segunda-feira, 23 de julho de 2012

O homem da brilhantina (II)

"Estávamos já em plena segunda volta do Campeonato de 2008/09, jogava-se um FC Porto-Benfica no Estádio do Dragão e, em caso de vitória, os 'encarnados' isolavam-se na liderança da prova. À época, o Benfica era orientado pelo espanhol Quique Flores. O seu futebol não impressionava, mas o do FC Porto de Jesualdo Ferreira, com 14 pontos perdidos nas primeiras 14 jornadas, também não convencia muita gente. As equipas equivaliam-se na mediania, e a diferença foi, uma vez mais, estabelecida por conta de outrém.
O clássico até começou bem. Um golo de Yebda, na sequência de um canto, colocou o Benfica em vantagem pouco antes do intervalo. O tempo foi passando, e o resultado de 0-1 prevalecia no marcador. As campanhias de alarme terão então soado e alguns ouvidos mais sensíveis. Era preciso fazer alguma coisa, e havia que encontrar rapidamente um pretexto. Já perto do final, Lisandro Lopez mergulha para o relvado numa encenação mal esgalhada, que nem o próprio deverá ter achado conviciente. Era a ocasião perfeita para o homem da brilhantina mostrar os seus dotes. Penálti! Apitou ele de pronto. O FC Porto empatou e acabaria por ser campeão.

A marca do artista
Por esta altura, já o nome do personagem constava da lista de obséquios da UEFA. Essa mesma UEFA, na qual se movem e cruzam interesses obscuros, e onde a proximidade a algumas figuras influentes do Futebol português é maior do que parece.
No ano seguinte, o Benfica conseguiu por fim chegar ao ansiado título. Fê-lo com todo o mérito, sobrepondo-se às adversidades que lhe foram sendo colocadas no caminho - às quais respondeu com um Futebol deslumbrante. Há Campeões assim: grandes! Outros nem tanto. Nós, para sermos felizes, temos de ser muito melhores que todos os outros, e superiorizarmo-nos às forças que nos querem destruir. Temos de jogar sistematicamente contra catorze, e só as grandes equipas conseguem fazê-lo com sucesso. Esse Benfica (com Di Maria, David Luíz, Ramires e Fábio Coentrão, entre outros) era uma extraordinária equipa, e ninguém a conseguiu parar. Era muito melhor que as outras. Quando somos iguais, ou, apenas, ligeiramente melhores, normalmente perdemos, pois há sempre uma mão diligente que faz pender os pratos da balança para o outro lado. Em 2010, essas mãos não foram suficientes para nos fazer cair, e no meio dos festejos, pouco benfiquistas terão recordado com rigor as arbitragens terão recordado com rigor as arbitragens de toda a temporada. Alguns, inebriados pela conquista, terão até acreditando que a obscuridade pertencia a tempos passados, e que o Futebol português caminhava para a purificação. Nada mais errado. Basta lembrar aqui dois dos jogos que o artista da brilhantina nos apitou nessa época. Em Alvalade, permitiu que agressões de Adrien Silva e Anderson Polga ficassem impunes, e subtraiu-nos dois pontos, retirando-nos provisoriamente do primeiro lugar da tabela classificativa. Mais tarde, no chamado 'jogo do título', frente ao SC Braga na Luz, poupou a expulsão a Renteria (por agressão a Di Maria), e deixou passar um claríssimo corte com a mão do Peruano Rodriguez, que poderia ter tido influência decisiva no jogo, e no título. Não me recordo se Domingos Paciência lhe terá dado o habitual e caloroso abraço no fim do jogo. Mas lá que o homem merecia, disso não restam dúvidas.

