nos fica bem a todos falar menos de futebol, sobretudo se, por um acaso, o reino da bola não estiver incendiado por uma polémica qualquer de trazer por casa – do tipo dos desabafos do cirurgião.
Mas todos sabemos que essa paz, além de podre, é passageira. À hora a que o Brasil sofria em Wembley mais uma réplica do Maracanazo, o capitão do Benfica, Luisão, um dos últimos jogadores preteridos da equipa olímpica, colocava-se no epicentro de outro abalo insólito que pode ter custos elevados para a nova época. Sem intenção, mas com uma agressividade excessiva, o brasileiro terá provocado um susto de desmaio a um árbitro alemão e agora o Benfica sujeita-se a sanções disciplinares com repercussões desportivas, para lá de ter atraído para si e para o futebol português mais uma etiqueta de péssima reputação.
E sobre este tema, sobre a indecência do Benfica e o caráter dos jogadores envolvidos e sobre a possibilidade de capitalizar um momento mau do rival, já os agentes se posicionam, garras de fora, sem o mínimo rebuço olímpico, consoante as conveniências. Como é tão mais fácil diferenciar a fidalguia do nosso emblema da desordem do adversário, do que distinguir um remo de uma pagaia. Acabou a trégua olímpica, vamos lá julgar o Luisão!"

E dinheiro para o Rio?

"Confesso: já temia que Portugal não conquistasse nenhuma medalha em Londres. Recordei, nos últimos dias, inúmeras imagens e conversas que testemunhei nos Jogos de Barcelona, em 1992, quando, pese uma representação vasta, aconteceu de tudo aos nossos atletas (inclusive situações bizarras) menos assegurar lugares no pódio. No entanto, o despertar matinal de ontem valeu a pena. Fernando Pimenta e Emanuel Silva, dois jovens canoístas que quase todo o país desconhecia (nomeadamente aqueles que, como sempre, foram céleres a associar-se à festa, mas que se esquecem de aparecer quando as coisas correm menos bem...), em boa hora acederam ao galarim do desporto luso.
A canoagem nunca tinha dado uma medalha olímpica a Portugal mas, nos últimos anos, após uma aposta séria dos responsáveis federativos (a contratação de um técnico reputado e a criação de boas condições de treino foram fulcrais), evoluiu imenso e, hoje em dia, embora a maioria da população ignore o facto, rivaliza com as principais potências internacionais em várias categorias. E se os resultados em Londres têm sido notáveis, convém acrescentar que fora das competições da capital britânica ficou mais um punhado de valores que, muito em breve, poderão seguir as pisadas dos dois nortenhos que, após tanto sacrifício, atingiram o sonho de qualquer desportista: chegar à maior competição desportiva do planeta, figurar entre os finalistas e trazer uma medalha para casa.
Um galardão olímpico não é apenas um troféu pitoresco que se coloca num local vistoso de uma qualquer estante de sala. É mais uma “assinatura” de qualidade, que fará prova eterna da dedicação de alguém a um desporto. Ninguém fica nos três primeiros lugares de uma prova olímpica sem investir anos e anos de trabalho, sem sofrer, sem deixar de lado tantas e tantas coisas que todos consideramos normais e gostamos de fazer. Quem pretender chegar ao topo não se limita a praticar uma modalidade, antes abraça uma “religião” que obriga a rotinas verdadeiramente impensáveis para a maioria dos mortais.
Mais do que olhar apenas para a medalha da canoagem, os portugueses deviam tentar perceber os sinais positivos que nos chegaram através de outros desportos pouco ou nada mediáticos como remo, tiro, ténis de mesa, vela, triatlo, ginástica ou hipismo. É evidente que continuamos a estar (e estaremos sempre por várias razões) a léguas dos grandes tubarões do desporto mundial, mas agora já se conseguem ver atletas nacionais competitivos em diversas modalidades. Só que isso, para além do talento e da qualidade dos “artistas”, significa uma aposta de muito dinheiro para proporcionar as melhores condições de trabalho a quem acredita ser possível atingir o topo. E é por isso que, desde já, me interrogo sobre algo tão simples como isto: com a crise que nos martiriza diariamente, onde é que se poderão encontrar as verbas necessárias para, em 2016, no Rio de Janeiro, Portugal continuar a aproximar-se dos melhores?"

Despedida de Londres...



