"Confesso que fui para a Luz curioso sobre a «caixa» (infeliz nome) de segurança, rebaptizada pelos leões, de jaula. E assustado, porque, segundo o dicionário, uma jaula é «um espaço fechado por fortes grades, geralmente de ferro, que serve para alojar animais selvagens».
Fiquei sossegado. Afinal, é um estrutura como a dos melhores estádios do mundo, para prevenir situações indesejadas de visitantes ou de visitados.
Algumas reacções epidérmicas não contribuíram para a serenidade que se impunha. Por exemplo, dizer-se que estavam duas pessoas em cada lugar, quando havia até algumas cadeiras vazias é insensato. Criticar-se o excesso de zelo da PSP que, todavia, não bastou para evitar o fogo posto, é paradoxal! Quem semeia ventos, pode colher tempestades (neste caso chamas). O argumento aduzido de que o Sporting iria servir de cobaia da pérfida jaula é ridículo. Tendo sido, nesta época, o primeiro jogo na Luz com um grande, quereriam que fosse inaugurada contra o P. Ferreira ou o Feirense? Na segunda volta o Benfica recebe o dragão. Embora a «caixa» tenha sido apelidada de «pré-histórica» por um responsável leonino, receio que o mitológico animal, mais corpulento que o leão, não caiba numa cadeira. Assunto a rever pela direcção encarnada. Prevejo que, mais tarde ou mais cedo, noutros estádios se edifique uma semelhante estrutura. Semelhante é um modo de dizer. Porque para conter as águias, mais numerosas e com asas, sairá mais cara. E que terá de ser coberta por cima...
Voltando ao jogo de sábado, salvou-se um óptimo derby de bons profissionais e lúcidos treinadores. E desejo que as duas direcções saibam encontrar, no meio desta turbulência, a essência do ideal desportivo."
Bagão Félix, in A Bola