terça-feira, 15 de maio de 2012

Convite à reflexão

"Na sequência de uma temporada futebolística que ficou aquém das nossas ambições, a frustração dos adeptos tem levado a exageros que só a paixão e a grandeza (que se misturam e confundem entre si) conseguem explicar. Haverá quem se aproveite de uma e de outra para, com demagogia, construir uma teia de desestabilização que apenas serve os interesses dos nossos rivais. Independentemente disso, a verdade é que há muitos benfiquistas desgostosos, o que não deixa de ser normal atendendo a que o principal objectivo da época não foi atingido.

Insatisfação legítima
É preciso deixar aqui claro que a legitimidade dos sócios para exigirem um Benfica ganhador é um património inalienável do nosso Clube. É essa exigência que conduz ao sucesso, e é desejável que possa permanecer bem viva na forma como hoje nos vemos de uma década, ver um Benfica submerso no conformismo cumprir o nosso destino.
Esse grau de exigência não é conciliável com actos de desespero, e muito menos com obtusas manifestações de hostilidade, que são próprias de outros intérpretes, e um insulto para a maioria dos benfiquistas. Não é a gritar que nos ouvimos melhor uns aos outros. Mas, desde que expressa de forma civilizada, a contestação deve ser ouvida, servindo de alimento à ambição de todos os que trabalham na casa.

Os factos
Dito isto, importa analisar a temporada do Futebol Benfiquista, a frio, e sem dramas, nem ligeirezas de raciocínio. O balanço salda-se por um 2.º lugar no Campeonato, uma Taça da Liga, e uma brilhante presença nos quartos-de-final da Champions. Foi, pois, uma temporada ligeiramente melhor que a anterior, e bastante menos exuberante que a de 2009/10, quando fomos Campeões nacionais.
Se no contexto deste triénio, e atendendo às enormes expectativas que uma vantagem de cinco pontos a dada altura havia gerado, o pecúlio final sabe a pouco, há que lembrar, por outro lado, que no panorama das décadas mais recentes esta não foi, longe disso, uma das piores temporadas do Benfica. Nos últimos 15 anos, apenas terá sido superada pelos títulos (2004/05 e 2009/10), e eventualmente pela Taça de Portugal de 2003/04. Salvaguardando essas três excepções, em cerca de década e meia não vejo, infelizmente, nenhuma outra temporada muito melhor do que esta. Não é uma opinião. São factos, nem sempre tidos em conta, escondidos atrás do imediatismo e da superficialidade de um primeiro olhar.
Na verdade, em 18 anos, o Benfica teve 18 treinadores. Só venceu dois Campeonatos, um com Trappatoni (que tantos assobios ouviu), e outro com... Jorge Jesus. Todos os restantes técnicos entraram e saíram sem glória. Alguns terão constituído más escolhas, outros são hoje nomes acima de qualquer suspeita. Muitos foram Campeões Nacionais, e até Europeus, ao serviço de outros emblemas. No Benfica, nenhum deles teve vida fácil.

Uma história antiga
Esta triste evidência explica-se por motivos obscuros (um Sistema, que mantém as suas ramificações), por motivos desportivos (temos como adversário alguém que conquistou três taças europeias em menos de 10 anos), por motivos culturais (o regionalismo é uma arma poderosa contra a qual não temos encontrado antídoto), e também por alguns erros próprios (um dos quais o corrupio de treinadores e jogadores que demorou anos a sarar; e outro, a demora em perceber que, antes de ser um espectáculo para artistas de fino recorte, o Futebol é um desporto para atletas fortes e combativos). Não me parece que o principal desses motivos seja a colocação de um lateral-esquerdo em vez de outro, nem a pertinência de uma substituição ou de uma determinada táctica.
Subsistem no Benfica de 2011/12, questões técnicas que eu, como leigo, gostaria de ver explicadas - por exemplo, ao nível de gestão física do plantel. Mas, globalmente, não há como escamotear que o Benfica de hoje se situa num plano superior ao de há três anos, e incomparavelmente superior ao de há dez anos. É, de resto, essa elevada expectativa que está na origem do sentimento de frustração que agora nos aflige. É preciso, pois, termos cuidado com sentenças precipitadas, e com as consequências da nossa legítima desilusão."

