segunda-feira, 18 de abril de 2011

Jogo perigoso

"Não seria preciso dizer muito mais do que está escrito aqui ao lado, para se perceber como a partida da próxima quarta-feira, relativa à Taça de Portugal, poderá tornar-se dramaticamente traiçoeira, caso não seja encarada por todos nós (e incluo sócios e adeptos) como aquilo que verdadeiramente é: um grande clássico, carregado de rivalidade, onde tudo pode acontecer.

É, um facto, que o resultado trazido do Dragão deixa margem para algum optimismo. Estamos em vantagem, e vamos decidir o apuramento em nossa casa.

Mas os dois golos obtidos podem revelar-se insuficientes se o Benfica a eles se encostar, pois, não tenhamos dúvidas que o nosso adversário vai fazer o que pode, e o que não pode para, mais do que vencer a Taça, não deixar que sejamos nós a vencê-la.

Um golo nos momentos iniciais (e sabemos como eles entram normalmente nas partidas, procurando explorar as primeiras hesitações do outro lado) pode transformar este jogo num desafio à coragem e à resistência com efeitos imprevisíveis, e a única forma de o evitar será mantendo os níveis de concentração elevados, e entrando em campo como se o resultado estivesse a zero.

Até me arrepio quando oiço dizer que esta meia-final está quase ganha. Faltam noventa minutos diante de um adversário que nos odeia muito para além do orgulho que tem em si próprio. E não esqueçamos que temos de contar com o pouco fiável desempenho de uma equipa de arbitragem nomeada por uma FPF cujo poder e influência passa demasiado por Lourenço Pinto e pela AF Porto. Creio serem argumentos suficientes para olhar esta partida, senão com apreensão, ao menos com o respeito das grandes ocasiões.

Aos adeptos cabe encher o Estádio, e, sempre dentro das parâmetros da civilidade que é própria do Benfica, criar um clima vibrante de paixão, que empurre os nossos jogadores para a vitória, e tente condicionar o desempenho dos rivais.

Só com uma equipa mentalizada para as dificuldades que tem por diante, e com adeptos mobilizados para a apoiar, será possível chegar ao Jamor."


Luís Fialho, in O Benfica

Escuro ou Claro

"A novela a que temos assistido nos últimos dias tem sido uma verdadeira prenda para os apaixonados deste estilo televisivo. As 'dobras mexicanas' têm sido mais que muitas. Ora Rui Cerqueira, depois Antero Henrriques e mais tarde, como não podia deixar de ser, o eterno 'novelista', Pinto da Costa. Eles, mais do que ninguém, gostam de alimentar uma boa polémica, dar sal e pimenta a uma boa história. A arbitragem de Duarte Gomes tem sido classificada como a mais 'desgraçada' dos últimos cinquenta anos e a Comunicação Social disso tem dado eco sem perceber qual o real significado, caros benfiquistas, é só um; condicionar e colocar ainda mais pressão na partida da próxima semana que irá opor o Benfica e o Porto, desta feita, com o objectivo de apurar o próximo finalista da Taça de Portugal. O circo foi bem montado no Dragão e cabe-nos a nós desmistificar as autênticas barbaridades que vão passando em claro. Dualidade de critérios houve, claro que houve, mas ao analisarmos a partida, com o rigor que se pretende, chegamos facilmente à conclusão que essa dualidade beneficiou, quase sempre, a equipa do Norte do País.

Venceram o jogo e venceram bem. Porque também fomos condicionados é preciso dizê-lo, mas venceram bem. Sem desculpas, sem rodeios, mas de cabeça bem levantada, com orgulho próprio que assiste cada benfiquista que, nos momentos difíceis, diz sempre presente. E a resposta foi dada três dias depois, na recepção ao PSV, com mais de 60 mil no Estádio. Como foi bom voltar a escutar o Inferno da Luz. Como foi bom voltar a ter presente que somos, de facto, m Clube ímpar em Portugal. Por tudo o que conseguimos ganhar, na imensa inveja que geramos nos adversários e, sobretudo, na força intrínseca que faz parte do ADN deste Benfica.

