sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Ninguém escreve ao tenente-coronel

"O tenente-coronel levou a mal. O tenente-coronel amuou. O tenente-coronel não apitou. O tenente-coronel não admite que questionem a sua competência. O tenente-coronel é, no entanto, um incompetente. O tenente-coronel é um militar que não quer saber das hierarquias. Para o tenente-coronel não há coronéis nem generais. Há ele e a sua petulância. O tenente-coronel não é um militar culto porque, como dizia o coronel Aventino Teixeira, militar culto só se for autodidacta. Por seu lado, o holandês-devorador-de-camarão-de-Espinho não gostou, ao que fazem crer certos repórteres de trazer por casa, das marisqueiras de Monte Carlo. D. Palhaço não teve desta vez influência suficiente para o arrastar para um repasto de lagosta, e o holandês-degustador-de-percebes-das-Berlengas também não apitou. Isto é, não apitou ao gosto dos habitantes desse país infecto e infectado chamado Palhaçaria, no qual vigora a lei de Oeste de Pecos e onde tudo vale menos praticar honestidade.

Aceitemos: foi uma semana de gargalhadas. Até D. Palhaço conseguiu ter graça no seu discurso arrastado e meio aéreo, tão próprio de quem tem assistido, de há muitos anos a esta parte, à invasão das circunvoluções do cérebro por uma numerosa comunidade de fungos. Que ele se tivesse posto na formatura de lado a lado com o tenente-coronel, não é de estranhar. Que o tenente-coronel estivesse de cócoras, também já é hábito. Quanto ao holandês-mastigador-de-ameijoa-da-Culatra, não faltará a oportunidade de apaziguar a situação. Dentro em pouco tempo será de novo encontrado numa marisqueira de Matosinhos a arrotar a navalheira e em estúpida galhofa com os empregados de D. Palhaço, achincalhando o infeliz esforço de uns espanhóis de segunda. E ninguém passará mais cartão ao tenente-coronel."


Afonso de Melo, in O Benfica

Desabafos...

-Creio que na Selecção do Chipre a Postiga, a Micaela, a Velosa e muito provavelmente o Patrício, não têm lugar no '11' titular, nem no banco...!!!

-Creio que já podemos começar a falar de um processo de Sportinguização da Selecção!!!


Pronto, foram só dois desabafos...

Benfica mais equilibrado

"O FC Porto não conseguiu vender o Álvaro Pereira, nem o Rolando, nem o Fernando, nem o Guarin, mas conseguiu vender o Hélder Postiga. Isto é uma excelente gestão.

Bem sei que o FC Porto não comprou nem o Leandro Damião, nem o Lukaku, nem o Pavlyuchenko, nem o Bendtner, mas comprou o Thibaut Vion de 17 anos.

No Sporting que esperava pelo Leão da Estrela teve que ficar pelo Grande Elias que me parece ser uma boa contratação.

No Benfica gostei muito de ver o Urreta a rodar em Guimarães, porque sempre o considerei um óptimo jogador. Agora ao serviço dum treinador como o Rui Vitória, poderá definitivamente afirmar-se.

Ainda não perdi a esperança de ver Urreta a jogar no Benfica, mas este ano estavam apertadas as escolhas e mesmo para a lista da Liga dos Campeões já houve escolhas difíceis de fazer, tal era o cardápio para decidir.

Neste final de mercado suspirei de alívio ao ver Luisão ficar.

Agora, até os últimos dias de inscrições são excitantes.

Da neblina da Madeira pude vislumbrar o Benfica mais consistente no meio-campo, mais equilibrado a defender e atacar. Muito bem Jesus com a substituição de Nolito por Bruno César, que permitiu dominar toda a segunda parte.

Fica o azedume de pensar que esta equipa não tinha deixado pontos em Barcelos.

Este fim-de-semana vi o Manchester City golear o Tottenham, vi o Manchester United atropelar o Arsenal, vi o Real Madrid cilindrar o Saragoça e o Barcelona brincar com o Villareal e percebi uma vez mais que a Liga dos Campeões para o Benfica e FC Porto tem como limite a realidade. Muito já fazem as equipas portuguesas, pedir o impossível não é lógico e não é sensato. Embora a sensatez vá rareando no futebol como se viu pela atitude do Ricardo Carvalho esta semana.

