segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Em alta com Nolito

"Num momento em que tudo está previsto, revisto e concretizado em baixa, o Benfica termina o ano de 2011 em alta, com um resultado robusto (adjectivo que o poder político pôs na moda) e sobretudo com uma imagem de vitalidade e confiança de um percurso de ouro em 2012, dentro e fora de portas.

Depois de um golo enervante e em contra-ciclo, o Benfica conseguiu uma recuperação notável e partiu para uma exibição criativa, pujante e concretizadora.

Foi uma noite em grande, daquelas que enchem os olhos e a alma aos benfiquistas, e não só.

Do jogo e da fase actual do Benfica, que já tem o Zenit de São Petersburgo na agenda, muito se pode dizer. Mas o cronista, com toda a subjectividade que existe no acto de falar do que gosta da forma que mais lhe apraz, sente-se inclinado a falar de Nolito, com dois golos no activo neste jogo e sempre com a promessa de, cada vez que entra em campo, dar o melhor de si para que o Benfica seja ainda melhor.

Manuel, Manolo, Manolito, Nolito.

Assim se transforma um nome comum em Espanha e também em Portugal num diminutivo que fica no ouvido e que pode fazer história, pelo menos nesta temporada. O rapaz, com a sua figura inconfundível, com a sua obstinação, com o seu invejável domínio de bola e com a sua fixação na baliza, pertence ao número das pessoas que, vistas de perto ou de longe, não deixam dúvidas quanto à paixão que põem naquilo que fazem. Essa 'garra' e essa 'raça' é muito espanhola, muito latina, muito deste sul da Europa que a Europa rica tanto gosta de amesquinhar, assacando-lhe as culpas de todas as dívidas e de todas as crises. O pior é que depois têm de rumar a Sul para se lembrarem de que há na vida coisas boas e únicas que o Norte nunca lhes dará, por mais poder e riqueza que possuam.

Nolito entra e leva consigo a equipa inteira, coesa, criativa e competente, rumo às redes do adversário. São jogadores como este que fazem a diferença, que enriquecem o espectáculo e fortalecem a confiança de quem nunca desiste de acreditar na vitória."


José Jorge Letria, in O Benfica

Norte vermelho

"Criado e crescido em Vila do Conde, natural só poderia ser a minha grande afeição ao Rio Ave, o emblema desportivo mais representativo daquela cidade nortenha. Foram muitos anos de ligação sentimental e física ao clube, que sempre coloquei, de forma indestronável, no segundo patamar das minhas preferências, logo a seguir ao nosso Benfica.

Por imperativos familiares, na última ronda da Liga, não estive na Luz a presenciar o despique entre o Benfica e o Rio Ave. Acompanhei o jogo pela TV, justamente em Vila do Conde, no restaurante de um amigo portista. O Benfica ganhou. Ganhou bem, ganhou categoricamente. Ganhou ainda melhor, porque o Rio Ave se bateu sem complexos e com galhardia.

Qual era a atmosfera no local onde assisti ao jogo? De predominância benfiquista, mesmo tratando-se da cidade que sedia o antagonista da equipa 'encarnada'. Eram mais benfiquistas do que simpatizantes do Rio Ave. Eram mais benfiquistas do que simpatizantes de outras cores. Eram mais benfiquistas do que todos os outros juntos.

No dia seguinte, por mero acaso, ainda encontrei-me com o presidente do Rio Ave. Conversámos uns minutos e registei uma frase de grande significado, proferida pelo meu interlocutor: 'É sempre com o Benfica que o Rio Ave consegue, em casa, as suas melhores receitas, a grande distância do Sporting e do FC Porto'. Mesmo sabendo-se que Vila do Conde dista somente vinte quilómetros da capital nortenha.

Qual é, afinal, o maior clube do Norte? Custe a quem custar, a reposta é inevitável e merece ser escrita de forma maiúscula.

O BENFICA É O MAIOR CLUBE DO NORTE."


João Malheiro, in O Benfica