Terminaram os Jogos Olímpicos, é tempo de balanços... Dos atletas do Benfica presentes, desta vez não tivemos medalhas - ao contrário de Pequim: Nélson, Ouro; Di Maria, Ouro; e Vanessa, Prata !!! -, mas tivemos alguns Diplomas Olímpicos - todos na canoagem -, que reconhecem os Finalistas Olímpicos:
Joana Vasconcelos com dois Diplomas - dois 6º lugares, um no K4 500m e outro no K2 500m -, e a Teresa Portela também com dois Diplomas - 6º lugar no K4 500m e 8º lugar no K1 200m (além do 11º no K1 500m).
Muitos podem criticar o Projecto Olímpico do Benfica, mas o engraçado é que nestes dois últimos Jogos, o Benfica já conquistou melhores resultados, do que em todas as anteriores edições juntas!!!
Em Portugal infelizmente não existem atletas Olímpicos, com qualidade para lutarem por medalhas, em grande número. Não é fácil substituir o Nélson Évora e a Vanessa Fernandes que são 'foras-de-série' em qualquer parte do Mundo... O Benfica também não se pode substituir às Federações, que na maioria dos casos assume directamente a preparação dos atletas... mas o apoio que o Benfica dá, permite aos atletas uma segurança extra, que os ajuda a ficar imunes aos devaneios (caça-às-bruxas) políticos dos Governos, do COI e das Federações como parece estar a acontecer este ano com o Judo!!!
Telma Monteiro - Começo pela a nossa maior desilusão. É verdade a Telma falhou, mas também é verdade que a Telma, já é neste momento a nossa melhor Judoca de sempre - feminina e masculina -, 4 vezes Campeã da Europa, 1 vez vice-campeã Europeia, 3 vezes Bronze em Europeus, 3 vezes vice-campeã Mundial, 1 vez Bronze em Mundiais, além das várias vitórias - e outras medalhas -, em etapas da Taça do Mundo (Grand Prix's ou Grand Slam's ou Torneios Super A ou Masters...), incluindo este ano a vitória em Paris - esta etapa de Paris é um autêntico Mundial. Nestes Torneios Internacionais ao mais alto nível, são 36 Medalhas, incluindo 18 de Ouro!!! Isto sem contar os títulos nos Campeonatos Juniores e Sub-23...!!!
O Judo é um desporto dinâmico, não é como outras modalidades onde a prova é contra o relógio, ou 'contra' os metros... No Judo existe um adversário, e os resultados são muitas vezes inesperados, aliás nestes Jogos as surpresas foram muitas. Com duas Selecções fortíssimas em vários níveis, a Rússia com muitos Ouros, e os EUA muito perto das medalhas... Sendo que a atleta Americana que eliminou a Telma acabou por fazer uma excelente prova, perdendo somente nas Meias-Finais e depois acabou também por perder o combate da Medalha de Bronze...
A Telma não tem mais nada a provar aos Portugueses, já venceu mais sozinha do que a grande maioria... mas também sei, que ele quer ganhar mais... e não será nenhuma caça às bruxas na Federação que vai empurrar a Telma para fora do topo....
Joana Vasconcelos - Os dois 6º lugares - K4 500m e K2 500m -, são uma marca extraordinária para esta jovem de 22 anos, que num desporto onde muito dos participantes já estão na casa dos 30, promete muitas vitórias nas competições no futuro. Parabéns Joana...
Teresa Portela - Fez todas as provas possíveis, conquistou um 6º um 8º e um 11º lugar, se calhar se tivesse abdicado do K1 500m podia ter tido um melhor resultado no K1 200m, nunca saberemos... A Teresa é uma certeza da Canoagem Portuguesa, ainda só tem 24 anos, portanto, se for apoiada, tem ainda uma longa carreira... Parabéns Teresa...
Marco Fortes - O 15º lugar no Peso, é um daqueles lugares ingratos, já que não foi um desastre, mas também não foi um bom resultado. O Marco tem neste momento potencial para mais. As marcas nas qualificações e na Final estão ao alcance do Marco, mas a época após bater o recorde nacional, não foi boa...
Marcos Chuva - Esta época foi marcada pelas lesões, o péssimo resultado que efectuou - no Salto em Comprimento - tem que ser 'desculpado'... pelo menos ganhou a experiência necessária para competir a este nível, neste ambiente, e assim para a próxima não terá desculpa...
Arnaldo Abrantes - Fez uma boa marca, parece que quer voltar a aproximar-se da sua melhor marca pessoal... creio que a questão será continuar a competir nos 200m ou tentar os 400m...
Alberto Paulo - Outro atleta com uma época estranha, com tempos longe das suas melhores marcas nos 3000m Obstáculos, e depois com a queda numa das barreiras, acabou por ficar fora da Final - algo que já seria quase impossível mesmo sem a queda!!!
Jorge Paula - Nos 400m barreiras a qualificação seria impossível, assim vindo também de uma época cheia de problemas o Jorge arriscou saindo rápido, algo que no final pagou com um tempo fraco.
Marisa Barros - Creio que o 13º lugar na Maratona foi um bom resultado para a Marisa... Numa prova completamente dominada pelas Africanas será muito difícil alguma não Africana obter um resultado relevante...
Bruno Pais - A prova do Triatlo não correu nada bem ao Bruno, que ao não conseguir entrar no pelotão no segmento de Ciclismo ficou arredado de poder discutir uma boa classificação...
Rodrigo e Urreta - Os nossos 'estrangeiros' tiveram uma passagem discreta pelos Jogos, devido à eliminação prematura das Selecções de Espanha e do Uruguai. O Rodrigo no jogo com as Honduras ainda teve tempo de falhar algumas oportunidades escandalosas, mas a bola não queria entrar - e ainda foi a tempo de sofrer falta para penalty descaradíssimo, mas como ele já deve estar habituado, nada foi marcado!!!
Pedro Isidro - Deixei para o fim o Pedro, porque independentemente do 40º lugar nos 50Km Marcha, a presença do Pedro nos jogos foi um exemplo de persistência e luta para muitos, que apesar das traições do destino não desistem e conseguem aquilo que os outros só podem sonhar!!! Parabéns Pedro...!!!

