quinta-feira, 5 de abril de 2012

As noivas da bola (e um saltinho a Londres)

"Se para manter a Liga até ao fim, é necessário transformar os árbitros nas noivas do futebol, que repiquem os sinos. Uma noiva só se descobre no altar e um árbitro à saída da cabina

VÍTOR PEREIRA (refiro-me ao presidente da Comissão de Arbitragem e não ao treinador do FC Porto) decidiu esconder as nomeações dos árbitros para a última jornada do campeonato e a coisa até lhe correu bem. Houve um inusitado sossego no país nos dias que antecederam a acção e depois não houve grandes protestos sobre o trabalho dos árbitros em todos os jogos da ronda 25. Talvez não tenha sido apenas uma coincidência feliz.
E, pelo menos, dá que pensar e logo numa jornada em que houve um confronto entre rivais directos, candidatos ao título, e que terminou com a vitória de uma equipa, a consequente derrota da outra e com uma grande penalidade pelo meio, o que poderia dar azo a grandes lamentações se, porventura, Vítor Pereira não tivesse escondido João Ferreira até praticamente ao momento em que o árbitro subiu ao relvado do Estádio da Luz.
Ou se, porventura também, não tivesse sido tão espampanante a cabeçada do desastrado Elderson no doutor Bruno César, especialista em reanimações. Pormenor que, para o caso, pouco ou nada interessa.
Porque o que de relevante aconteceu nesta última jornada foi uma ausência de casos e uma ausência de tal monta que quase deixou sem assunto de conversa 10 milhões de portugueses. Isto é subversivo, notem bem. Sem com que dizer mal dos árbitros durante uma semana inteira poderão os nacionais dedicar-se a observar a sua própria realidade com consequências funestas para o sossego do país.
E nesta estamos. Temos de optar entre o sossego dos árbitros e o sossego do país.
Voltemos ao futebol. No último fim de semana não houve queixas contra os árbitros, foi a regra. O presidente do Sporting de Braga e o guarda-redes do Sporting de Braga deram-se ao luxo de poder dizer que houve motivo para a grande penalidade com que o Benfica inaugurou o marcador.
Quanto à excepção a este estado de harmonia geral, registe-se com muito boa vontade um curtíssimo lamento de Sérgio Conceição, treinador do Olhanense, no final do jogo que disputou com o FC Porto. E nem de um lamento se trata. Foi antes uma delicadeza: «Houve um erro ou outro por parte da arbitragem, sem relevância, que também não ajudou o nosso objectivo», bem dito.
Na Marinha Grande, se quiserem outro exemplo, esteve Pedro Proença a dirigir o jogo entre o União de Leiria e o Sporting e também se registou um não-caso que, sem o árbitro ter sido escondido, poderia ter resultado num caso de enormes proporções. E por ser já um árbitro com traquejo em apagões, Proença lidou muito melhor com a falta de energia na Marinha Grande na noite de domingo do que terá lidado com a falta de energia em Braga quando o Benfica foi lá jogar em novenbro.
Tudo isto para dizer, com toda a franqueza, que a medida de Vítor Pereira foi ajuizada. E poderia até instituir-se como preceito a observar daqui para a frente em prol do sossego dos árbitros e do consequente desassossego social que se instalaria no país por falta de assunto sobre árbitros.
A Liga portuguesa é a mais competitiva da Europa, dizem os especialistas estrangeiros surpreendidos com a novidade. E se para a manter a competição acesa até ao fim sem declarar guerra aos árbitros é necessário transformá-los nas noivas do futebol, que repiquem os sinos das igrejas. Se uma noiva que se preze só se descobre à chegada ao altar, um árbitro à saída da cabina.
E assim seremos todos muitos felizes para sempre.

PERMITAM-ME que partilhe uma surpresa enorme que tive esta semana. Penso que a grande maioria dos leitores se sentirá tão surpreendida quanto eu. Sabiam que aquela coisa do Apito Dourado ainda não acabou? Eu, honestamente, não sabia. Pensava que o dito processo estava já morto e enterrado há muito tempo. Mas não. Ainda anda por aí, pelos tribunais.
Mas anda muito devagarinho como tive oportunidade de constatar ao ler uma notícia do semanário Sol que dizia ter sido instaurado «um inquérito, a pedido do Conselho Superior da Magistratura, para investigar o que se passou na secretaria do Tribunal da Relação do Porto que fez com que o processo principal do Apito Dourado ficasse um ano parado de forma anómala».
O que se terá então passado na secretaria para que, segundo o Sol, estejam agora «a prescrever os crimes de corrupção passiva» e «os 11 arguidos condenados ficarão impunes»?
Bola e justiça, são mundos diferentes.
Em futebol, a expressão ganhar na secretaria não abona os vencedores. Na justiça, que é um assunto sério e tem outros léxicos, as coisas não se passarão assim de certeza absoluta.

