segunda-feira, 28 de maio de 2012

Atitude

"Em pleno defeso, os benfiquistas interrogam-se. Que equipa na próxima temporada? A questão faz todo o sentido, ademais sabendo-se que, invariavelmente, os objectivos são audaciosos. Todas as competições terão de ter a marca Benfica, que o mesmo é dizer a luta pelo triunfo. Porventura, apenas a Liga dos Campeões pode não obedecer a esse requisito, ainda que uma prestação de qualidade esteja no horizonte.
Mas será que o problema é a equipa que se vai apresentar na nova época? Com algumas alterações, fruto de contingências várias, o grupo de trabalho não deve sofrer grandes alterações e dará, em tese, todas as condições para a prossecução dos múltiplos propósitos ganhadores.
A questão não é a equipa? Então o que é? É sobretudo, a atitude. Os dois últimos anos, provaram à sociedade que o Benfica claudicou nos momentos capitais. Os dois últimos anos, provaram à sociedade que o Benfica não foi respeitado ou não se soube dar ao respeito.
No Benfica, exige-se outra atitude. Atitude competitiva? Também maior vigilância e ataque cerrado a todos aqueles que pretendem inquinar a Verdade Desportiva. Não pode haver facilitismo, não pode haver triunfalismo. Da mesma forma, não pode haver negligência, não pode haver descuido.
Todos os benfiquistas têm de contribuir para que a ATITUDE seja outra. Muito os adeptos, mola real da melhor ou menos boa atmosfera emocional. Por acrescidas razões, muito os dirigentes, os técnicos, os atletas. O Benfica tem que atemorizar, o que não significa viciar. Tem histórico para isso, tem peso para isso, tem condições para isso. Há uma atitude vermelha que, em momento algum, pode estar desbotada, para ser descurada.
Então, sim. A paisagem competitiva será outra. Mais garrida, com absoluta certeza."

João Malheiro, in O Benfica

Saber perder

"From: Domingos Amaral
To: Pinto da Costa

Caro Pinto da Costa
O padrão repete-se: o seu FC Porto perde um jogo e acaba tudo à estalada. No túnel da Luz, foi assim, com Hulk na molhada. Agora, no final de um jogo de basquetebol, mais balbúrdia e bastonadas. Depois, nasce a narrativa habitual: a culpa é sempre dos benfiquistas. No túnel foi dos seguranças, no pavilhão de Carlos Lisboa. Segue-se o espetáculo do costume: ciclos de violência verbal e comunicados cheios de fel de parte a parte.
Devo dizer que estes exercícios folclóricos e musculados de machos não me excitam. O que me interessa mesmo é perceber porque é que isto se passa sempre que o seu FC Porto perde. A maior parte das pessoas tem tendência a dizer que o clube “não sabe perder”. É verdade. No entanto, ao contrário de muitos, não considero tal característica um defeito, mas sim uma qualidade. A derrota é a “zona de desconforto” do seu FC Porto, um estado onde o clube se sente profundamente mal e, quando acontece, alguém tem de pagar por isso. Ora, este comportamento só existe porque a vontade de ganhar é tão elevada e tão intenso o compromisso com a vitória, que qualquer derrota é sempre traumática, ao ponto de só se conseguir ultrapassar através de explosões de agressividade e violência.
“Não saber perder” pode chocar muito as mães e ser mal visto pelos bem pensantes, mas é a manifestação de uma atitude competitiva poderosíssima e de uma cultura de vitória entranhada. Saber perder, no FC Porto, é já começar a perder. Julgo que o senhor é o principal criador desse espírito, e acredite que o admiro por isso. Só no dia em que Benfica e Sporting chegarem perto desse desejo louco pela vitória, é que serão capazes de derrotar o seu FC Porto mais vezes."


PS: Compreendo onde o Domingos quer chegar, mas existe uma diferença entre um 'mau perder' desportivamente saudável, e um 'mau perder' violento, vândalo, arruaceiro, pré-histórico...!!!

