terça-feira, 12 de junho de 2012

Para sempre, António

"A imagem é eterna: António Leitão mostrava com orgulho a primeira medalha conquistada por um atleta benfiquista nos Jogos Olímpicos. Agora, 28 anos depois, dizemos-lhe adeus de forma sentida.


António Carlos Carvalho Leitão, espinhense nascido a 22 de Julho de 1960 tornou-se eterno na historia do Benfica e do atletismo português quando, 24 anos depois na longínqua Los Angeles (EUA), conquistou a primeira medalha olímpica. Foi bronze, mas podia ter sido prata ou ouro, tal o ritmo imposto pelo português à corrida. Um momento histórico e marcante, claro, para o desporto português e que coroou uma carreira de sonho de um atleta que primou pela humildade, mas também pelas marcas verdadeiramente acima do padrão a que o atletismo português estava habituado.

Carreira vitoriosa
Mas a história de António Leitão vai mais além dos inesquecíveis Jogos realizados na Califórnia. O autêntico 'sonho americano' do esguio Leitão (1,76m e 58 Kg) começou a tornar-se realidade bem mais cedo, quando, entre 1978 e 1982, se formou na equipa da sua cidade, o Sp. Espinho. Ali mostrou qualidade, tornou-se uma esperança, em especial quando conquistou o bronze no Europeu de Juniores, em 1979, na Polónia (Bydgoszcz).
Três anos depois garantiria o seu melhor tempo de sempre nos 5000 metros, com a marca de 13:07.70 alcançada em Rieti, Itália. Um recorde nacional que perdurou durante muito tempo. Já no Benfica, ganhou maior consistência, realizando um trajecto vitorioso entre 1983 e 1990. Ora nos 5000 metros em pista, ora no corta-mato, esteve sempre no topo. Em 1984 conquistou o bronze nos Mundiais de Corta-Mato que se realizaram em Nova Iorque. Era a antecâmara da já referida proeza olímpica.

Sempre ligado ao Benfica
Mas há mais António Leitão para lá das principais conquistas. Sagrou-se, sempre pelo Benfica, sete vezes campeão nacional de pista por equipas (1980, 1982, 1983, 1984, 1986, 1989 e 1990). Também pelos 'encarnados' foi pentacampeão europeu de estrada por equipas (1988, 1989, 1990, 1991 e 1992). No corta-mato ajudou o Benfica a vencer o título nacional em 1990.
Aos 31 anos abandonou o atletismo, mas manteve sempre a ligação ao Benfica. Apesar de viver em Espinho, acompanhava de perto o atletismo dos 'encarnados'. A doença prolongada de que padecia há vários anos não o ajudava na hora de se deslocar a Lisboa, mas ainda assim fazia o esforço de estar sempre presente em muitos dos locais onde o Benfica competia. Foi sempre figura próxima da formação, do atletismo enquanto desporto de massas, e claro, do Benfica. Nunca, em momento algum, mudou a conhecida postura, marca de humildade.
Faleceu em Março de 2012 e o clube encontrou uma forma simbólica de homenageá-lo. A partir de agora, a Corrida Benfica vai ter o seu nome.

Foi assim...
Primeira medalha à Benfica
Foi no dia 11 de Agosto de 1984 que, sob a tórrida Los Angeles, o português António Leitão garantiu a primeira medalha olímpica da história do Benfica. Na final dos 5000 metros, o atleta português andou sempre no trio da frente e só nos metros finais descolou dos dois primeiros classificados, ainda assim mantendo o bronze que tanto orgulhou o País."

Ricardo Soares, in Mística

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