PS1: A participação Portuguesa também mereceu muitas criticas, os primeiros dias foram realmente muitos maus, com o Judo e a Natação em destaque. Os resultados da Natação no 1º dia de competições, foram na minha opinião vergonhosos... as estórias da cultura das noitadas dos nadadores Portugueses já são antigas, talvez por isso só um Português tenha chegado a uma Final Olímpica (em ano de boicote!!!)...
Mas analisando todos os resultados creio que estes terão sido um dos melhores Jogos de Portugal!!! É verdade só houve uma medalha de Prata, mas tivemos dois 5º lugares - Remo Fraga, Mendes e Ténis de Mesa competição por equipas, Freitas, Monteiro e Apolónia -, dois 6º lugares na Canoagem - K4 500m Portela, Vasconcelos, Gomes e Rodrigues, e K2 500m Vasconcelos e Gomes -, dois 7º lugares - Jéssica Augusto na Maratona, e José Costa no Tiro, Pistola de Ar Comprimido a 10m -, e três 8º - novamente na Canoagem no K1 200m, Portela, e na Vela. Nos 49er Freitas, Andrade e nos 470 Marinho, Nunes!!! Foram 10 provas com Portugueses na Final...
A estes ainda podemos juntar os Semi-finalistas (16 primeiros): Mamona no Triplo, Fortes do Peso, Carvalho na Dressage, Marisa na Maratona, Cabecinha e Henriques nos 20km Marcha, Rente nos Trampolins, Silva no Triatlo, a Sara Moreira nos 10000m, o João Vieira nos 20km Marcha, a Clarisse Cruz nos 3000m Obstáculos, a Vera Barbosa nos 400m Barreiras, o Rui Costa na prova de estrada Ciclismo, a Zoi Lima no Salto de Cavalo na Ginástica (além da histórica primeira vitória no torneio da Badminton, por um Português, pela Telma Santos; o muito bom 17º lugar da Luciana Diniz nos Saltos no Hipismo que por muito pouco teria dado um lugar nos top-5!!!; e o respeitável 18º lugar do Nélson Oliveira na prova de contra-relógio no Ciclismo de estrada)...
Não tenho números para comparar mas repito, terá sido umas das melhores participações Portuguesas de sempre... Isto num ciclo Olímpico onde Portugal 'perdeu' o Nélson Évora, a Vanessa, e a Naíde: todos potenciais medalhados em condições normais... além do reformado/lesionado Francis!!!
Portugal não tem cultura desportiva, é verdade. Comparando as medalhas Portuguesas com países da nossa dimensão geográfica como a Hungria (17 medalhas, 8 de ouro, 10 milhões de habitantes), Cuba (14 medalhas, 5 de ouro, 11 milhões de habitantes), até a Holanda (20 medalhas, 6 de ouro, 16 milhões de habitantes), a Nova Zelândia (13 medalhas, 5 de ouro, 4 milhões de habitantes), a República Checa (10 medalhas, 4 de ouro, 10 milhões de habitantes), Montenegro que com 700 mil habitantes conseguiu levar a Selecção feminina de Andebol à Final Olímpica!!! Até os nossos vizinhos Espanhóis que tiveram uns Jogos desastrosos, conquistaram 17 medalhas, 3 de ouro!!! Escolhi países com dimensões diferentes, mas parecidas com as nossas, com realidades económicas diferentes, passados diferentes, mas com cultura desportiva... Com bases de recrutamento alargadas, com atletas competitivos, com infra-estruturas, e com programas de alto rendimento adequados...
Em Portugal temos bases de recrutamento pequenas, porque a maioria da população não pratica desporto competitivo (ir ao ginásio não conta!!!), somos pouco competitivos culturalmente, são poucos aqueles que se sujeitam a programas de treino exigentes (perguntem ao pessoal da Natação), hoje até já temos as infra-estruturas, quase todas as modalidades já têm os seu CAR (Centro de Alto Rendimento), mas muitos dos programas de alto rendimento na prática não funcionam... Porque principalmente nas Escolas, os atletas continuam a ser vistos como uns privilegiados por colegas e professores, e os entraves continuam a existir... Pessoalmente acho que deveria existir desde muito cedo (5º ano) turmas de Desporto nas Escolas Portuguesas, com horários adequados permitindo os treinos bi-diários necessários a várias modalidades, além de existir Educação Física desde muito cedo, de preferência desde da Pré-primária (e não vale a pena dizer que isso é caro, porque não é, já que todos os Concelhos ou Freguesias grandes, tem as suas piscinas ou pavilhões...!!! E com os novos centros escolares ainda se torna mais fácil...).
Com tão poucos atletas com valor para lutar por medalhas em grandes competições, quando um falha, é o fim do mundo, mas em vez do 'deita abaixo' devia-se pensar em maneiras de mudar as coisas, mas isso em Portugal é algo praticamente impossível de se fazer...!!!

