quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

O criador

"O Criador é submisso. O Criado obedece. O Criado ladra quando o Palhaço manda ladrar. O Criado é sinistro: cola-se às sombras dos túneis de onde surge para insultar e agredir. Os túneis são um vício: têm recantos escuros, e humidade, e visco. Eles gostam de túneis: sentem-se bem em lugares onde passam despercebidos e atacam pela calada; lugares onde não há testemunhas das suas acções cobardes. Eles são como fungos: a sua violência começa por ser silenciosa, mas espalha-se à maneira dos cancros. Eles entranharam-na como uma doença. A violência está-lhes no sangue, o insulto vulgarizou-se como um hábito quotidiano. É essa a sua natureza ignóbil. Invertebrados como o Criado foram amamentados a lodo e a fel. São seres inchados e adiposos: chouriços de pus. De gente têm pouco: ou nada.

O Criado é capaz de se arrastar nu pelas ruelas de Mafamude e de Crestuma, roçando no empedrado os joelhos ensanguentados, e gritando num desespero de ansiedade para que o levem a sério: «O Palhaço é Deus!» E é. Para ele é. Deus criador de todo o minúsculo e enviezado mundo que ele conhece. Para o Criador, o Palhaço é o génio acima de todos os génios. Por ele está disposto a tudo, menos a um gesto decente.

O Palhaço manda cuspir, ele cospe; o Palhaço manda vituperar, ele vitupera; o Palhaço manda escoicinhar, ele escoicinha. O Criador impacienta-se por ordens. A sua existência resume-se à vassalagem. É a ser espezinhado pelo Palhaço que o Criado se sente bem. Não quer ir para além da sua pequenez de verme. Quando, num túnel, pela milésima vez, ataca uma vítima desatenta com a boca cheia de palavrões e os cascos prontos para o coice, não pensa noutra coisa senão no reconhecimento do Palhaço. E, no recôndito do seu cérebro caliginoso, lembra-se: «Para a próxima venho de carro para o túnel. Posso atropelá-los como faz o Dono. É mesmo um génio!»"


Afonso de Melo, in O Benfica

Lixívia Extra-Forte IXX

Tabela Anti-Lixívia Extra-Forte:
Benfica.......48 ( -3)...51
Corruptos...46 (+1)...45

Braga..........43 (+4)...39
Sporting.......35 (0)...35


Esta semana 'atrasei-me', a vontade de escrever foi pouca!!! Vou tentar ser rápido...
É verdade que o Benfica facilitou o trabalho do Xistra e companhia, mas não posso deixar de relembrar: a falta que está na origem do golo do Guimarães não existe. Até podia discutir em teoria o contacto do Maxi, mas em situações exactamente iguais na área contrária, nada assinalou - relembro só uma falta sobre o Nolito logo no primeiro minuto!!! No lance sobre o Rodrigo, acho que não foi penalty, o defesa Vitó, quase sem querer toca na bola, o Rodrigo toca na bola e esta bate no pé do adversário quase ao mesmo tempo, que derruba o Rodrigo, é um lance no limite, mas aceita-se...!!! Mas o pior deste jogo nem foram estes dois lances, foi a dualidade de critérios constante durante os 90 minutos, assinalando tudo junto da área do Benfica, assinalando muito pouco, ou quase nada, junto da área do Guimarães, além do absurdo critério disciplinar, permitindo tudo aos Vitós, para depois nos últimos 15 minutos, para 'cortar' o ritmo de jogo, mostrar amarelos a tudo e todos!!! Uma nota para o estado deplorável do relvado. Portugal está em seca profunda mas em Guimarães parece que tem chovido muito. Estas tácticas não são novidade, aliás prevejo uma situação idêntica para Coimbra...!!! Uma última referência para a ausência do Urreta, supostamente por causa de uma gripe!!! Não gostei.

Em Setúbal o mais relevante foi a total passividade da equipa da casa, um autêntico jogo treino... nada de novo!!! Como não tive paciência para ver o jogo, confio na analise do Luís Fialho que afirma que ficou um penalty por marcar a favor dos Corruptos por Mão do Ricardo Silva!!! Nos poucos minutos que vi, assisti à mostragem de um amarelo ao Amoreirinha. Se o critério em Guimarães tivesse sido o mesmo, ao intervalo já o Benfica estaria a jogar em superioridade numérica!!!

