quinta-feira, 26 de abril de 2012

Tetra - Campeã Europeia !!!


A nossa menina mais uma vez não nos deixou mal... Pela 4ª vez a Telma Monteiro sagrou-se Campeã Europeia de Judo (2006, 2007, 2009, 2012).
Foi lá para os lados dos Urais, em Chelyabinsk na Rússia, perto do Cazaquistão, que a Telma após derrotar uma Turca, uma Russa, uma Húngara, e uma Francesa chegou à final da competição... e numa final 'à Troika', lá venceu a adversária Grega!!!
Após 'subir' uma categoria (de peso), após mudanças importantes nas regras dos combates (que proibiram a utilização das técnicas mais usadas pela Telma), após algumas lesões dolorosas, a Telma continua a vencer e a convencer... depois de nesta época, em Paris, ter derrotado as suas principais adversárias a nível Mundial (as Japonesas), agora foi a vez de dominar a nível Europeu... é verdade que no passado em algumas grandes competições a Telma ficou aquém das expectativas, mas hoje, com mais experiência, acredito que neste ano Olímpico o destino da nossa Telma, será o de ganhar a única medalha de ouro que ainda lhe falta... Muitos Parabéns...

A eterna questão das cadeiras

"O Benfica, tal como outros grandes clubes, não tem potencial para discutir, ao mesmo tempo, Liga e ambicionar 'meias' e finais europeias

NO Sábado passado, na Luz, houve protestos pintados nas paredes do Estádio. O visado foi o presidente do clube, Luís Filipe Vieira que vai entrar, não tarda nada, em pré-temporada eleitoral. E sabendo que há pintores-anarquistas activos na casa e com uma sebenta inteira anotada com frases suas tiradas de antigas entrevistas.
A verdade é que há muitos benfiquistas zangados com a entrega do título ao FC Porto depois de desbaratada uma vantagem de 5 pontos. E 5 pontos, nestas coisas, é muito ponto.
Nem todos, felizmente, optaram por exprimir o seu desagrado correndo ao estádio, à noitinha, para pintar frases nos muros da Luz, o que está mal, é lesa-património. Se assim tivesse acontecido, tinham-se esgotado os sprays de tinta em Lisboa e arredores e não haveria uma nesguinha de parede livre.
A perda deste campeonato foi muito dolorosa para a nação benfiquista porque, para além do tal avanço já referido e rapidamente esbanjado, dificilmente se convencem os adeptos encarnados de que o FC Porto de Vítor Pereira - sim, de Vítor Pereira! - alguma vez jogou melhor no decorrer da temporada do que o Benfica de Jorge Jesus, com o Emerson e tudo.
Na procura de razões é sempre imperioso apontar culpados. E agora, com o campeonato a chegar ao fim e com o FC Porto à beira de celebrar, aperta-se o cerco aos culpados. É quase sempre assim, Vieira conhece bem a extensão do desapontamento geral nas horas amargas. Mas este ano é pior porque o Benfica teve o campeonato na mão e não teve estofo de campeão.
Entre a derrota em Guimarães e a derrota com o FC Porto, na Luz, foi declarado por unanimidade que a culpa era dos árbitros. Para esta conclusão muito contribuiu, e de forma espampanante, o golo de Maicon, em posição ilegal, que deu a vitória aos actuais futuros campeões nacionais.
Com a derrota em Alvalade, os árbitros foram suplantados em culpa, e às toneladas de culpa, primeiro pelo treinador e, logo a seguir, pelo presidente. Ambos se devem sentir bastante injustiçados nestas liças ideológicas com os adeptos, as suas exigências e, sobretudo, com as suas fantasias.
O problema aqui é precisamente esse: a fantasia. Mas ninguém de bom senso culpará o presidente e o treinador do Benfica por não terem avisado logo em julho, quando a temporada começou, que o Benfica, tal como outros grandes clubes Europeus, não tem potencial desportivo nem mental nem estratégico para discutir, ao mesmo tempo, o seu campeonato nacional e ainda ambicionar meias-finais e finais de taças europeias.
Aliás, a única equipa da Europa que o consegue fazer é o Real Madrid que vai ser campeão em Espanha mas soçobrou nas grandes penalidades do jogo de ontem. Todos os outros pagaram muito caro nas suas provas internas a ousadia de chegar às meias-finais e à final da Liga dos Campeões.
O Bayern de Munique, justíssimo finalista da Liga dos Campeões, perdeu na semana passada o campeonato para o Borussia de Dortmund. E quanto ao outro finalista, o Chelsea, goza porque se pode dar ao luxo de chegar à final de Munique descansadíssimo visto que, em Inglaterra, já perdeu o campeonato em Dezembro e nunca teve de lutar a mil por cento nas duas provas.
Até na Liga Europa, embora a um nível mais baixo, acontece o mesmo: os quatro semifinalistas nunca no decorrer da temporada se viram envolvidos na discussão pelo título dos respectivos países. E, como exemplo final, só quando foi eliminado desta prova conseguiu o FC Porto encarreirar-se com eficácia no campeonato português.
Reza a lenda que dizia Bela Gutman: «Não há rabo para duas cadeiras.»
Há que dar a justa medida às ditas cadeiras.
Prometer não vale. Escrever na paredes, também não. Num clube com grandiosa tradição democrática não é a coberto da noite que se deixam lamentos.