Novamente em acção
À partida para a temporada de 2010/11, o Campeão Benfica era tido como o principal favorito ao título. Mantivera a base da equipa, e reforçara-se com nomes prometedores. Era o alvo a abater. Não entrou bem na época, em parte por culpas próprias, mas, sobretudo, por culpas de terceiros.
Falou-se de Olegário Benquerença (outro árbitro de elite da UEFA), que nos matou as esperanças com uma arbitragem assassina em Guimarães. Falou-se de Cosme Machado, que abriu as hostilidades no jogo da Luz com a Académica, logo na ronda inaugural. Mais uma vez, o homem da brilhantina passou por entre os pingos da chuva.
A verdade, porém, é que também ele ficou ligado a esse triste começo de época, com um arbitragem tão má quanto as piores, na Choupana, onde dois penáltis ficaram por assinalar a nosso favor - corte com a mão de um defensor madeirense; e rasteira a Fábio Coentrão -, e onde deixámos os três pontos. Nessas semanas desenhou-se o destino de mais um Campeonato. Em 2011/12, as coisas não seriam muito diferentes.
(parte III na próxima semana)"

Luís Fialho, in O Benfica

O 13º Olímpico !!!


O Pedro Isidro tornou-se hoje o 13ª atleta do Benfica (o 11º na comitiva Portuguesa) a marcar presença nos Jogos Olimpicos de Londres.
O Pedro vai participar nos 50Km Marcha, provavelmente a prova mais dura dos Jogos!!!
Recentemente, o Pedro retirou 13 minutos ao seu recorde pessoal!!! Mas essa marca 'só' dava para o Mínimo B fixado pela FPA. Como já havia um atleta Português com o Mínimo A (João Vieira), o Pedro ficou como suplente, mas como os Mínimos impostos pela FPA eram mais exigentes do que Mínimos exigidos pela Federação Internacional, o Comité Olímpico Português, juntamente com a FPA, decidiram mudar os critérios e resolveram 'convocar' o Pedro Isidro, premiando assim o esforço do atleta... que assim se vai estrear nos Jogos...
Parabéns Pedro...

Os tempos

"Uma boa gestão dos tempos é, por norma, um acto de sensatez. Conseguir ter a sensatez de perceber isso é um bom acto de gestão.
Nos tempos que correm, a opinião faz-se na vertigem do momento e não na ponderação dos diferentes momentos. Só assim se explica que, com base na observação de um ou dois jogos, de cinquenta minutos de exibição numa pré-época, se possam tirar conclusões absolutas sobre a mais-valia ou não de um jogador. Temo-lo visto a propósito do lado esquerdo da defesa do Benfica. A adaptação de Melgarejo tem servido para todas as teses, opiniões e conclusões por parte dos opinadores. Agora, é tempo de observar, é tempo de experimentar e, brevemente, será tempo de avaliar a decisão tomada. Antes de todos estes tempos, veio o tempo de reflectir. Depois, e só então, será o tempo de tirar conclusões. Em seguida, agir-se-á de acordo com as conclusões retiradas. Tudo isto terá de ser feito em tempo útil, mas sem termos no nosso treinador a precipitação de julgar de acordo com os ecos extemporâneos da imprensa. Se assim não for, arrisca-se tanto o sucesso do jogador como o do grupo de trabalho e o do próprio treinador.
Num plano diferente, observámos como a Liga de Clubes se precipitou na regulação dos empréstimos de jogadores. Muitas vezes apelei para a necessidade de regulamentar essa matéria, mas a Liga trocou os tempos. Começou pelo tempo da implementação da medida antes de ter feito o tempo da reflexão acerca da mesma. Isso inviabiliza qualquer possibilidade de sucesso numa medida que até poderia ser benéfica para o futuro do futebol português.
Seja treinador ou seja dirigente, quem lidera tem de saber gerir os tempos, sob pena de perder a razão pelo facto de a ter antes do tempo."