Os Lagartos voltaram a 'chorar'!!! Com um comunicado ridículo... De todos os lances só o penalty sobre o Ricky me parece justificado, de resto só 'palha' para condicionar as próximas arbitragens!!!

Em Barcelos o Braga ganhou sem sobressaltos.

Anexos:


Benfica
1ª-Gil Vicente(f) E(2-2), João Ferreira, Nada a assinalar
2ª-Feirense(c) V(3-1), Hugo Pacheco, Prejudicados, Beneficiados, Impossível contabilizar
3ª-Nacional(f) V(0-2), Soares Dias, Prejudicados, Beneficiados, Sem influência no resultado
4º-Guimarães(c) V(2-1), Duarte Gomes, Prejudicados, Beneficiados, Sem influência no resultado
5ª-Académica(c) E(4-1), Vasco Santos, Prejudicados, Beneficiados, Impossível contabilizar
6ª-Corruptos(f) V(2-2), Jorge Sousa, Nada a assinalar
7ª-Paços de Ferreira(c) V(4-1), Bruno Esteves, Prejudicados, Sem influência no resultado
8ª-Beira-Mar(f) V(0-1), Paulo Baptista, Prejudicados, Sem influência no resultado
9ª-Olhanense(c) V(2-1), Marco Ferreira, Prejudicados, Sem influência no resultado
10ª-Braga(f) E(1-1), Proença, Prejudicados, (0-2), -2 pontos
11ª-Sporting(c) V(1-0), Capela, Prejudicados, Sem influência no resultado
12ª-Marítimo(f) V(0-1), Sousa, Nada a assinalar
13ª-Rio Ave(c) V(5-1), Bruno Esteves, Nada a assinalar
14ª-Leiria(f) V(0-4), Cosme, Nada a assinalar
15ª-Setúbal(c) V(4-1), Malheiro, Prejudicados, Sem influência no resultado
16ª-Gil Vicente(c) V(3-1), Marco Ferreira, Nada a assinalar
17ª-Feirense(f) V(1-2), Rui Costa, Prejudicados, Beneficiados, Impossível contabilizar
18ª-Nacional(c) V(4-1), Jorge Sousa, Prejudicados, Sem influência no resultado
19ª-Guimarães(f) D(1-0), Xistra, Prejudicados, (0-0), -1 ponto

Corruptos
1º-Guimarães(f) V(0-1), Olegário, Beneficiados, (0-0), +2 pontos
2ª-Gil Vicente(c) V(3-1), Rui Silva, Beneficiados, Impossível contabilizar
3ª-Leiria(f) V(1-4), Capela, Prejudicados, Sem influência no resultado
4ª-Setúbal(c) V(3-0), Marco Ferreira, Beneficiados, Sem influência no resultado
5ª-Feirense(f) E(0-0), Bruno Esteves, Beneficiados, (1-0), +1 ponto
6ª-Benfica(c) E(2-2), Jorge Sousa, Nada a assinalar
7ª-Académica(f) V(0-3), Paulo Baptista, Nada a assinalar
8ª-Nacional(c) V(5-0), Cosme Machado, Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
9ª-Paços de Ferreira(c) V(3-0), Hugo Miguel, Beneficiados, Sem influência no resultado
10ª-Olhanense(f) E(0-0), Capela, Prejudicados, (0-1), -2 pontos
11ª-Braga(c) V(3-2), Soares Dias, Prejudicados, Sem influência no resultado
12ª-Beira-Mar(f) V(1-2), Xistra, Prejudicados, Beneficiados, Impossível contabilizar
13ª-Marítimo(c) V(2-0), Duarte Gomes, Prejudicados, Sem influência no resultado
14ª-Sporting(f), E(0-0), Proença, Nada a assinalar
15ª-Rio Ave(c), V(2-0), Marco Ferreira, Nada a assinalar
16ª-Guimarães(c), V(3-1), Hugo Miguel, Prejudicados, Beneficiados, Sem influência no resultado
17ª-Gil Vicente(f), D(3-1), Bruno Paixão, Prejudicados, Impossível contabilizar
18ª-Leiria(c), V(4-0), Rui Silva, Beneficiados, Impossível contabilizar
19ª-Setúbal(f) V(1-3), Paulo Baptista, Prejudicados, Sem influência no resultado

