sábado, 30 de julho de 2011

Histórias

"Macacos de imitação - Só lhes falta inventar um animal que voe, mesmo que não exista, mas que voe, nem que seja em voo simulado, antes dos jogos no respectivo estádio. De resto, os macacos de imitação também vão ter um canal de televisão, para além de todos os outros canais, caneiros, canalículos, regos e irrigadores que fazem parte da claque. E também se apressaram a anunciar que vão construir um museu, quanto mais não seja para albergar a estátua de Agapito Dourado, perdurável dono da bola, grande patrão e maior assalariado da sociedade recreativa. Quanto ao canal, enquanto a imitação sai da fotocopiadora, o original ganha asas que prometem revolucionar as transmissões de Desporto em Portugal.

Mistério - Dentro do campo, e apesar do sistema siciliano, o Benfica bate qualquer adversário. Mas fora das quatro linhas, na contratação de jogadores - sobretudo das promessas que o Benfica descobre e que outros roubam - não há volta a dar-lhe. A questão é que o Benfica não tem poço de petróleo, uma mina de ouro ou um aluvião de diamantes debaixo do relvado da Luz, nem encara os jogadores com matéria de um leilão de gado. Outros não sei como fazem que, sem vender, compram que se fartam. Talvez um dia alguém consiga seguir a pista do dinheiro e desvendar o mistério.

Novela - À volta do internacional brasileiro Luisão foi construída uma novela nas últimas semanas. Dramas, mistério, traição? Qual dos ingredientes vende mais papel de embrulhar patranhas? Quando alguém falou com o atleta, ele desmentiu os 'muitos disparates que têm sido escritos'. Luisão tem contrato até 2013; a sair será quando e se o Benfica quiser. Moral da história: há gente com muitas histórias mas sem qualquer espécie de moral."


João Paulo Guerra, in O Benfica

A tempo e horas

"Em texto que aqui escrevi há algumas semanas atrás, referi a importância do Benfica fechar o plantel em tempo útil, lembrando épocas anteriores em que as indefinições entraram por Agosto dentro, com consequências negativas no desempenho colectivo da equipa ao longo dos primeiros meses de competição.

Não sei, no momento em que escrevo, o que se terá passado no jogo com o Trabzonspor. Esta eliminatória europeia surge numa fase precoce da época, e admito que fosse complicado fechar o plantel em meados de Julho, a tempo de a preparar convenientemente. Acredito que os jogadores já integrados no grupo (designadamente no fustigado sector defensivo) tenham sido suficientes para lograr um resultado que permita encarar a 2.ª mão com fundado optimismo. Pelo menos, é essa a minha expectativa.

Mas em termos de Campeonato - que se inicia a 14 de Agosto -, o Benfica 2011-2012, superando algumas dificuldades incontornáveis (como, por exemplo, a Copa América, que nos retirou três quartos da linha defesa presumivelmente titular), parece estar em condições de evitar as tais indefinições que tanto o penalizaram no passado recente. As contratações de Eduardo, Garay, Capdevila e Emerson, e a manutenção de Maxi Pereira e Luisão, resolvem o problema defensivo que tanta tinta fez correr nesta pré-temporada. No meio-campo, a única dificuldade será escolher entre tantas e tão valiosas opções. E embora a contratação de mais um ponta-de-lança alto e robusto (que constituísse alternativa a Cardozo) talvez não fosse má ideia, as opções de ataque que o plantel já apresenta dão o Jorge Jesus sólidas garantias de eficácia. Se não aparecer nenhuma oportunidade de negócio capaz de valorizar ainda mais o plantel, creio que, mais empréstimo, menos empréstimo, o mesmo se poderá considerar praticamente encerrado, ainda antes de atingirmos o final do mês de Julho. Se bem me lembro, foi precisamente isso que aqui pedi, recordando também que, na última década, sempre que tal sucedeu, o título não nos escapou."


Luís Fialho, in O Benfica