HOUVE um tempo em que o hóquei em patins tinha maior peso na vida desportiva nacional do que hoje tem. Um tempo em que os jogadores de hóquei em patins eram figuras de uma imensa popularidade, quase rivalizando com os jogadores de futebol em termos de atenção da imprensa. O fenómeno foi-se esboroando com o tempo. A culpa foi, dizem os especialistas, do aparecimento da televisão que matou o hóquei que era, essencialmente, um desporto incensado e favorecido pela rádio.
José Leste começou a jogar hóquei em patins em 1973, um ano antes da revolução de Abril de 1974, numa época já distante dos anos gloriosos de Jesus Correia, Emídio Pinto e companhia, mas ainda numa época em que um Portugal-Espanha sobre rodas, fosse a sério fosse a brincar, fazia sempre agitar de frémito o nosso país e o país vizinho entregues às suas melancólicas e ancestrais rivalidades no ringue.
O primeiro clube que Leste defendeu foi a Associação Juventude Salesiana. Leste era um artista. Jogador de repentes, com um jogo cheio de fantasia, esquerdino, goleador surpreendente. Foram estes atributos que levaram o Benfica a contratá-lo mas seria no Sporting que faria a parte mais interessante da sua carreira. Leste foi chamado à selecção nacional por 68 vezes, 14 como júnior e 54 como sénior. Como sénior, jogou em Europeus e Mundiais que modo algum sorriram a Portugal mas, em 1982, fez parte da sensacional equipa nacional de hóquei em patins que conquistou, em Barcelona, título mundial que já escapava há três edições da prova.
Leste, a par de Cristiano, Ramalhete e de Xana, foi uma das figuras maiores dessa saga vitoriosa de 1982 e que terminou com uma vitória sobre a Espanha, «por supuesto», por 5-3. E foi também o melhor marcador do torneio com 39 golos.
Torna-se cada vez mais difícil explicar às gerações mais novas os fundamentos da doentia rivalidade que dilacerou durante algumas décadas a Península Ibérica por causa do hóquei em patins. É um facto que essa rivalidade sem freio com os espanhóis foi incutida nos programas escolares do Estado Novo com a sacralização da batalha de Aljubarrota e viria a culminar, muitos séculos mais tarde, em popularíssimas disputas sobre rodas à mais alta velocidade e em ambientes de fervorosos contextos patrióticos.
Quando era jornalista desta casa, fui mandada fazer a cobertura de um Europeu de hóquei em patins, em Barcelos, no ano de 1985, que terminou com uma derrota das nossas patinantes quinas frente à espanholada. E que terminou também com os jogadores espanhóis a abrigarem-se dentro das duas diminutas balizas do ringue para escaparem ao arremesso de projecteis de um público lusitanamente inconformado.
Tudo isto foi há muito tempo. Actualmente é complicado explicar a genuinidade destes sentimentos aos mais novos, aos que não foram criados neste ambiente de rivalidade histórica e desportiva com os vizinhos do lado. O mundo mudou, felizmente.
E o mundo mudou tanto, entretanto, que já é possível a este jornal produzir e pôr a circular uma primeira página como a do jornal do último sábado, com toda a manchete graficamente ocupada pela antecipação do Barcelona-Real Madrid em desprimor  da antecipação dos jogos do Benfica e do FC Porto que se jogaram no mesmo dia e que foram referenciados em dois quadradinhos a uma coluna de largo.
Noutros tempos isto seria um absurdo e um escândalo tal que poderia até levar ao encerramento do jornal e ao internamento do director. Assim não aconteceu no sábado. E nem sequer houve a registar protestos dos benfiquistas ou dos portistas contra A BOLA por os jogos dos seus respectivos clubes merecerem tão diminuta atenção perante o colossal clássico espanhol.
Antes pelo contrário, houve uma concordância total do público com o critério editorial de A BOLA. No Estádio da Luz, dez minutos antes do Benfica-Marítimo acabar houve muita gente que se pôs a andar rapidamente para casa não fossem perder os primeiros minutos do jogo de Nou Camp. Contam-me que no Estádio do Dragão ocorreu uma coisa semelhante, ainda que inversa. Houve muita gente que só chegou depois do FC Porto-Beira Mar ter começado, não fossem perder os minutos finais do Barcelona-Real Madrid.
Chama-se a isto educar o gosto e não vejo nada de antipatriótico na questão.
Ainda que todo esto seja um bocadinho estranho.