NA minha opinião, o FC Porto demorou uma enormidade a desmentir a notícia deste jornal que dava como certa a saída de Vítor Pereira (refiro-me ao treinador e não ao presidente dos árbitros) no final desta temporada, caso ganhe ou caso perca o campeonato.
A notícia de A BOLA foi para a rua ainda madrugada, quando os jornais se começam a vender nos quiosques, nas estações de comboio e em todos os apeadeiros. O desmentido só surgiu aos olhos do grande público ao princípio da tarde quando alguns sites reproduziram o comunicado oficial e furibundo do FC Porto.
Nem que fossem 15 minutos... mas passou, de facto, muito tempo. Deve ter sido longa a agonia de Vítor Pereira à espera de que a entidade patronal fizesse publicamente o que lhe competia.
No seu comunicado, o FC Porto acusa A BOLA de estar a prestar um favor ao Benfica porque é ao Benfica que «interessa» a notícia, presume-se que pelo efeito desestabilizador potencialmente causado no balneário do Dragão.
Também na minha opinião, ao deixar passar tanto tempo - nem que fossem 15 minutos... - até ao desmentido oficial, o FC Porto terá inadvertidamente desestabilizado mais Vítor Pereira do que a notícia de  BOLA. Mas opiniões são opiniões.
O FC Porto promete responder com vitórias e com o tempo às «infelizes mentes» que produziram a provocação.
Com o devido respeito, penso que o FC Porto não está a ver bem a situação. É que a coisa ainda é mais grave do que parece e sempre, claro está, em função dos interesses do Benfica. Porque, certamente por absurdo, é para os benfiquistas muito importante que, caso ganhe ou caso perca o campeonato, Vítor Pereira continue a ser treinador do FC Porto no próximo ano.
E depois deste desmentido tão veementemente ofendido do FC Porto, torna-se mais difícil que isso não aconteça. A partir de agora é uma questão de egos. E lá mais para diante se verá quem estava a falar a sério e quem estava a falar a brincar.

ONTEM, em Londres o Benfica portou-se muito bem jogando mais de metade do jogo com menos um jogador do que o adversário. Compreende-se o desejo de Jorge Jesus de encontrar o Chelsea nesta fase da competição. Em inferioridade, o Benfica atacou a baliza do Chelsea toda a segunda parte, conseguiu marcar um golo e criou inúmeras oportunidades.
Não foi por causa de ter jogado com dois centrais de recurso que o Benfica perdeu a eliminatória em Stamford Bridge. Em futebol-futebol, o Benfica teve sempre argumentos para os ingleses. E ontem esses argumentos estiveram quase sempre à vista.
Quantos aos outros argumentos, quer na Luz quer em Londres, ficou provado que, de facto, o Benfica não os tem.
Descansem bem. Porque bem merecem."

Leonor Pinhão, in A Bola

Cobardes pouco originais !!!


Nas vésperas de mais um clássico, mais uma vez temos Casas do Benfica vandalizadas... os Lagartos não têm imaginação nenhuma, continuam a copiar os piores exemplos dos Corruptos!!!
Não é fácil 'construir' e manter uma Casa do Benfica, é necessário muita dedicação, e trabalho... neste caso a todos os Benfiquistas de Quarteira, Faro e São Brás de Alportel o meu total apoio, tal como a equipa demonstrou ontem, apesar das contrariedades, nunca desistimos...!!!

Benfica TV 'chega' a França

Depois de um início com toda a força, o processo de internacionalização da Benfica TV parecia estar 'emperrado'... algo que esta notícia felizmente contraria... ao chegar ao mercado Francês, a Benfica TV dá um salto enorme, é provavelmente o maior mercado Lusitano fora de Portugal... Mais uma vez, parabéns à Benfica TV.

Jesus e César

"Começou atrasado. Dez minutos. Quase acabava no dia das mentiras. Refiro-me, ainda, ao Benfica-SC Braga. Mas, o jogo, desportivamente falando, não foi uma mentira. Bem disputado (o que não é necessariamente o mesmo que bem jogado), com seriedade, sem a overdose de casos que alimentam o espiríto da mediocridade.
O Benfica ganhou o jogo no fim. Como o Braga havia ganho em Olhão nos derradeiros instantes. Tal como o Porto evitou a derrota em casa com a Académica. Sabemos como custa perder nessas circunstâncias e como é saborosa a vitória ao cair do pano. Fruto de uma perspectiva muito nossa que, às vezes, faz acabar o jogo antes do fim, porque o último minuto vale menos do que todos os outros, apesar de ter exactamente a mesma medida de sessenta segundos.
O Benfica ganhou um jogo em que o valoroso adversário teve mais classe do que o clássico Chelsea que, não obstante, saiu vencedor. É assim o futebol e é essa a sua magia inesgotável.
O árbitro errou algumas vezes, mas não foi o astro da noite. Ainda bem.
O Braga evidenciou ser uma equipa que já ultrapassou há muito a mediania de equipa provinciana. Está no lote dos primeiros, ainda que sem iguais pressões e exigência. Oito dos que jogaram na Luz foram dispensados ou dispensáveis nos ainda chamados três grandes. Tem um treinador jovem, sensato, inteligente e que não se esconde em desculpas esfarrapadas de mau perder.
O Benfica demonstrou, com superior orientação, uma grande determinação, superando o cansaço mental e anímico de uma derrota amarga dias antes. Em véspera de Domingo de Ramos: a Jesus o que é de Jesus e a César o que é de César."

