sexta-feira, 4 de maio de 2012

A festa parola dos pilha galinhas

"Ao ver aquela meia dúzia de alarves aos saltos numa festarola parola e sem sentido, fiquei com ideia de que era feriado na cadeia de Custóias e de que os criminosos tinham vindo apanhar ar numa noite deprimente de chuva ácida. A verdade é que eram poucos, muito poucos. Na sua maioria exibindo feições reveladoras de deficiências, tanto físicas como morais. Arranhavam as gargantas com insultos escabrosos e visavam as mães alheias com apodos que ficariam mais bem empregues nas suas próprias mães. Vista de fora, a funçanata metia nojo. Os pilha galinhas iam roubando carteiras uns aos outros e urinando nas pernas dos Homenzinhos-de-Cócoras, convidados especialíssimos por serem os verdadeiros cozinheiros de tamanha mixórdia.
Acabado de chegar da Meseta Ibérica, o Diabo Madaleno estava lá. Fora figura visível de mais uma bambochata. Na bancada presidencial, lado a lado com a sua messalina barata, tratara de amaldiçoar o dono da casa com uma derrota humilhante, para que este aprenda de vez que o lugar do Diabo é atrás da porta. Depois regressara a Mafamude deixando atrás de si um cheiro pestilento. Sim, porque o Diabo Madaleno não fede a enxofre, fede a podre e a excremento. Agora, no meio do baile dos lafargas, exalava o seu pivete com um sorriso crápula afivelado nos lábios e obrigava os saloios a taparem o nariz à sua passagem. Ninguém percebia ao certo as razões de tão estúpida alegria. Nada nela havia de orgulho, de prémio ou de autenticidade. E a dança grotesca dos Homenzinhos-de-Cócoras ao som dos palavrões e dos insultos estava aí para comprovar a salácia. Um grupelho de larápios brejeiros saiu à rua para festejar uma falcatrua. Saltaram sobre as capotas de automóveis, conspurcaram os passeios e gritaram porcarias. Ao vê-los, perguntei para com os meus botões se a imbecilidade e a indecência não terão limites? O sorriso flatulento do Madaleno garantiu-me que não..."

Afonso de Melo, in O Benfica

Respirar de alívio por Jorge Jesus

"Amanhã, o Benfica joga mais que uma finalíssima no campeonato de voleibol. Joga a conquista de uma época de luxo com Supertaça, Taça e Campeonato. Joga a vitória do primado dos jogadores portugueses, porque quatro dos seis jogadores-base são a base da selecção, Coelho, Roberto, Gaspar e Flávio. Joga a aposta numa das mais fantásticas modalidades de pavilhão.
A vitória do Benfica neste campeonato representaria a vitória da modalidade. Modalidade essa que só o Benfica torna nacional, todos os outros clubes ficam na cintura do grande Porto e nas ilhas. É importante que o voleibol mantenha os seus principais emblemas e possa conquistar mais clubes para ter futuro. O esforço de formação que o Benfica vem fazendo no voleibol merece ser recompensado. O esforço de José Jardim e Rui Mourinha, também.
O voleibol é uma modalidade olímpica em franca expansão e uma das mais espectaculares. Esta final ganha valor ao ser disputada contra um Sporting de Espinho de qualidade, com uma defesa baixa óptima e uma recepção apreciáveis. Por tudo isto seria inaceitável não ter um pavilhão ao rubro, cheio de apoio ao Benfica e respeito pelo adversário, que merece pela dedicação que dá ao voleibol.
Amanhã, queremos um ambiente fantástico para uma conquista ímpar. Amanhã, não há desculpas para não ir, por respeito ao Espinho, por gostar de voleibol ou por amor ao Benfica.
Notável entrevista de Jorge Jesus, ontem, neste jornal. Excelente no tempo, na forma e no conteúdo. «Sem casos de arbitragem o título seria do Benfica» era algo que lhe faltava ouvir. Quem como eu tanto defende Jorge Jesus como treinador e tanto o critica na sua estratégia de comunicação, ontem respirou de alívio. Parece estar a ganhar o que lhe faltava. Agora falta ganhar dois jogos... por muitos e preparar a próxima época para ganhar mais títulos."

Sílvio Cervan, A Bola