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quarta-feira, 11 de abril de 2018

A surpreende liderança do Benfica

"Não é preciso recuar muitas semanas para nos depararmos com um cepticismo generalizado em torno das possibilidades reais do Benfica liderar o campeonato e vir a sagrar-se campeão. A crer no que muitos garantiram, este ano era tudo entre Porto e Sporting. Afinal, pode bem não ser assim. 
Claro está que o Benfica é hoje primeiro classificado por força de uma longa sequência de vitórias, assente na estabilização do onze titular, numa alteração táctica que resolveu problemas no sistema de jogo e na recuperação física de vários jogadores. No entanto, se hoje o Benfica lidera, a explicação, por estranho que possa parecer, está menos nas vitórias e mais na forma como os maus resultados e as más exibições de um passado não muito distante foram geridos. Há meses, escrevi no Record que se Porto ou Sporting estivessem a passar por aquilo que o Benfica estava a passar, já estariam definitivamente arredados da disputa do título. A explicação é simples: este Benfica está habituado a vencer (como, aliás, aconteceu com o Porto no passado) e estar habituado a vencer é o melhor tónico para continuar a vencer.
Em vários momentos esta época (e até no sábado, quando se viu a perder desde praticamente o início da partida) percebeu-se que a equipa mantinha o foco, não se desorganizava e, mesmo quando quase todos estavam descrentes, acreditava nas suas possibilidades. Ajudou muito que, mesmo após a derrota clamorosa contra o Basileia – para recuperar o jogo mencionado por Jorge Jesus para estabelecer o justo contraste com a derrota do Sporting em Madrid –, não se tenham visto dirigentes a colocar em causa nem as capacidades, nem o profissionalismo dos jogadores do Benfica.
No futebol de competição, as conquistas constroem-se a partir da forma como se lida com os dissabores e não tanto nos momentos de sucesso. Quando se vence, não há adversidade que mostre o lado frágil das equipas. Pelo contrário, é quando se é derrotado que se vê de que fibra são feitas as equipas.
O Benfica de hoje está repleto de jogadores para quem lidar com as dificuldades se tornou parte do percurso para a vitória. Ninguém ganha tanto, tantos anos, como o Fejsa, o Luisão, o Jardel, o André Almeida, o Jonas ou o Pizzi (para nomear, apenas, os que conquistaram mais títulos) sem ter ultrapassado momentos maus, em que vencer um título era garantidamente uma impossibilidade. Aliás, foi assim há dois anos – na primeira temporada de Rui Vitória – e a história está a repetir-se esta época. É por isso que os favoritismos não se anunciam, nem proclamam. Provam-se em campo, semana a semana. Esquecendo o que se passa na casa dos outros, desconsiderando os apelos descabelados à insurreição e considerando apenas um tipo de acção: garantir que, dentro do campo, jogamos o melhor futebol."

2 comentários:

  1. Surpreendentemente, nem por isso. Nunca duvidei. Nós preocupamo-nos connosco e os patetas ocuparam-se com tretas e o resultado era mais que sabido.


    Miguel

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