Luís Fialho, in O Benfica

O sistema

"From: Domingos Amaral
To: Luís Filipe Vieira

Caro Luís Filipe Vieira
Ao longo de toda a década de 80, lembro-me de muitas noites em que a televisão se enchia com a figura de Pinto da Costa, em programas como o “Domingo Desportivo” e perante locutores como Nuno Brás, que se diz ter sido a inspiração de Herman José para criar o “Estebes”. Sempre que o FC Porto se sentia prejudicado pelos árbitros, lá aparecia Pinto da Costa a arengar. Dizia-se mesmo que havia a “cassete” dos comunistas e a “cassete” do FC Porto, sempre uma vítima do “sistema”.
A verdade é que essa repetitiva estratégia deu frutos. Já nos anos 90, Pinto da Costa chegou à liderança do futebol português, no célebre Organismo Autónomo, e a Liga que veio depois ficou instalada no Porto! Foram muitos anos a “comunicar” a sua fúria, mas valeram a pena. Se Pinto da Costa tinha ou não razão em cada caso, já ninguém se lembra, mas a partir dos anos 90 os árbitros passaram a tratar o FC Porto com deferência e respeitinho.
Vem isto a propósito da ofensiva do Benfica dos últimos dias. As entrevistas de Carraça, Jesus e João Gabriel, a dizerem a verdade – que o Benfica (e o Sporting) foram altamente prejudicados pelos árbitros e que o FC Porto foi beneficiado – só pecam por tardias. Tardias e táticas, pois parecem apenas uma forma de pacificar os benfiquistas, levando-os a aceitar a continuação de Jesus. Contudo, o problema de fundo não é esse. O “sistema” não pode ser atacado só quando já se perdeu. O “sistema” tem de ser atacado todos os dias, com muita agressividade e de todas as formas possíveis. A Liga, a Federação e os árbitros levam o FC Porto ao colo, e enquanto o senhor não utilizar uma estratégia eficaz, e o Benfica se ficar pelas “entrevistinhas” aos jornais, nada muda. É pena que ao fim de tantos anos ainda não tenha percebido o básico."

Sem rei nem roque

"Domingo passado tive oportunidade de reiterar que a regulamentação desportiva não pode ser entregue em estado sem freio às federações desportivas e às ligas. Há um conjunto de matérias em que se demonstrou que a auto-regulação pura não serve o interesse público e afronta princípios legais fundamentais. Nem de propósito, no início deste maio, o Conselho de Justiça da FPF veio colocar a nu essa realidade e a subjacente necessidade de intervenção do Estado regulador.
A história é simples e conta-se depressa. Em junho de 2011, os clubes da LPFP aprovaram várias alterações ao Regulamento Disciplinar (RD), propostas então por Fernando Gomes. Este, garboso, tinha intoxicado a opinião pública com a emergência de “mudanças fortes na disciplina da Liga”, na boleia do impacto à inação da sua Comissão Disciplinar em face dos episódios do arremesso de bolas de golfe e outros objetos para os campos em certos jogos mais tensos e de certas declarações de dirigentes contra as equipas de arbitragem depois de nomeadas. Essa mensagem – profundamente ilusória, pois não trazia nada de tão novo assim nesses ilícitos – disfarçava, porém, modificações substanciais em matérias processuais e orgânicas que, não obstante haver méritos na reformulação de infrações, revelavam ilegalidades e violações estatutárias manifestas em muitos dos seus preceitos e invadiam competências inalienáveis do Conselho de Disciplina e da própria direcção da FPF – como exemplo mais chocante, chegava a dar-se poderes a uma nova “Comissão de Instrução e Inquéritos” (uma espécie de sucedânea do “corpo de instrutores”) e à Comissão Executiva da Liga para instaurar processos disciplinares…
O certo é que a nova versão do Regulamento Disciplinar foi aprovada pelos clubes. Gomes ignorava, aparentemente, que a sua vigência dependia de ratificação na assembleia geral (AG) da FPF. E, quando “descobriu”, teve de arranjar à pressa a desculpa que as eleições tardias para a FPF impediam a entrada em vigor na época 2011/12… Logo, ficaria tudo na mesma, à espera da nova AG que saísse das eleições federativas.
Chegado este fim de semana o momento da apreciação pela AG da FPF, chegou também o momento de se sujeitar a legalidade desse RD ao crivo do Conselho de Justiça (CJ) da FPF. Como se esperava, pela pena do sabedor e experiente conselheiro José Sampaio e Nora, a reprovação foi clara e letal para o então presidente da LPFP e agora presidente da FPF. “Violação flagrante” da lei e “ilegal” são as fórmulas usadas no parecer do CJ que melhor resumem a avaliação da putativa revisão de Fernando Gomes na Liga. Conclusão do CJ: “Por desconforme com a lei nos seus fundamentos e nas propostas apresentadas, não deve ser globalmente aceite e aprovado o pedido de ratificação do Regulamento Disciplinar (…), por conter alterações que colidem com a lei ou os estatutos [da FPF]”. Sendo assim, a ratificação foi ontem retirada da “ordem de trabalhos” da AG da FPF e Gomes viu do palanque o falecimento da anunciada “grande reforma”. Ironia do destino: o “gomismo” a ser o carrasco de si próprio. Sinais dos tempos?"

Parabéns Javi


Não costumo comentar convocatórias para as Selecções, mas esta do Javi Garcia, mesmo sendo para dois jogos particulares, deixa-me muito feliz pelo Javi... o homem já merecia esta chamada à muito tempo... isto não garante a presença no Europeu, mas é um justo prémio ao trabalho do Javi no Benfica.

PS: Então não é que os Espanhóis (Campeões do Mundo e da Europa) consideraram o Roberto o melhor 'portero' da sua Liga!!! Sempre que o homem deu um 'frango' (e deu alguns) era logo os jornaleiros tugas em êxtase com vídeos e artigos, será que agora alguém vai dar relevância a este prémio?!!! Ou vão 'esconder' a notícia num rodapé qualquer?!!!