Sporting
1ª-Olhanense(c) E(1-1), Xistra, Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
2ª-Beira-Mar(f) E(0-0), Fernando Martins, Nada a assinalar
3ª-Marítimo(c) D(2-3), Proença, Prejudicados, Beneficiados, Impossível contabilizar
4ª-Paços Ferreira(f) V(2-3), Paulo Baptista, Prejudicados, Sem influência no resultado
5ª-Rio Ave(f) V(2-3), Hugo Miguel, Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
6ª-Setúbal(c) V(3-0), Cosme Machado, Nada a assinalar
7ª-Guimarães(f) V(0-1), Bruno Paixão, Nada a assinalar
8ª-Gil Vicente(c) V(6-1), João Capela, Beneficiados, Sem influência no resultado
9ª-Feirense(f) V(0-2, Gralha, Prejudicados, Beneficiados, Impossível contabilizar
10ª-Leiria(c) V(3-1), Manuel Mota, Beneficiados, Impossível contabilizar
11ª-Benfica(f) D(1-0), Capela, Beneficiados, Sem influência do resultado
12ª-Nacional(c) V(1-0), Vasco Santos, Nada a assinalar
13ª-Académica(f) E(1-1), Rui Costa, Nada a assinalar
14ª-Corruptos(c) E(0-0), Proença, Nada a assinalar
15ª-Braga(f) D(2-1), Capela, Nada a assinalar
16ª-Olhanense(f) E(0-0), Vasco Santos, Nada a assinalar
17ª-Beira-Mar(c) V(2-0), Duarte Gomes, Nada a assinalar
18ª-Marítimo(f) D(0-2), Nada a assinalar
19ª-Paços de Ferreira(c) V(1-0), Jorge Ferreira, Prejudicados, Sem influência no resultado

Braga
1ª-Rio Ave(f) E(0-0), Duarte Gomes, Beneficiados, (1-0), +1 ponto
2ª-Marítimo(c) V(2-0), Soares Dias, Beneficiados (1-0), Sem influência
3ª-Setúbal(f) V(0-1), Hugo Miguel, Beneficiados (0-0), +2 pontos
4ª-Gil Vicente(c) V(3-1), Rui Costa, Nada a assinalar
5ª-Guimarães(f) E(1-1), Pedro Proença, Nada a assinalar
6ª-Nacional(c) V(2-0), Xistra, Nada a assinalar
7ª-Leiria(f) D(1-o), Marco Ferreira, Nada a assinalar
8ª-Feirense(c) V(3-0), João Ferreira, Nada a assinalar
9ª-Académica(f) E(0-0), Jorge Sousa, Nada a assinalar
10ª-Benfica(c) E(1-1), Proença, Beneficiados, (0-2), +1 ponto
11ª-Corruptos(f) D(3-2), Soares Dias, Beneficiados, Sem influência no resultado
12ª-Paços de Ferreira(c) V(5-2), Marco Ferreira, Nada a assinalar
13ª-Olhanense(f) V(3-4), João Ferreira, Nada a assinalar
14ª-Beira-Mar(f) V(1-2), Rui Costa, Nada a assinalar
15ª-Sporting(c) V(2-1), Capela, Nada a assinalar
16ª-Rio Ave(c) V(2-1), Sousa, Prejudicados, Sem influência no resultado
17ª-Marítimo(f) V(1-2), Bruno Esteves, Nada a assinalar
18ª-Setúbal(c), V(3-0), Hugo Pacheco, Nada a assinalar
19ª-Gil Vicente(f), V(0-3), Hugo Miguel, Nada a assinalar

Até porque já não estávamos habituados

"SEMPRE que, por esse mundo fora, o cidadão brasileiro Edson Arantes do Nascimento diz qualquer coisa, logo lhe responde o cidadão argentino Diego Armando Maradona, normalmente mandando-o calar.