PS2: Estes Jogos tiveram várias 'estrelas', mas para mim a melhor exibição destes Jogos foi a do David Rudisha nos 800m com um recorde do Mundo de 'outro Mundo'!!! O número de medalhas do Phelps para mim não conta muito, já que na Natação e na Ginástica os melhores, podem vencer múltiplas medalhas nos mesmos Jogos, algo que nas outras modalidades isso não é possível. A revalidação de títulos para mim é um indicador muito mais importante, e nesse campo o Phelps o Bolt, o Félix Sanchez, a Defar entre outros merecem um claro destaque...
Num Jogos onde a organização falhou algumas vezes. Mas com o passar dos dias, melhorou bastante, e isso, é um excelente indicador de uma sociedade avançada com capacidade de rectificar o que estava errado. Em Portugal tinha acabado tudo a discutir, cada um a defender a sua 'capelinha' e nada teria sido alterado!!! O problema dos Bilhetes foi 'atacado' e resolvido, e até na Net a falta de velocidade dos primeiros dias, foi rectificada!!!
As realizações televisivas em algumas modalidades foram fracas, o minimalismo na info-grafia foi levado ao extremo, e sem a 'marca' britânica, tão familiar no passado...
Mas no geral a nota é positiva...

PS3: Uma nota final para as arbitragens. Foi interessante verificar, várias modalidades, a tentarem de todas as 'maneiras e feitios', reduzirem a subjectividade dos julgamentos (excepto o Ténis de Mesa!!! A Final feminina foi ridícula!!!). Com recurso ao vídeo, como é o caso do Judo,... e com a possibilidade de recurso como é o caso da Ginástica. Tendo vários recursos, tanto na Ginástica como no Atletismo terem dado razão ao atleta!!! Em sentido contrário, no Futebol tudo continua na mesma, com algumas arbitragens vergonhosas como foi o caso do Espanha-Honduras e até no Brasil-Coreia houve erros graves a beneficiar os Brasileiros... e até na Final feminina as Japonesas foram prejudicadas com um penalty descarado...!!!
Se o Futebol feminino tem lugar nos Jogos, este modelo do torneio de Futebol masculino (sub-23 com 3 excepções) está completamente ultrapassado, chega a ser humilhante o desporto Rei ter este tratamento nos Jogos!!! A FIFA e o COI dificilmente chegarão a acordo, o dinheiro envolvido é muito... as comissões dos patrocinadores são elevadas e a FIFA não gosta de partilhar!!!
Tanto o Futsal como o Futebol de Praia teriam muito mais sucesso nos Jogos!!! Com a ausências dos melhores jogadores do Mundo não vale a pena...