Como é que um profissional daquela categoria e maturidade faz uma coisa destas? Isto não lembra ao cipriota."


Sílvio Cervan, in A Bola

Ricardo Gomes

"A notícia surgiu e, mais uma vez como em tantas outras ocasiões, obrigou-nos a reflectir. Ricardo Gomes apanhado à traição por um avc corria risco de vida.

No sítio do Benfica na internet (www.slbenfica.pt) surgiu o comunicado que fazia eco dos desejos de todos os benfiquistas. Nesse comunicado, Ricardo era considerado o “nosso” Ricardo. O que leva um futebolista a ser identificado com o sentir colectivo de milhões de adeptos do nosso Benfica? O que leva a que um futebolista, tanto tempo após ter terminado o seu percurso profissional no clube, possa ser considerado um dos nossos? Que relação emocional é esta com os adeptos de um clube (e com o clube) que ultrapassa contratos, cláusulas, adendas e outras minudências que transformam a paixão em razão?

Após os tempos de Humberto Coelho, Ricardo foi o melhor defesa-central que vi no Benfica. Jogava de cabeça levantada, comandava toda a defesa e liderava toda a equipa. Parecia jogar de smoking, tal era a classe do seu futebol. Impunha-se com a serenidade de quem sabe melhor do que os outros qual a melhor forma de ser eficaz. Vi-o como capitão de equipa do Benfica. Foi, salvo erro, o primeiro capitão de equipa do nosso clube que não tinha a nacionalidade portuguesa. Pela sua dimensão, essa “heresia” foi por todos encarada como uma virtude canónica. O Ricardo ultrapassava essa questão de ser português ou não. Para nós, o Ricardo era de nacionalidade benfiquista… mesmo quando envergava a braçadeira de capitão da canarinha.

Nos anos em que o vi com a camisola do Benfica senti (sentimos) que a sua presença ultrapassava o tempo do ‘agora’. O Ricardo é um dos nossos, essencialmente porque se distinguiu no Benfica como um grande Homem antes de ser um grande futebolista."


Pedro F. Ferreira, in O Benfica

Acelerações

"O mais certo é eu já estar atacado pela decadência comparativa que traz a Idade da Nostalgia – “nada é tão bom como já foi, nada é tão mau como agora” vale como livro de normas – ou já começar a registar deficiências no “disco rígido”. A verdade é esta: o princípio de temporada futebolística que estamos a viver não terá efetivas novidades no cardápio que nos tem sido servido. Mas que elas se sentem de uma forma muito mais rápida, bastando lembrar que só hoje agosto apresenta as suas despedidas, e incomparavelmente mais intenso.

Ora vejamos: já tivemos a nossa chicotadazita em equipa de topo, depois de o Vitória de Guimarães ter jogado e perdido uma partida de campeonato (frente ao todo-poderoso FC Porto e graças a um golo de penálti que pode vir a entrar na lista das atenções a retribuir pelos do Dragão) e ter sido eliminado com uma dupla derrota no playoff da Liga Europa (diante de um Atlético Madrid que não deixaria de fazer miséria com a esmagadora maioria das equipas nacionais). Para mais não teve tempo Manuel Machado, a quem a competência provada em várias frentes no país continua a não chegar para fazer milagres na sua terra e no seu clube. Para não variar, os emissários do Vitória definiram Paços de Ferreira como horizonte e, agora, abrem uma oportunidade mata-mata a um treinador (de que gosto muitíssimo mas) que talvez precisasse de mais uma ou duas épocas de maturação. Só que agora já não há tempo.