Bagão Félix, in A Bola

Trégua olímpica

"Este ano, pela primeira vez, todos os países membros das Nações Unidas assinaram a trégua olímpica para o período dos Jogos de Londres. Daqui a uns meses, o Mundo volta a viver uma das tradições inteligentes da Grécia Clássica, que consistia na declaração de um período de deposição das armas e observação de paz absoluta, de forma a assegurar toda a segurança aos participantes e assistentes aos Jogos de Olímpia.
Este ato único universal transporta-nos para um Mundo de verdade, respeito e harmonia em forma de redoma cercada de hipocrisia por todos os lados. Os povos em paz e os desportistas numa competição desenfreada, quantas vezes nos limites da legalidade e da correção, em particular pelo recurso ao doping, sem esquecer o jogo súcio que as regras de algumas modalidades admitem, nomeadamente as do futebol – sem dúvida o menos olímpico de todos os desportos.
Foi precisamente a sua natureza apaixonante que trouxe o futebol para cenários de desconfiança e batota que o ameaçam, mas não conseguem derrubá-lo. Quando as coisas parecem muito negras, uma espécie de trégua olímpica sempre surge em nome do bom senso, refreando as hostes e salvando o essencial, até à próxima guerra.
Desta vez foram os árbitros que obrigaram os agentes extremistas que mantêm o futebol português a viver sob permanente ameaça de estado de sítio a assinarem uma espécie de trégua olímpica, fingindo que respeitam a classe de que mais dependem para alcançarem o sucesso. Foi surpreendente a obediência dos guerrilheiros da verdade desportiva nesta primeira jornada sob efeito da ameaça de boicote, embora fique por saber se um fim-de-semana com poucos erros e com vitórias dos mais fortes valeu, de facto, mais do que o medo de não ter árbitros para a explosiva 26.ª jornada.
Os próximos dias esclarecerão esta dúvida e, se tudo não tiver passado de um ataque de pânico generalizado, haverá que tirar consequências da ameaça dos árbitros. Eles deixaram-se criticar, pisar e vilipendiar, gradualmente, pela falta de independência e pela corrupção moral (e não só) de gerações sucessivas, colocando-se cobardemente no final da cadeia de interesses, incapazes de gerir uma boa imagem e uma comunicação coerente.
Acossados pela coação introduzida na internet pelos adeptos mais cobardes, que nenhum emblema renega, até reagiram da pior forma, colocando-se numa posição eticamente indefensável. Se todos os agentes envolvidos neste meio desistissem por ameaças veladas ou explícitas, há muito não haveria, por exemplo, jornalistas capazes de dar a conhecer o que para aí vai de marginalidade e falsidade.
Não nos iludamos, pois, com a trégua em curso. Os dirigentes dos clubes não respeitam os árbitros e o ilusório fim-de-semana de decoro e mesuras que vivemos acabará por descambar, assim que não houver remédio para as classificações. Os árbitros ficarão, então, reféns da sua contra-ameaça, obrigados a assumir-se repugnantes e dispensáveis, com uma inaceitável deriva justiceira, ou a recuar para um estado de bom senso olímpico que, manifestamente, lhes tem faltado nos últimos tempos."

O bom caminho

"No ser humano há uma enorme atração pela asneira. Se alguém diz qualquer coisa com um arzinho de novidade, mesmo que seja um grande disparate, é certo e sabido que vem logo uma multidão repetir o que foi dito.
Vem isto a propósito da afirmação de que “Jesus geriu mal o plantel”. Ora não deve ter havido esta época uma equipa que rodasse tanto os jogadores como o Benfica. Por poupança, por lesão ou por castigo, os nomes têm-se sucedido em todos os sectores, ao ponto de Jesus já não ter jogadores para rodar. No centro da defesa jogaram Luisão, Garay, Jardel e Miguel Vítor (estando agora três fora de combate!). Nas laterais atuaram quase sempre Maxi e Emerson, mas também jogou Capdevila. No meio-campo alternam Javi, Witsel, Aimar e Matic. Nas alas revezam-se permanentemente Gaitán, Bruno César e Nolito. No centro do ataque já alinharam Cardozo, Nélson Oliveira e Rodrigo. Assim, nos 10 lugares de campo já houve 17 titulares. Mais era difícil.
O problema do Benfica é outro. O Benfica está a pagar o preço do êxito. Há muitos anos que não havia uma época assim, com a equipa a chegar a abril com hipóteses de vencer três competições. E, mesmo que não ganhe nada (só pode vencer um), este é o fruto de um trabalho de fundo que começa a render.
É assim que se atinge o topo. Até porque, mesmo com o enorme desgaste físico e mental a que não estava habituada, a equipa consegue performances notáveis – como a jogada que ditou o 2-1 contra o Braga, um hino ao futebol realizado mesmo no fim do jogo e apesar do enorme balde de água fria que fora o golo do empate. O Benfica está no bom caminho. Agora é continuar."