Como nota de rodapé, dizer que o fait-divers que se verificou aquando dos festejos portistas em pleno relvado, retrata exactamente o que se passou neste Campeonato. Esta prova foi muito pouco clara, por isso, nada melhor que um apagão para qualificar um Campeonato obscuro e tendencioso."


Luís Lemos, in O Benfica

Objectivamente (África)

"O SLB perdeu este Campeonato mas nem por isso a paixão dos seus adeptos se desvaneceu. A prova está nos 62 mil especadores presentes na Luz no dia do jogo, e da grande vitória, sobre o PSV Eindhovan, três dias depois da desilução com a perda do título; e na imensa dedicação dos adeptos espalhados pelo Mundo!

Não posso deixar de trazer aqui o relato do fortíssimo sentimento de paixão que confirmei na Guiné Bissau, onde estive durante dez dias em trabalho para a minha RDP-África, constatando, mais uma vez, como vivem o seu benfiquismo as pessoas que estão longe de Portugal e dos «Santuários do Glorioso SLB» que ajudam sempre a matar saudades!

Do rádio colado ao ouvido, ou dentro dos automóveis, ou junto a um pequeno comércio na Tabanka, os guineenses, que na sua esmagadora maioria são benfiquistas, sogreram com a derrota frente ao rival mas, mesmo assim, não deixaram de apoiar e dar moral aos seus jogadores! Achei deslumbrante o carinho com que tratam todos os jogadores. Ali não há lugar a críticas. Assisti a um arrufo entre dois adeptos pelo facto de um ter lançado críticas à forma como Roberto foi batido nos golos: «Há que dar moral aos jogadores e não criticá-los como fazem os nossos adversários»!

Palavras sublinhadas com uma enorme salva de palmas pela maioria presente.

Júlio, um dos mais ferverosos e conhecedores da história do Benfica que ouvi falar até hoje, era um dos mais entusiastas, acampanhando as peripécias do desafio como se estivesse a vê-lo ao vivo na central da Luz. Conhecia ao pormenor todos os recantos do Estádio, a disposição dos jogadores no banco, a forma como estavam equipados e até a cor das botas de cada um! Aposto que nem nós, os que vamos sempre ao Estádio, sabemos tanto."

João Diogo, in O Benfica

Europa menor

"From: Domingos Amaral

To: Michel Platini


Caro Michel Platini

Como muitos portugueses, alegra-me ter 3 clubes nas meias da Liga Europa. Mas não é uma surpresa. Desde 2000, ano em que passou a haver apenas Taça UEFA, é a terceira vez que irão clubes lusos à final, depois do FC Porto em 2003 e do Sporting em 2005. Ou seja, em 10 anos metemos na final pelo menos tantos clubes como nos quarenta e tal anteriores, em que só por três vezes fomos a finais (Sporting e FC Porto às Taças, Benfica à UEFA).

Isto seria bom se não fosse, porém, um sinal de que Portugal é claramente prejudicado pelo formato da Champions. Entre 1956 e 1993, disputaram-se 37 finais da antiga Taça dos Campeões Europeus. Dos 74 finalistas, 8 foram portugueses ( Benfica 7; FC Porto 1), cerca de 11 por cento.

Desde 93 (ano inicial da Champions), e já contando com esta época, existirão 19 finais e 38 finalistas, mas só um português: o FC Porto em 2004. A percentagem de presenças lusas em finais desceu, pois, drasticamente para 2,6 %.

Os “tubarões ricos” (ingleses, espanhóis, italianos e alemães), ao entrarem aos magotes na Champions, varreram das finais os outros países. Só 5 dos 38 finalistas não foram “tubarões ricos” (Ajax, 2 vezes; Marselha, Mónaco e FC Porto). E desapareceram os finalistas de países que antes conseguiram tê-los, como Escócia (2), Grécia, Suécia, Roménia, Bulgária, Jugoslávia e Bélgica.

Fortemente prejudicados na Champions, resta-nos a consolação da Liga Europa, onde obviamente melhorámos a estatística. Ribéry disse que a Liga Europa é uma “treta”. Não vou tão longe. Mas lá que descemos de divisão, isso é evidente. Há a “Europa das Quatro Nações” e há a “Europa Menor”, onde nós estamos. E o senhor também, pois é francês."