Os dois já deixaram de jogar faz tempo mas os adeptos, por esse mundo fora, continuam a tomar partido por um ou por outro, fervorosamente. Trata-se do infindável despique desportivo e ideológico em que Pelé e Maradona se embrulharam até porque nem um nem outro têm a certeza absoluta de qual deles foi, na verdade, o melhor do mundo.

Compreende-se. Se não houvesse dúvidas nunca se teria prolongado a discussão entre os dois muito para lá das quatro linhas do campo de jogo, como concordarão. E sempre que Pelé fala - e Pelé é, sem dúvida, o mais falador dos dois -, Maradona responde-lhe invariavelmente com frases em torno do mote «calado és um poeta».

E é aqui que devo dizer-vos, em face de tudo o que vi e ouvi, que sou partidária de Pelé a jogar e de Maradona a falar. E nunca vice-versa. Embora, também em face de tudo o que vi e ouvi, frequentemente me sinta partidária de Maradona quer a jogar quer a falar.

Esta semana, numa entrevista ao site da FIFA, Pelé confessou não ter ficado espantado com o colapso do seu Santos frente ao Barcelona na final do último Mundial de clubes. «Tenho visto jogar este Barça, fazem-me lembrar o Santos dos meus tempos, ou o grande Benfica, o Ajax, o Milan e o Real Madrid. Foram equipas que marcaram as suas eras», disse o antigo astro brasileiro.

O elogio é estrondoso e de certeza que não houve um benfiquista que não se tenha sentido feliz. A verdade é que, mais uma vez, o menos antigo astro argentino tem razão quanto a Pelé. Mais lhe valia ter ficado calado. Ou, melhor dito, mais nos valia ter ficado calado.

Na opinião de Maradona, sempre que abre a boca, Pelé borra a pintura e estraga a vida a alguém. Foi precisamente o que se voltou a verificar. Desde que Pelé pôs «o grande Benfica» nos píncaros da lua, o Benfica perdeu dois jogos de seguida, coisa que não acontecia há muito e que não estava nos planos de ninguém.

Nestes últimos dois dias já ouvi muitos benfiquistas historicamente pró-Maradona a reclamar indignadamente contra Pelé.

-Se tivesse ficado calado!

-A culpa é tua que nunca dizes nada de certo!

-Agouraste!

Coisas assim.

Também já ouvi muitos benfiquistas filosoficamente pró-Pelé a dizer que uma coisa não tem nada a ver com a outra.

-A rapaziada estava cansada.

-Ainda não vinham completamente descongelados.

-É que nem o Xistra precisou de se esmerar.

Coisas assim, ainda que diferentes das primeiras.

De fundamental, em São Petersburgo e em Guimarães, aconteceu que o Benfica se tivesse tido um bocadinho de sorte até tinha conseguido empatar os dois jogos. De essencial, com o Zenit, o Benfica não mostrou tarimba para segurar o 2-2 a escassos minutos do fim e com o Vitória, o Benfica não mostrou nem força nem acerto para o assalto do final do jogo. Esteve perto... mas nada.

É natural que os benfiquistas se sintam levemente descoroçoados com estes dois desaires consecutivos. Até porque já não estávamos habituados. Mas até pode ser que aconteça que estas duas derrotas não venham a ter o menor impacto negativo no percurso da equipa nesta temporada de 2011/2012.

Basta que o Benfica elimine o Zénite e vença o campeonato nacional para que, no balanço da temporada, se possa dizer sem fugir à verdade que as derrotas de São Petersburgo e de Guimarães foram apenas curiosidades para compor as estatísticas.

É pedir muito? Que o Benfica afaste o Zenit e seja campeão, será pedir muito?

Não sei, não sabe ninguém, como no fado.

E é por isso que vamos aguardar, a ver se acontece ou não acontece.

E voltamos a Pelé e a Maradona. Para, desta feita, e por uma única vez, dar razão a Pelé e utilizar as suas palavras. Porque em qualquer década, em qualquer época e em qualquer século, «um grande Benfica» não hesitaria em responder como se lhe pede, ou seja, em grande, a estas últimas contrariedades. De um pequeno Benfica, já não se pode esperar a mesma coisa.