Pedro F. Ferreira, in O Benfica

No traçado da emoção

"Chama-se BENFICA NO DESENHO DA HISTÓRIA. É o meu novo livro, produto oficial SLB com textos da minha lavra e desenhos da Sofia Zambujo, uma talentosa benfiquista, cujas ilustrações me motivaram a endereçar-lhe o convite para a consecução da obra.
BENFICA DESENHO DA HISTÓRIA retrata, em imagens e em textos, os 120 melhores jogadores e os dez mais destacados treinadores da história centenária do nosso Clube.
Trata-se de um longo cortejo que permite mergulhar (melhor ainda, saborear) os feitos de uma maúça de gente que emprestou majestade, que conferiu primazia, que protagonizou mística, que concitou aplausos infindos.
BENFICA NO DESENHO DA HISTÓRIA, cujo lançamento, na Luz, está aprazado para a próxima semana, afigura-se mais um documento susceptível de conferir elevada auto-estima a todo o universo vermelho
Retrata coisas boas, proezas irrepetíveis, odisseias sem igual. A preferência das 130 figuras pode não ser consensual? Mas será que haveria duas escolhas iguais? Seguramente, passe a imodéstia, não vai suscitar nenhum sobressalto, ainda que talvez este ou aquele reparo.
BENFICA NO DESENHO DA HISTÓRIA, com um texto institucional do presidente, Luís Filipe Vieira, e prefácio do grande escritor e benfiquista, José Jorge Letria, presidente da Sociedade Portuguesa de Autores, é mais um contributo para valorizar o património bibliográfico do Glorioso. Como é que me sinto, mentor do projecto e co-autor do livro? Gloriosamente feliz, gloriosamente emocionado. Com uma dedicatória veneranda ao meu Benfica."

João Malheiro, in O Benfica

50 anos

"1. Permitam-me que esta crónica comece na primeira pessoa. É que na quarta-feira passada, à hora a que assistia ao nosso jogo de solidariedade 'Um gesto contra a fome', completavam-se precisamente 50 anos sobre a minha presença num torneio (nocturno, a meio da semana) de captação do Atletismo do Benfica, na antiga pista do Campo Grande, então denominado Torneio para Sócios e simpatizantes. Tinha 15 anos, corri 600 metros, fui terceiro, no final dei o nome e a morada e dias depois fui convocado para a antiga secretaria da Rua Jardim do Regedor.
Tinha cumprido um sonho: era atleta do Benfica! Já era sócio, já ia a todos os jogos, mas iniciei então um percurso mais por dentro do Clube. Fui um atleta dedicado, mas apenas mediano, mas foram anos que não mais esqueci e que marcariam o percurso da minha vida. Ao Benfica o devo.
Curiosamente, 50 anos passados,participei, com a camisola do Benfica, no Campeonato Nacional de Veteranos. Igualmente sem grande brilho, mas ajudando, dentro das possibilidades, a que a nossa equipa conseguisse um 2.º lugar colectivo, não longe do título. E nela estavam desde o mais velho atleta dos campeonatos, o dedicadíssimo Adriano Gomes (89 anos!), ao nosso antigo atleta olímpico, Pedro Curvelo, e aos antigos internacionais José Pedroso e Ricardo Lemos, entre outros. Não conseguimos igualar os feitos de todas as equipas masculinas do Benfica, que esta época fizeram o pleno, sagrando-se campeãs (absolutos, sub-23, Juniores, Juvenis). Mas o Benfica esteve bem representado na pista do Luso, só perdendo para a mais numerosa equipa do Cucujães.

2. O FC Porto não tem Voleibol há vários anos e nunca teve Futsal. Há dois anos, acabou com o atletismo pois quis continuar a ganhar campeonatos 'alugando' no estrangeiro mais de metade da equipa no fim-de-semana dos Campeonatos e a Federação, logicamente, aprovou um regulamento que o impedia. Agora, sem o assumir, parece ter acabado com o Basquetebol, após os tristes acontecimentos no seu pavilhão, aquando do título benfiquista, e depois de ter renovado alguns contratos e contratado novos jogadores. De repente, parece terem chegado à conclusão de que não havia dinheiro. É lá com eles. O problema é se começam também a perder ´no Hóquei com regularidade. Lá se vai mais uma modalidade..."

Arons de Carvalho, in O Benfica