PS - Celebrou-se esta semana o 30.º aniversário da presidência de Pinto da Costa no FC Porto. É incorrecto, no entanto, afirmar-se que Pinto da Costa está em funções há 30 anos. Não é verdade. Em rigor, está há 28 anos em funções porque há que subtrair os 2 anos de suspensão de funções a que foi condenado pela justiça desportiva no âmbito daquela coisa do Apito. Mas 28 anos são sempre 28 anos. Ainda que não sejam 30."

Leonor Pinhão, in A Bola

PS: Atenta como sempre a Leonor recorda um facto que no rescaldo do agradável Benfica-Marítimo, ninguém se tinha referido: Este jogo com os Madeirenses foi o primeiro após um longuíssimo período em que o Benfica foi jogando 2 vezes por semana, com muito poucas excepções... além da utilização de alguns jogadores menos utilizados, este facto também terá contribuído para que a exibição tivesse sido mais 'solta'...

Lugar na história

"Primeiro: pior do que os “tabus” dos políticos, só mesmo esses mal amanhados jogos de reserva mental nos dirigentes desportivos, à espera “do momento”, da “vaga de fundo”, do “eu ou o caos”. Tudo familiar, infelizmente. Segundo: tão mau quanto um país democrático sem oposição é o aceitar da gestão de um clube sem ideias alternativas ou complementares, meio caminho andado para o autismo (passe a expressão e fique o conceito). Terceiro: um contrato de treinador de futebol é tão válido como as leis laborais portuguesas, e tão perene como os “direitos adquiridos”. Quer dizer: aplica-se até que se levantem “superiores interesses”, venham eles dos ditames de uma troika qualquer ou do bramido das massas ululantes.
Por estas três premissas quis chegar à atual situação do Benfica, que se deixou cair na asneira de marcar eleições para outubro, já em plena época. Pergunto: sendo legalmente inatacável, será eticamente defensável o sumário despedimento do atual treinador, com hipóteses de rumar a outra casa – sabendo-se, ainda por cima, que Pinto da Costa não desdenha a aproximação, uma vez que se verá obrigado a desfazer um nó chamado Vítor Pereira, para sossego dos adeptos e das finanças portistas – com pesada indemnização (sete milhões?), com recomeço de todos os processos ainda antes de solidificado um modelo de jogo, com perda das inegáveis vantagens que Jorge Jesus (a par das falhas, já lá vamos) já demonstrou, e dentro de campo? Da mesma forma, num momento em que a chamada nação benfiquista espera uma prova de força a valer – depois dos falhanços com as arbitragens, com a gestão do plantel, de Enzo Pérez a Ruben Amorim, com o “mandato dos êxitos desportivos”, com as outras modalidades – do seu presidente, será tolerável que este hipoteque parte do futuro do clube com a timorata assinatura de um desvantajoso contrato com a Olivedesportos?
São apenas duas questões das muitas que podem separar Luís Filipe Vieira da grandeza. O homem que teimou no novo estádio, que hoje não se discute, que credibilizou financeiramente o nome do Benfica depois de todas as aventuras, que voltou a edificar o clube em termos europeus e que – com a ajuda de Jesus – revelou a capacidade para os indispensáveis negócios da sobrevivência, que denunciou (sozinho) o Apito Dourado, já tem lugar na História. Sem oposição à vista, falta-lhe um passo para a grandeza: aceitar o diálogo, aproveitar sugestões, preocupar-se mais com o adversário externo do que com as reticências internas. Começar por não delapidar os poderes do sucessor – que até pode ser ele próprio – é um bom princípio. Fortalecer a estrutura é um imperativo. E não ouvir sempre os mesmos um sinal exterior de democracia. Será?"