Antes de estar concluída a 3.ª jornada, também já atravessámos a habitual escandaleira montada em torno da arbitragem e, evitando ingenuidades, também aproveitada por ela. As novidades? Um dirigente de um grande clube a dizer abertamente que o Sporting só não reagiu diante da arbitragem de Aveiro (jogo com o Beira-Mar, 0-0) por se tratar de um árbitro menor; um presidente que prosseguiu a “época de caça”, descobrindo em Pedro Proença o culpado pela derrota com o Marítimo (2-3); enfim, um treinador que continua a dar lições de lucidez (mas vai resistir até quando?) ao afirmar que, perante exibições como aquela que a sua equipa assinou, nem vale a pena falar de arbitragens…

O drama das transferências de última hora, que podem resolver as finanças mas destroçar uma época desportiva, também está a ser vivido com tensão invulgar, em especial para os lados do Porto. Afinal, o clube onde todos se sentiam bem e em casa também deixa transparecer muitos candidatos à mudança. Até ao fim do dia de hoje se verá quantas mazelas terá o clube que reparar para prosseguir o “destino”. Com uma certeza: mesmo sem o saber, Jorge Nuno Pinto da Costa já tinha uma solução para cada uma das questões. É coisa que só acontece aos génios, aos adivinhos e aos fala-barato."


Marco Fortes em 6º no Campeonato do Mundo

Histórico, grande resultado, grande Marco... 20,83 m ao 4º lançamento, a consistência com que o Marco tem evoluído dá uma enorme confiança para o futuro, ele não está a fazer grandes marcas 'isoladas', quase sem querer, o Marco está em todas as competições a aproximar-se do seu melhor (e de vez enquanto a melhorar)... Hoje no Mundial ficou a 6 cm do seu recorde nacional, com todos os melhores do Mundo presentes, o Marco foi o 6º a nível Mundial e o 3º Europeu, houve alguns Campeões que tiveram um dia mau (Polaco e um Alemão), algo que pode acontecer a todos, mas o Marco merecia um resultado destes... Tem sido um caminho nada fácil, aqueles que ajudaram à perversa e estúpida festa de humilhação, à 3 anos, deviam estar a engolir a seco, mas a memória é curta... a histeria com que os treinadores de bancada (em qualquer modalidade), discutem um suposto mau resultado em Portugal, dá vontade em 'partir' para a violência, mas hoje o Marco respondeu com garra e classe (nas declarações)...

Marcos Chuva em 10ª no Campeonato do Mundo

8,05 foi a marca, logo no primeiro salto. Na primeira grande competição internacional ao mais alto nível do Marcos, a presença na final já foi um resultado excepcional. A consistência como está a saltar acima dos 8 metros é um excelente sinal...
Nos 6 saltos que fez neste Mundial, 3 foram nulos, algo que deve melhorar, a única pontinha de frustração que ficou, foi saber que o medalhado de prata 'só' saltou 8,33 m!!! 1 cm a menos que a recente melhor marca do Marcos. Neste momento no salto em comprimento parece não haver nenhum 'super-homem', as marcas são todas muito próximas, se o Marcos continuar a evoluir a este ritmo, para o ano, nos Jogos em Londres, pode ser que tenhamos uma surpresa muito agradável...!!!

Nelson Évora na final

O Nelson está definitivamente de volta!!! 17,20 m foi a marca à segunda da tentativa, já no primeiro salto só uma chamada fora da 'tábua' não deu logo a qualificação imediata (acima dos 17,10 m).

O Nelson foi hoje, 2º nesta qualificação, é natural pensarmos que a medalha está à porta, mas o equilíbrio é grande, as diferenças são muito pequenas, se ninguém conseguir um salto nos 17 metros 'altos' na final (além do Nelson, o maluco do Idowu pode o fazer, a qualquer momento...), vai ser uma prova bastante emotiva com muitas mudanças na classificação, portanto o objectivo é ficar nos oito primeiros, depois logo se vê...

PS: Não sei se repararam, mas o Benfica conseguiu colocar 3 atletas nas finais de três concursos diferentes: salto em comprimento, triplo salto e lançamento do peso. Estamos a uma um ano dos Jogos Olímpicos, imaginem estes resultados repetirem-se?!!! Será histórico... e diga-se que é algo bastante provável...