Sem desculpa

"Também nas principais modalidades erradamente chamadas amadoras, a saber, o basquetebol, o andebol e o hóquei em patins, o título estava na posse dos dragões e igualmente em todas elas o clube da águia se apresentou como o principal candidato ao resgate do cetro.
O caso do andebol já estava resolvido, e bem resolvido. Havia legítimas expectativas quanto às restantes duas. Mas os augúrios, reconheça-se, não eram os melhores. Ainda por confirmar no hóquei, uma modalidade que caminha, de resto, para a quase insignificância, chegou já a decisão sobre o basquetebol. Sem surpresa, o Benfica reconquistou o título. Com mérito e justiça, pese embora os dragões tenham dominado a fase regular. Mas quando se chega a uma final a disputar à maior de cinco, sendo mesmo preciso jogar a quinta partida no terreno do adversário, e se chega lá e vence - o que nem sequer foi inédito – o vencedor não pode ser contestado. Parabéns, portanto, ao Benflca. Perder não é vergonha. Vergonha é não saber perder. E o que se passou no final do jogo foi verdadeiramente vergonhoso. Não há outra maneira de o dizer. Nem vale a pena tentar alegar hipotéticas causas justiflcativas - porque não há, nem pode haver, justificação alguma para tal tipo de atitudes. Nem há também atenuantes, como a invocada provocação do treinador vencedor.
O FC Porto tem ganho tanto que já sabe vencer tanto sob as trevas como sobre apagões. Mas pelos vistos ainda não aprendeu a saber perder. Não resolveria nada, mas ficava-lhe bem, ainda que tarde, que de imediato publicamente felicitasse o Benfica e apresentasse as devidas desculpas pelo sucedido no último duelo."

Paulo Teixeira Pinto, in A Bola

PS: Não tenho muito apreço pela personagem - por diversos motivos - mas até agora foi o único adepto confesso dos Corruptos, que mostrou publicamente vergonha pelo o que aconteceu... só um reparo: quando diz que os Corruptos souberam ganhar '...sob as trevas dos apagões', não é exactamente verdade, os cânticos foram os do costume...!!! E como eu condenei o Apagão, e condenei a atitude do Carlos Lisboa, estou à vontade para dizer que os Corruptos não sabem perder, e não sabem ganhar... E enquanto no Benfica ocasionalmente temos atitudes menos dignas por parte dos adeptos (jogadores, treinadores e dirigentes menos ainda...), no caso dos Corruptos são mais consistentes!!! É praticamente sempre...

Erros e excessos

"Dá que pensar o verdadeiro muro de lamentações que se ergueu após a vitória do Chelsea na Liga dos Campeões. Foi descrita como “a morte do futebol”, “o triunfo da hipocrisia”, “o elogio da cobardia” e sabe-se lá o que mais. Só me espanta que entre os arautos da desgraça na causa futebolística se contem vários dos veneradores atentos de José Mourinho, nomeadamente na épica, heroica, inteligente e estratégica eliminação do Barcelona, na mesma Liga, quando o técnico português estava ao serviço do Inter Milão. Até o facto de os pontas-de-lança (os africanos Samuel Eto’o e Didier Drogba) terem acabado a defender, ante os mesmos catalães, os respetivos flancos esquerdos aproxima os dois feitos. Como os congrega o facto de Inter, antes, e Chelsea, agora, serem olhados como marginais ao grande futebol. Imperasse esta lógica e estaríamos alheados de elementos essenciais a este desporto – a surpresa, a superação, o sublime que pode haver no coletivo.
Por maioria de razão, a viagem da Taça de Portugal até Coimbra também não deve ter agradado, uma vez que a Académica levou para o Jamor a modéstia do seu arsenal. O problema é que o Sporting pareceu esquecer-se das armas em casa e entrou a jogar como só a soberba permite: o tempo encarregar-se-ia de repor a verdade e de explicar como as vantagens alheias eram apenas nuvens passageiras. Afinal, os minutos não foram aliados e nem a quebra física dos rapazes de Pedro Emanuel teve como equivalência a eficácia da parte dos leões. Não chegou nem para empatar, embora dispusessem de 86 minutos mais descontos para recuperar. Nada. A festa fez-se onde não se fazia há mais de 70 anos. Para o Sporting, o pior não foi ver escapar-se-lhe o título que, na ideia de muitos, até já tinha lugar reservado no Museu do clube – o pior foi a atitude de censura (com enormes responsabilidades para Sá Pinto, menos “envernizado” do que noutras horas) para as manifestações de profissionalismo de Adrien Silva, o melhor jogador em campo. Ao ponto de haver já quem defenda que o luso-francês não deve voltar a Alvalade… Depois queixam-se. E o FC Porto ou o Benfica agradecem…
Já Pinto da Costa continua a sua apoteótica digressão regional (alguém sabe quantos quilómetros vão da Afurada a Espinho?), sempre a subir de tom. Proença está perto da medalha e Platini da beatificação. No Benfica, parece só haver duas hipóteses: ser burro ou ser estúpido. Mas sempre conspirador. Só é pena que continue, passo a passo, a demonstrar que, mesmo 30 anos mais tarde, ainda não aprendeu a ganhar. E, já agora, é pena que não fale, por exemplo do rombo orçamental do clube com a saída da Champions… Mas se calhar ainda é cedo para prestar contas – talvez um dia…"

Sem bandeirinhas ou com bandeirinhas?