PEGANDO no mesmo mote... Um grande Benfica não pode consentir que o jogo da segunda mão com o Zenit para a Liga dos Campeões se transforme num vulgar Benfica-FC Porto para as nossas questiúnculas internas e tudo por causa de um vulgar Bruno Alves qualquer.

Seria, sobretudo, uma grande perda de tempo, para não falar da desconcentração que tal desconserto implicaria.

A entrada de Bruno Alves sobre Rodrigo foi muito dura. Há quem defenda que com um árbitro mais sensível o jogador até poderia ter sido expulso sem que fosse um escândalo. Mas o árbitro do jogo de São Petersburgo era sueco, gente de outra cultura mais fria, e entendeu o lance como um despique acidental entre dois jogadores porque, certamente, não lhe passa pela escandinava cabeça que possa haver jogadores que lesionam outros jogadores de propósito.

E nisto estou com o árbitro sueco. E com Jorge Jesus e com Luisão que desvalorizaram o caso reduzindo-o a uma incidência não pecaminosa do jogo. É normal que o treinador e o capitão do Benfica saibam como não é importante nem fulcral fazer do Benfica-Zenit na Luz uma manifestação absurdamente ruidosa contra um especialmente escolhido jogador adversário que, por coincidência, foi jogador do rival interno do Benfica.

O Zenit é de São Petersburgo não é o Zenit de Bruno Alves. Deixemo-nos, portanto, de menoridades. E concentremo-nos naquilo que é, realmente, importante: fazer o Benfica regressar a uns quartos-de-final da Liga dos Campeões.

Por ter imitado um cão quando marcou um golo ao FC Porto no jogo de São Petersburgo, ainda na fase de grupos na Liga dos Campeões, Danny foi massacrado pelos adeptos portistas com vaias constantes quando o Zenit foi ao Dragão. E, quando o jogo acabou, lá o vimos regressar às cabinas com os ouvidos cheios mas com a satisfação de se ter qualificado com a equipa para a fase seguinte da prova.

Danny foi agora chamado a depor sobre este caso de desamor entre os benfiquistas e o seu compatriota português e foi muito sucinto a expressar a sua ideia: «É uma estupidez passar o jogo a assobiar o Bruno Alves». Danny sabe como poucos do que está a falar.

No entanto, dificilmente passará Bruno Alves despercebido no jogo da Luz, isto se o treinador o colocar em campo na equipa titular.

Se ainda houve alguns - poucos - benfiquistas puristas que se disponibilizaram a acreditar que a entrada de Bruno Alves sobre Rodrigo não foi maldosa, perderam toda a fé na inocência humana quando, no dia seguinte, viram o jogador comodamente sentado no camarote presidencial do Dragão a assistir ao jogo entre o FC Porto e o Manchester City.

Houve uma grande indignação geral vermelha. Sinceramente, não a compreendo. Mas onde é que queriam que o Bruno Alves se tivesse sentado?


O FC Porto ficou a 5 golos de poder vencer a eliminatória da Liga Europa que teve de disputar com o Manchester City. Não foi, portanto, um despique equilibrado por mais que se tente puxar pela grande primeira parte do FC Porto no Dragão e pela grande exibição do FC Porto até ao último quarto de hora em Inglaterra.

Na verdade, o Manchester City controlou os 180 minutos em causa com uma autoridade e um Know-how que lhe advém da qualidade superior dos seus jogadores e da mestria do colectivo. O City de Mancini é, sem dúvida, a equipa mais italiana de Inglaterra ainda que de italiano só tenha o treinador. E chega. Pelo menos, chegou.

No Dragão, o City entregou o jogo ao FC Porto e quando se viu a perder deu a volta ao marcador com uma facilidade imensa. Ontem, encontrou-se a ganhar antes do primeiro minuto do jogo e fechou a loja. Deixou os campeões portugueses trocarem a bola de trás para a frente e vice-versa mas nunca perdeu o controlo da situação. Terminou o City em cinismo, massacrando o adversário com golos quando o tempo se começava a esgotar.

O FC Porto continua sem conseguir ganhar em Inglaterra. Mas o que impressionou mais ontem nem foi isso. Foi ver um FC Porto a jogar contra uma equipa de top da Europa sem ter argumentos para tal. E também a isso já não estávamos habituados."


Leonor Pinhão, in A Bola