"Tempo de selecção! A época oficial terminou no domingo com a Académica a fazer história no Jamor, 73 anos depois da sua última vitória na Taça de Portugal e com o Sporting em inesperada agonia porque ninguém em Alvalade, nem o presidente, nem o treinador, nem os investidores chineses mais os investidores angolanos, alguma vez acreditaram que fosse possível soçobrar na única competição que lhes parecia historicamente destinada.

Coimbra rejubilou com o feito, naturalmente. Do lado dos vencidos, também com a maior das naturalidades, nem foram precisas 24 horas sobre o jogo do Jamor para as qualidades leoninas de Sá Pinto serem postas em causa.
Para Ângelo Correia, presidente da assembleia geral da SAD, o futuro do jovem treinador em Alvalade não é certo. Ângelo Correia poderá ter extravasado as suas funções mas não extravasou da realidade. No futebol nada é certo. E as grandes declarações de amor podem não resistir à primeira contrariedade prática. No futebol os estados idílicos são quase sempre grandes ficções novelescas.
E como é tempo de selecção, voltemos ao único assunto futebolístico nacional que consegue promover a unanimidade dos afectos. No entanto, acabaremos sempre por vir a saber que nem tudo são rosas na selecção e que a equipa das quinas é também palco para grandes ficções novelescas. O último contributo para a desmistificação de tanta comunhão à volta de uma bola foi prestado ao país por Sérgio Conceição.
Conceição veio a público prestar o seu apoio ao seleccionador Paulo Bento e, como em Portugal as homenagens são sempre contra alguém, aproveitou o ensejo para menorizar a tão celebrada dimensão patriótica da era de Luiz Felipe Scolari: "Não precisamos de bandeirinhas à janela", disse o actual treinador do Olhanense.
É verdade que, para ganhar à Alemanha, à Holanda e à Dinamarca, não fazem falta nenhuma as bandeirinhas à janela. O que faz falta, nestas ocasiões, é sempre a mesma coisa: golos na baliza dos adversários e, se possível, "bandeirinhas" que deixem passar os fora-de-jogo da nossa linha atacante. Está visto que Scolari era um parvo. E que Paulo Bento é bestial. Pelo menos até a bola começar a rolar. No futebol nada é certo. Nem as boas intenções. Não é, Sá Pinto?

ERRAR É HUMANO
Afinal sempre houve "quinhentinhos"
Na semana passada, Vítor Pereira (o presidente dos árbitros) concedeu uma extensa entrevista a "A Bola" em jeito de balanço da temporada. E fez o que lhe competia, defendendo a corporação a que pertenceu e que hoje lidera embora, como sempre acontece quando os poderes se prolongam, se desenhe já uma frente de jovens turcos do apito motivadíssimos para lhe ficar com o lugar e com as competências quando a hora soar.
Da entrevista de Vítor Pereira há a relevar duas afirmações: a primeira é de índole cómica. Pereira disse temer que, em Portugal, os árbitros se tornem "uma classe em vias de extinção". É impossível não lhe dar razão vendo as dificuldades com que Paulo Baptista subiu à tribuna do Jamor. Incrível como o árbitro não se "extinguiu" logo ali nas escadarias com tanta palmada nas costas.
A segunda é de índole criminal. Vítor Pereira disse a "A Bola" que o grupo de árbitros que comanda "não é a geração dos quinhentinhos". Ficámos assim a saber, pela voz autorizada de Vítor Pereira, que afinal houve mesmo uma "geração dos quinhentinhos" a operar em prol da verdade desportiva. E, pelos vistos, safaram-se todos lindamente, sem mácula. A dita mácula tombou apenas sobre as tabelas classificativas de década e meia do futebol português.

POSITIVO
Marinho enorme
Marinho tem 1 metro e 66 mas deve ter parecido um gigante a Rui Patrício quando surgiu na área do Sporting para fazer de cabeça o golo que deu à Académica a vitória na final da Taça de Portugal.

NEGATIVO
Villas-Boas na mira
Acabadinhos de se sagrar campeões europeus, os jogadores do Chelsea foram tudo menos corteses com o seu ex-treinador. Obi Mikel e Lukaku, entre outros, aproveitaram a festa para desancar no treinador português.

Robben maldito
Robben falhou uma grande penalidade no prolongamento da final da Liga dos Campeões e os adeptos do Bayern não lhe perdoam. O holandês foi vaiado pelo seu público no decorrer de um "amigável" com a selecção holandesa.

PÉROLA
"UM ASSESSOR DO FC PORTO DISSE-ME QUE DEVIA CUMPRIMENTAR O WITSEL APENAS LONGE DAS CÂMARAS", Steven Defour
A entrevista do belga portista à "Gazeta de Antuérpia" vem revelar o grau avançado do problema, que já parece clínico e do foro mental, que lamentavelmente afecta a arte ideológica do FC Porto no que diz respeito a qualquer tipo de relacionamento com o Sport Lisboa e Benfica."

Leonor Pinhão, in Correio da Manha